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Auditoria

- Publicada em 11 de Setembro de 2018 às 17:16

Projeto busca alavancar uso de tecnologia em pequenas e médias empresas de auditoria

Drones podem ser utilizados, por exemplo, para realizar a contagem de estoque em um armazém

Drones podem ser utilizados, por exemplo, para realizar a contagem de estoque em um armazém


MARCO QUINTANA/JC
Inteligência Artificial, Text Analytics (análise de dados), Blockchain (infraestrutura que garante maior segurança na transmissão de dados),  drones são algumas das tecnologias que têm recebido espaço nas firmas de auditoria e dividem espaço com preocupações com outros pontos intrínsecos às atividades, a exemplo dos relatórios dos auditores e as demonstrações contábeis e financeiras das organizações auditadas. Os temas foram pautados durante o principal encontro da profissão, a 8ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente do Ibracon, em junho, e replicados na semana passada durante o 6º seminário gaúcho do instituto.
Inteligência Artificial, Text Analytics (análise de dados), Blockchain (infraestrutura que garante maior segurança na transmissão de dados),  drones são algumas das tecnologias que têm recebido espaço nas firmas de auditoria e dividem espaço com preocupações com outros pontos intrínsecos às atividades, a exemplo dos relatórios dos auditores e as demonstrações contábeis e financeiras das organizações auditadas. Os temas foram pautados durante o principal encontro da profissão, a 8ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente do Ibracon, em junho, e replicados na semana passada durante o 6º seminário gaúcho do instituto.
As grandes firmas de auditoria no Brasil, também conhecidas como as Big Four, já vêm investindo na adoção de ferramentas de pontas e até mesmo na criação de softwares próprios. Elas já têm usado drones para, por exemplo, a auditoria dos estoques. A contagem de estoque em um armazém pode ser feita com grande exatidão em apenas dois dias com o auxílio de um drone. O mesmo trabalho sem essa tecnologia auxiliar envolveria uma equipe de auditoria de 80 pessoas com scanners de mão e empilhadeiras, e levaria não menos que três ou quatro dias para ficar pronto, apontam informações de especialistas.
Contudo, tecnologias como essa requerem investimentos que nem sempre as médias e pequenas firmas de auditoria podem fazer. Por isso, uma das grandes apostas do Ibracon tem sido alavancar projetos com custo mais acessível e criar grupos capazes de fazer investimentos coletivos para a implementação dessas novidades.
Em agosto foi realizado um encontro em São Paulo entre representantes do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), do Ibracon e de algumas pequenas e médias empresas de auditoria a fim de construir um projeto possível de ser desenvolvido por todas as organizações desses portes no Brasil. O convênio com a universidade norte-americana Rutgers Business School foi fortalecido durante a conferência nacional. A instituição de ensino vem se dedicando especialmente a pesquisas e ao desenvolvimento de tecnologias para o setor de auditoria e quer estreitar laços com o Brasil.
Por isso, uma equipe já constituída durante o encontro na capital paulista irá viajar, ao que tudo indica já esta semana, para os Estados Unidos a fim de dialogar e selecionar o que de fato está sendo feito na universidade e é aplicável à realidade brasileira, informou o presidente da 6ª Regional do Ibracon, no Rio Grande do Sul, Paulo Ricardo Pinto Alaniz. “Talvez a gente busque, após, uma universidade no Brasil que tenha características similares à Rutgers e que podem construir esse projeto em conjunto”, indica Alaniz.
“Nosso objetivo é caminhar de forma propositiva para que as PMEs possam enfrentar esses desafios. Sozinhas elas teriam dificuldade muito grande, principalmente por que tudo isso requer investimentos”, diz Alaniz. O passo seguinte será chamar as empresas interessadas no tema, que já compõem o grupo de trabalho de pequenas e médias empresas, para avaliar as sugestões e construir o projeto em conjunto.
O presidente do Ibracon complementou que o instituto vem realizando diferentes iniciativas para fortalecer as Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte (FAPMP). Sant’Anna ressaltou a contribuição que a nova plataforma de Ensino a Distância (EAD) do Ibracon, cujo curso de lançamento é voltado prioritariamente aos profissionais das FAPMP, poderá oferecer ao setor.

Prestação de serviços a cooperativas de crédito pode abrir novo nicho de mercado

Sant'Anna destaca vantagens para a profissão e o sistema financeiro

Sant'Anna destaca vantagens para a profissão e o sistema financeiro


/IBRACON/DIVULGAÇÃO/JC
Em dezembro de 2015, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que, até 2018, todas as cooperativas de crédito teriam de passar por um novo tipo de auditoria. Este segmento, sem fins lucrativos, mas um dos que mais crescem entre as instituições financeiras, podem representar um novo nicho a ser explorado pelos auditores independentes, sustenta o presidente do Ibracon, Francisco Sant'Anna.
A auditoria cooperativa tem o papel de verificar se as entidades cumprem as normas do Banco Central (BC) e ajuda o fundo garantidor das cooperativas de crédito a acompanhar a situação das instituições. A nova exigência foi dividida em etapas para adoção.
Em 2017, as confederações e as cooperativas de crédito plenas que operam nos três níveis - singulares (formadas por associados), centrais (cooperativas singulares) e confederações (cooperativas centrais) - tinham de implementar a auditoria cooperativa. A obrigação vem sendo gradualmente estendida a todas as cooperativas de crédito até 31 de dezembro de 2018.
Desde então, as empresas de auditoria independente capacitadas para prestar o serviço às cooperativas têm de se credenciar junto ao Banco Central para exercício da atividade. Os procedimentos a serem observados no processo de credenciamento de Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC) e de empresa de auditoria independente para a realização das atividades de auditoria cooperativa constam na Circula nº 3.790, de 5 de maior de 2016, do Banco Central.
De acordo com Sant'Anna, existe aí uma boa oportunidade para evoluir junto ao regulador e abrir espaço principalmente para as Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte (FAPMP) que atuam no Brasil. Segundo informações da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), estas instituições financeiras sem fins lucrativos reúnem mais de 9 milhões de cooperados, com ativos, em 2017, na ordem de R$ 220 bilhões, depósitos de R$ 103 bilhões e empréstimos de R$ 81 bilhões.
Elas estão presentes e devidamente estruturadas em aproximadamente 95% dos municípios, com mais de 5,5 mil pontos de atendimento. Em alguns municípios brasileiros a cooperativa de crédito é a única instituição financeira existente e desempenham papel importante no acesso a crédito.
"Essas instituições são exatamente o tipo de empresa que pode, pelo seu tamanho, ser plenamente atendidas por auditores independentes de pequeno e médio porte organizados. Isso seria muito bom para a nossa profissão e para a segurança do sistema financeiro", destaca Sant'Anna. Entretanto, ainda há um caminho a ser percorrido.
Apesar de estarem no guarda-chuva no BC e de terem de ser auditadas, elas podem passar apenas por auditoria interna. "O problema é que esse profissional não têm as mesmas exigências em termos de educação continuada que tem um auditor independente regulamentado", sustenta o presidente do Ibracon.

Contratos de seguros exigirão atualização dos profissionais

Cendón lembra que as normas passam por pesquisa

Cendón lembra que as normas passam por pesquisa


/FLÁVIO R. GUARNIERI/IBRACON/DIVULGAÇÃO/JC
Outro assunto que têm permeado os encontros de auditoria é o atual relatório do auditor. O novo conjunto de Normas Brasileiras de Contabilidade de Auditoria Independente (NBC TA) foi publicado em 2016 e há dois anos exige que o profissional se manifeste mais profundamente sobre os pontos observados através dos Principais Assuntos de Auditoria (PAAs).
Uma das principais novidades sobre o qual os profissionais têm de ficar de olho é a IFRS 17. Ela é mais uma das normas emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB) e compõe a série de orientações que vêm sendo criadas em âmbito internacional e implantadas em todo o mundo para criar paradigmas mais harmonizados de relatório nas nações que aderem às normas internacionais.
A IFRS 17 diz respeitos aos contratos de seguros em geral e, como salienta o diretor de Desenvolvimento Profissional, Tadeu Cendón Ferreira, vai além das seguradoras. A definição do que é um contrato de seguro terá de repensada, avisa Cendón, lembrando que todas as normas do IASB passam por um período de pesquisa e esta levou dois anos para ser publicada tamanha a complexidade do assunto. A norma deve entrar em vigor em 1 de janeiro de 2021.
Esta primeira norma IFRS verdadeiramente voltada para contratos de seguros objetiva contribuir com os investidores e outros stakeholders a melhor entender aspectos como exposição ao risco, rentabilidade e posição financeira. A IFRS 17 substitui a IFRS 4, apresentada em 2004 como uma norma interina.
Como a IFRS permitia a realização da contabilização de contratos de seguro usando normas contábeis nacionais, havia grande dificuldade para os investidores e stakeholders quanto à comparabilidade e análise das informações. "A IFRS 4 é muito vaga e o nível de informações exigidas é fraco." Com a implementação da IFRS 17 haverá um conjunto mais completo de camadas de conhecimento.

Riscos cibernéticos são maiores entre companhias de menor porte

Metade das empresas brasileiras sofreu algum tipo de crime econômico nos últimos dois anos, percentual semelhante ao verificado no mundo (49%), segundo a Global Economic Crime and Fraud Survey da PwC, que ouviu mais de 7,2 mil entrevistados em 123 países. De acordo com a pesquisa, o investimento das organizações no combate a estes crimes também cresceu.
Mais de 50% das empresas no Brasil e 42% no mundo aumentaram seu comprometimento financeiro para combate a estes delitos no último biênio. Para os próximos dois anos, 44% (global) dos entrevistados devem ampliar o combate a crimes econômicos.
Crime cibernético (22% no Brasil e 31% no mundo) e fraude contábil (22% no Brasil e 20% no mundo) aparecem na 4ª e 5ª posição no ranking dos principais tipos de crimes sofridos pelas empresas nos últimos 24 meses. Os primeiros foram fraude em compras (34% no Brasil e 22% no mundo), suborno ou corrupção (26% no Brasil e 25% no mundo) e fraude cometida pelo consumidor (24% no Brasil e 29% no mundo).
Mitigar o risco de crime cibernético está entre as grandes preocupações de todas as empresas de auditoria, independente do porte. Porém, no caso das FAPMP mais uma vez aparece a dificuldade em investir em equipamentos e em pessoal qualificado para se proteger.
O analista do Banco Central do Brasil, Ricardo Terranova Favalli, salienta que entre as médias e pequenas empresas de auditoria um grande problema enfrentado é a terceirização do serviço de tecnologia de informação ou outsourcing. "O Banco Central já definiu, por exemplo, que vai querer saber onde estão as informações das organizações, principalmente as auditadas. Não bastará dizer que está na nuvem, vamos querer saber onde exatamente", alerta Favalli.