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Alimentos

- Publicada em 16 de Maio de 2022 às 03:00

Empresas de fast food contestam acusações de propaganda enganosa

 Ao todo, são 3 mil novos postos em todo o País

Ao todo, são 3 mil novos postos em todo o País


MARCO QUINTANA/arquivo/JC
Os representantes brasileiros das redes de fast food McDonald's e Burger King enviaram, ao Senado Federal, cartas na qual rebatem a acusação de propaganda enganosa com os seus sanduíches (respectivamente, o McPicanha e o Whopper Costela). As empresas afirmam que sempre deixaram claro para os consumidores qual era a composição das carnes usadas.
Os representantes brasileiros das redes de fast food McDonald's e Burger King enviaram, ao Senado Federal, cartas na qual rebatem a acusação de propaganda enganosa com os seus sanduíches (respectivamente, o McPicanha e o Whopper Costela). As empresas afirmam que sempre deixaram claro para os consumidores qual era a composição das carnes usadas.
O McDonald's foi além e afirmou que os brasileiros estão acostumados a consumir e comprar produtos cujos nomes não remetem necessariamente à sua composição. "O consumidor brasileiro está acostumado a adquirir produtos que sejam identificados por nomes que remetam ao sabor, ao aroma e à experiência que oferecem, e não necessariamente à sua composição", afirma trecho da carta, obtida pela reportagem da Folhapress.
A empresa afirma ainda que o uso de um molho com esse sabor específico de picanha adicionava mais sabor ao sanduíche do que o uso da carne propriamente. Ainda acrescenta que, ao moer a carne de picanha para produzir o hambúrguer, a mesma perde a maior parte de suas propriedades, não transferindo ao hambúrguer o seu sabor característico.
Representantes das duas redes de fast food foram convidados a participar de audiência no Senado Federal na quinta-feira para explicarem os casos. Tanto os responsáveis pelo McDonald's no Brasil como pelo Burger King, no entanto, avisaram que não iriam comparecer e resolveram enviar cartas com as suas justificativas.
No fim de abril, o Ministério da Justiça notificou o McDonald's após a rede confirmar publicamente que os lanches de sua recém-lançada linha de McPicanha não são feitos com picanha. O sanduíche, na verdade, é feito com um molho aromatizado.
Consumidores apresentaram reclamações nas redes sociais, a ponto de a rede chegar a retirar o sanduíche do cardápio em todo o país. Dias depois, no entanto, anunciou que ele seria reincorporado, mas com um novo nome. Em vídeo em sua página no Instagram, o gigante do fast food disse que "vacilou" ao escolher o nome do sanduíche.
Dias depois, foi a vez do Burger King se ver envolvido em polêmica semelhante. No dia 2 de maio, o Procon do Distrito Federal suspendeu a venda na capital federal do lanche Whopper Costela, que não contém costela. O Burger King afirma que o hambúrguer é feito com paleta suína e tem "aroma natural de costela".
No texto enviado ao Senado, a Arcos Dourados, dona do McDonald's no Brasil, reforça que suspendeu a venda dos sanduíches da série "Novos McPicanha" tão logo verificou a polêmica. Disse que agiu com "boa-fé e transparência" tanto no desenvolvimento dos produtos quando na veiculação das campanhas de publicidade.
"Os sanduíches dessa nova linha foram desenvolvidos para conter, além do hambúrguer de carne 100% bovina, produzido com cortes selecionados, com o maior tamanho oferecido pela empresa, um exclusivo molho, sabor picanha (com aroma natural de picanha desenvolvido pela Kerry do Brasil) para trazer aos consumidores uma experiência ainda mais intensa do sabor da picanha brasileira", afirma.
A representante do McDonald's acrescenta que as explicações de que se tratava de um hambúrguer bovino com molho sabor picanha estavam em todas as peças publicitárias e mesmo na embalagem do sanduíche. E conclui que os consumidores brasileiros estão acostumados com esse tipo de prática.
"Há décadas são comercializados no Brasil produtos que levam no nome o sabor ou o aroma que ostentam, mas que não necessariamente contêm a matéria-prima que origina esse sabor, em sua composição. Cumpre destacar ainda que, especialmente a menção a sabores, é uma prática absolutamente comum, com a qual os consumidores estão amplamente habituados".

BK Brasil diz que repercussão foi "anormal"

Empresa trocou nome de sanduíche para Whopper Paleta Suína

Empresa trocou nome de sanduíche para Whopper Paleta Suína


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
A BK Brasil, máster franqueada no Brasil da marca Burger King, também ressaltou que a composição do sanduíche Whopper Costela sempre foi de conhecimento dos consumidores e das autoridades brasileiras. Citou que o lanche foi registrado no "Ministério do Meio Ambiente, Agricultura e Pecuária" - na verdade seriam duas pastas, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Estaria informado para as autoridades, portanto, que o hambúrguer é composto de 95% de carne suína e o restante são ingredientes de tempero. "Esclarece-se que o hambúrguer do Whopper Costela por carne suína com aroma - e sabor - de costela de porco. Essa informação durante todo o tempo de comercialização foi clara e disponível ao consumidor: o sabor era de costela, não o corte da carne de costela", afirma trecho da carta enviada ao Senado.
A empresa ainda esclarece que vários produtos do setor alimentício qualificam seus sabores sem conter a matéria-prima correspondente. Cita como exemplo sorvete de sabor morango que não contém a fruta. A BK Brasil ainda afirma que a repercussão foi "anormal" e "injustificada" e que provocou um "frenesi" na busca por alguns consumidores a nomes de produtos ou alegações de propaganda que não condiziam com os ingredientes in natura.
A empresa também acrescenta que trocou o nome do sanduíche para Whopper Paleta Suína em nome da transparência e por sua política de manter um diálogo perene com os seus consumidores. "Por isso, longe de caracterizar confissão de culpa ou assunção de responsabilidade, BK Brasil tomou essa decisão em respeito ao consumidor", afirma o texto remetido ao Senado.

Queixas de consumidores aumentam em site

Nos últimos seis meses, entre novembro de 2021 e abril deste ano, o Burger King liderou o ranking das reclamações de propaganda enganosa entre as redes de fast-food no Brasil, com 525 queixas, seguido pelo concorrente McDonald's, com 400 reclamações, aponta o levantamento do site Reclame Aqui.
Edu Neves, presidente do site e responsável pela pesquisa, diz que as queixas de propaganda enganosa se aceleraram em abril, depois dos episódios do McDonald's e do Burger King. "O consumidor já vinha reclamando, mas talvez ele não estivesse atento a isso."
Procurado, o Burger King contestou o levantamento do site. Por meio de nota, a empresa informou que, "entre as marcas do setor, é a segunda mais bem avaliada pelo Reclame Aqui nos últimos seis meses e tem índice de solução de reclamações próximo a 80% no período, enquanto o índice médio da categoria é de aproximadamente 64%". O Burger King acrescentou que "investe constantemente no aprimoramento de seus produtos e serviços e na busca por soluções que proporcionem experiências cada vez mais positivas para seus clientes".
O McDonald's informou, por meio de nota, que "a marca tem a satisfação do cliente como prioridade e as comunicações dos consumidores, pelos diferentes meios de contato, são apuradas para contribuir com a melhoria de nossos serviços".