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reportagem especial

- Publicada em 24 de Outubro de 2021 às 14:00

100 anos do Porto de Porto Alegre: da movimentação de cargas à cultura e lazer

Porto fluvial, que já teve três cais para a movimentação de cargas, hoje só possui um, o Navegantes

Porto fluvial, que já teve três cais para a movimentação de cargas, hoje só possui um, o Navegantes


IVO GONÇALVES/PMPA/JC
Ponto de partida para o desenvolvimento da Porto Alegre que conhecemos hoje, o Porto da Capital completou 100 anos de existência em 1º de agosto de 2021. Apesar da mudança de perfil econômico e cultural da cidade ao longo das décadas, o Porto de Porto Alegre continua exercendo um papel significativo no que concerne à identidade urbana. Além disso, devido à privilegiada localização geográfica da Capital frente aos países vizinhos Argentina e Uruguai e a Rio Grande, que detém o principal porto marítimo do Estado, o atraque de navios no Guaíba com fins comerciais permanece a pleno vapor.
Ponto de partida para o desenvolvimento da Porto Alegre que conhecemos hoje, o Porto da Capital completou 100 anos de existência em 1º de agosto de 2021. Apesar da mudança de perfil econômico e cultural da cidade ao longo das décadas, o Porto de Porto Alegre continua exercendo um papel significativo no que concerne à identidade urbana. Além disso, devido à privilegiada localização geográfica da Capital frente aos países vizinhos Argentina e Uruguai e a Rio Grande, que detém o principal porto marítimo do Estado, o atraque de navios no Guaíba com fins comerciais permanece a pleno vapor.
Com características fluviais, o porto de Porto Alegre, que já teve à disposição três cais para a movimentação de cargas, hoje só possui um, o Navegantes. O Cais Mauá, desativado em 2005 como porto, é palco de investimentos empresariais na abertura de restaurantes e empreendimentos. Já o Cais Marcílio Dias, localizado próximo à ponte do Guaíba, recebe operações de pequeno porte, ou seja, não contempla embarcações como navios a vapor.

De acordo com dados disponibilizados pela Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul, autarquia que passou a operar os três principais portos do Estado - Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre - com a extinção da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), foram transportadas 616.743 toneladas de cargas de janeiro a julho no Porto da Capital.
Entre as cargas mais movimentadas, fertilizantes ocuparam a primeira posição (449.609 mil toneladas), seguidos por cevada (93.535 mil toneladas), trigo (38.554 mil toneladas), sal (20.280 mil toneladas) e demais tipos de cargas (14.775 mil toneladas). Apesar da pandemia do novo coronavírus, fevereiro e abril de 2021 foram os únicos meses deste período que apresentaram queda na comparação com os mesmos meses do ano passado. Em suma, houve uma alta de 24,32% na movimentação de cargas nos sete primeiros meses de 2021 se comparado a igual período de 2020.
Isoladamente, os números podem aparentar um cenário extremamente positivo. Contudo, a verdade é que segundo os especialistas ouvidos pela reportagem do Jornal do Comércio, há uma série de limitações que dificultam o funcionamento mais amplo da atividade portuária na maior cidade do Rio Grande do Sul.
"Porto Alegre é importante (como Porto), mas tem que melhorar o acesso, principalmente a hidrovia que vem de Rio Grande, em termos de calado e segurança, para possibilitar uma navegação 24 horas", ressalta o ex-presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) e presidente da Hidrovias RS, Wilem Manteli. O calado consiste na distância vertical entre a parte inferior da quilha de um navio até a superfície da água. Enquanto o porto de Rio Grande comporta embarcações com calados entre 18m e 15m, Porto Alegre recebe navios menores, cujos calados variam entre 5m e 7m, em média.
Manteli também fala em "retrocesso" o fato de Porto Alegre não possuir navegação noturna, o que deixa os navios atracados à noite, limitando-os a uma operação durante o dia. Na opinião do executivo, uma das formas de se viabilizar a navegação noturna é "melhorar o balizamento para maior segurança das embarcações".
A falta de navegação noturna também é apontada como um dos déficits do Porto de Porto Alegre por Bruno Almeida, diretor de Portos Interiores da PortosRS, responsável por gerenciar os portos da capital gaúcha e Pelotas. Ao encontro do que foi destacado pelo presidente da Hidrovias RS, Almeida cita a "viabilização da navegação noturna no lago Guaíba", como um processo que trará "enorme benefício às operações portuárias, que ganha em rapidez e redução de custos logísticos".

Área total do terminal é composta por 25 armazéns

São 8 km de cais acostáveis, 25 armazéns e 450.000 m² de área que compõem o Porto de Porto Alegre, considerando os três cais: Navegantes, Marcílio Dias e Mauá. Se apenas o Cais Navegantes for considerado, ao passo que é o único em operação desde 2005, são 3.268 m de extensão, com um calado de 5,18 m. Na sua origem, era um porto de saneamento. Atualmente, permite a operação simultânea de 3 navios de longo curso.
"O Cais Navegantes abriga todas as operações de carga e descarga do porto, inclusive navios internacionais, possuindo áreas para arrendamento portuários e constituição de instalações portuárias. O Cais Marcílio Dias abriga a Marinha do Brasil, Brigada Ambiental, e clubes náuticos, havendo uma área para instalação de terminal portuário", sintetiza Almeida.
Essa distinção entre o que constitui cada cais se faz importante à medida que existe um senso comum de os porto-alegrenses acharem que o porto fluvial de Porto Alegre é o Cais Mauá. Entretanto, com a ressignificação do espaço, que possui o empreendimento Cais Embarcadero, voltado para cultura, gastronomia e lazer, o Mauá possui um apelo totalmente diferente, direcionado ao patrimônio histórico e cultural.
 

Tornar o porto mais conhecido entre a população representa um desafio

Conhecimento maior sobre a área pode ajudara compreender a importância do porto

Conhecimento maior sobre a área pode ajudara compreender a importância do porto


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Fazer o Porto de Porto Alegre ser mais conhecido entre a população é uma das bandeiras de Wilem Manteli, da ABTP, que afirma ser essencial as pessoas entenderem o potencial que a malha hidroviária da Capital possui. Ele defende, por exemplo, que universidades realizem excursões com alunos no intuito de valorizarem mais o sistema portuário do Estado.
Paulo Moreira, diretor do Órgão de Gestão de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto Organizado de Porto Alegre (Ogmopoa), também concorda com a afirmação de que a população conhece pouco o porto marítimo de Porto Alegre.
Diretor desde 2012 do Ogmopoa, órgão responsável por gerir as relações de trabalho dos operadores portuários, Moreira brinca que o Ogmopoa é uma espécie de "Recursos Humanos" dos trabalhadores do Porto da Capital. Cada porto possui seu respectivo "Ogmo", que centraliza as demandas de sindicatos das classes que atuam como trabalhadores portuários. Em suma, o Ogmopoa é responsável por habilitar esses profissionais, que são necessários de acordo com a demanda exigida.
O diretor resume o processo complexo. "Quando um navio chega aqui, o recebedor da carga nomeia quem é que vai receber a descarga deste navio. O operador portuário, que é um dos associados do Ogmopoa, vai fazer a requisição de mão de obra e, com base nisso, fazemos uma abertura das ofertas de trabalhos para as categorias dos trabalhadores registrados no órgão". Para cada operação, são requisitados profissionais que atuam como estivadores, conferentes de carga e descarga e no serviço de capatazia.
A legislação que rege a atividade portuária descreve a capatazia como uma atividade "de movimentação de mercadorias nas instalações dentro do porto, compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para a conferência aduaneira".
Na Capital, o número de capatazes vinculados ao Ogmopoa é de 32. A estiva, cuja demanda é a mais requisitada, envolve a "movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das embarcações principais ou auxiliares, incluindo o transbordo, arrumação, peação e despeação". Como acrescenta Moreira, os estivadores trabalham apenas a bordo, sem pisar na superfície. Em Porto Alegre, existem 65 estivadores cadastrados no Ogmopoa. Já a função de conferente de carga e descarga, que possui 26 profissionais habilitados no órgão, consiste na "contagem de volumes, anotação de suas características, procedência ou destino, verificação do estado das mercadorias".
A cada ano que passa, o Ogmopoa realiza cursos de especialização para as funções de estiva, conferente e capatazia. Em 2015 e 2017, houve concurso público a fim de promover os profissionais que buscavam uma dessas três ocupações. O Porto de Porto Alegre ainda possui dois vigias vinculados ao órgão, mas é um cargo que, nas palavras do diretor, "está em extinção", porque hoje o Porto da Capital "já implantou um esquema voltado à segurança", sem a necessidade, portanto, da categoria.
Por ser o grupo mais requisitado no trabalho portuário, o estivador, consequentemente, acaba sendo o que trabalha mais dias durante o ano. Conforme números disponibilizados pelo diretor do Ogmopoa, a estiva foi demandada por 169 dias em 2018, 209 dias no ano seguinte e 180 dias em 2020. Quanto à quantidade de embarcações que passaram pelo atendimento do órgão em cada um desses anos, foram 82 navios em 2018, 104 em 2019 e 87 em 2020. Entretanto, é importante ressaltar que a estatística completa, com o número total de embarcações que atracaram em Porto Alegre, é fornecida pela Superintendência dos Portos, uma vez que os navios que participaram de operações de cunho privado também são contabilizados, ao contrário do Ogmo.

Gestão da PortosRS garante mais independência ao setor

Fernando Estima acredita que mudança permitirá uma gestão mais profissional

Fernando Estima acredita que mudança permitirá uma gestão mais profissional


porto rio grande/divulgação/jc
Em 14 de setembro de 2021, a Assembleia Legislativa do Estado deu um passo significativo na retomada de investimentos dos três portos marítimos do Rio Grande do Sul. Por 48 votos favoráveis a nenhum contrário, o parlamento gaúcho aprovou a mudança da natureza jurídica da Superintendência dos Portos, também chamada de Portos RS, de autarquia para empresa pública. Na prática, a gestão da Portos RS ganha mais independência, e "passará a ser um órgão de estado, e não de governo", como salienta Manteli.
A troca para empresa pública, autorizada pelo projeto de lei nº 230/2021, deverá acontecer no final de 2021, início de 2022. Para Fernando Estima, superintendente da PortosRS, "isso permite que, definitivamente, o caixa do Porto fique com o Porto" e que haja uma "administração mais profissional" da operação. "A implantação da empresa pública está prevista para a virada do ano. Nós temos três meses para nos adequarmos e queremos abrir a gestão do próximo ano com a nova empresa, denominada Portos RS, que cuidará de toda a hidrovia, os três portos públicos, além da relação com os demais terminais concedidos e os terminais de uso privado", revela Estima, em nota.
A troca de autarquia para empresa pública também é vista com bons olhos pelo presidente da Hidrovias RS e da ABTP, Wilem Manteli. "Neste momento em que o governo está revendo a autarquia, para Porto Alegre é muito importante. O que eu defendo é uma descentralização, porque tem muitas autoridades federais e estaduais que interferem nas atividades portuárias".
A aprovação por unanimidade da Assembleia, somada às opiniões ouvidas pela reportagem, pode indicar um cenário mais positivo para a Capital no que diz respeito à retomada de investimentos no Porto. Ainda que a localização geográfica favoreça Porto Alegre como malha hidroviária, a perspectiva é outra, já sendo uma realidade parte dela: o Cais Embarcadero. O espaço fica no Cais Mauá e possui uma proposta que deve ganhar ainda mais corpo nos próximos anos. A tônica é dada por Estima. "Estreitar ainda mais as relações entre os porto-alegrenses e gaúchos com este patrimônio público mostra a nova identidade para os próximos 100 anos."

Centro da Capital acompanha desenvolvimento do porto

No início do século XX, entrada da cidade era prioritariamente realizada pela área portuária

No início do século XX, entrada da cidade era prioritariamente realizada pela área portuária


portosrs/divulgação/jc
"A identidade urbana refere-se às características próprias de uma cidade. Isso quer dizer tanto da sua formação urbanística, como ruas e forma da cidade, quanto de caráter econômico e cultural. Tudo isso está ligado ao porto, à função portuária, tanto é que está no nome da cidade", informa o professor de História da Pucrs, Charles Monteiro.
O processo de aterro, que consistiu no recolhimento de areia do Guaíba e o aumento da extensão da faixa da superfície, entre o final do século XIX e começo do século XX, marca a história de Porto Alegre, como define o professor. O aterro era realizado através de resíduos de terra, lixos, fragmentos de cerâmica, vidro e ferro, entre outros, com intuito de avançar sobre o Guaíba e acelerar o crescimento da Capital.
A inauguração do Mercado Público, em 1864, seguida da construção dos Cais das Frutas e do Carvão, ao lado do mercado, simbolizam a preocupação em estimular economicamente a região do Centro Histórico, a parte mais importante da cidade naquela época. E o Porto desempenha um papel crucial nisso tudo, uma vez que ele era a principal razão da transformação urbana pela qual a cidade passava.
Já no início do século XX, mais especificamente em 1910, as obras do Porto Marítimo da Capital tiveram início, sob o governo de Carlos Barbosa. Onze anos depois, elas foram concluídas. Naquele momento, o Porto apresentava um prédio administrativo, armazéns de estrutura metálica e o tradicional pórtico de entrada. Em 1949 e 1956, os Cais Navegantes e Marcílio Dias, respectivamente, foram inaugurados.
O historiador da Pucrs afirma que o período mais próspero do Porto de Porto Alegre foi entre a década de 1910 e os anos 1950. No início do século, a entrada da cidade era prioritariamente realizada pelo porto. Ele explica que foi o período onde houve maior investimento público na área e que os principais meios de transporte do Brasil eram hidrovias e ferrovias, com esta última ganhando força a partir de 1930, com Getúlio Vargas como presidente. Junto com a atenção dada à malha hidroviária, estava o Centro Histórico de Porto Alegre, que acompanhou esse processo.
"Entre 1924 e 1927, se constitui a avenida Júlio de Castilhos, que seria a nossa avenida central, na comparação com o Rio de Janeiro, que tem a Rio Branco. Super iluminada, uma das mais largas até hoje (da Capital). Ela foi construída ali mostrando que era um dos espaços mais privilegiados da cidade", ressalta Monteiro. Ele também lembra que, até os anos 1950, continuou-se navegando de barco até a Europa, em uma rota que envolvia Rio Grande, Santos e o Velho Continente.
 

Terminal chegou a ser o quarto maior do Brasil

Logo que o porto de Rio Grande começou a operar, o Porto de Porto Alegre chegou a ser o quarto maior do Brasil, segundo o presidente da Hidrovias RS, Wilem Manteli. A sua derrocada, contudo, acontece de forma mais efetiva a partir dos anos 50, no momento em que a malha rodoviária começa a prevalecer como principal meio de transporte brasileiro, com o seu crescimento sendo estimulado pelo então mandatário da República, Juscelino Kubitschek. "A decadência das atividades portuárias está diretamente ligada à mudança da matriz de transporte, que passou de portos e trens para rodovias", contextualiza o professor Charles Monteiro, da Pucrs.
Ao passo que as hidrovias passam a ter um papel coadjuvante no Brasil, o Centro Histórico da Capital entra em declínio. Entre os anos 70 e 90, é taxado como violento e inseguro, sendo esse o seu período mais crítico, em que Porto Alegre vivencia uma mudança de ocupação do espaço público. Entretanto, nos anos 90, há uma revitalização do Centro Histórico, com a criação de espaços culturais e a vinda da Bienal do Mercosul em 1996. A região é vista como uma oportunidade para empreendimentos voltados à gastronomia, cultural e lazer.
A história do Centro da Capital acompanha a história do Porto. Questionado se o futuro reserva um retorno à valorização das operações portuárias de Porto Alegre, no que concerne à movimentação de cargas de navios, Monteiro enfatiza: "A possibilidade do Porto voltar a ser importante como transporte existe, mas depende de uma diversificação da matriz do transporte brasileiro. Acho que existe espaço para o Porto, mas ainda vai demorar um tempo. Acredito que num marco de 20 a 30 anos".

Cais Embarcadero: conexão com a vida pulsante da cidade

Com empreendimentos de lazer, local permite contato mais próximo das pessoas com o Guaíba

Com empreendimentos de lazer, local permite contato mais próximo das pessoas com o Guaíba


MARIANA ALVES/JC
Iniciada com as obras de revitalização na orla do Guaíba, a guinada da prefeitura da Capital na busca de aproximar os porto-alegrenses cada vez mais do lago representa um novo momento da identidade urbana da cidade. A maior pista de skate da América Latina, recentemente testada e aprovada por quem conhece o esporte, já ocupa o trecho 3 da orla, que vai do Arroio Dilúvio até o clube Parque Gigante. Em 2018, a orla Moacyr Scliar, que compreende o espaço da Usina do Gasômetro até a Rótula das Cuias, foi pioneira neste processo.
O Cais Embarcadero é mais um empreendimento cuja motivação é a aproximação das pessoas com o Guaíba. O professor de História da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Charles Monteiro, brinca com a situação, dizendo que apesar de os porto-alegrenses falarem mal do Guaíba, também gostam muito dele. O Embarcadero, nada mais é, do que um reflexo de que os tempos são outros, e que, portanto, a prioridade é enxergar o Porto de Porto Alegre sob a ótica de investimentos em cultura, lazer, comércio, gastronomia e uma área náutica voltada ao esporte e recreio.
O espaço, cuja inauguração estava prevista para o aniversário de 249 anos de Porto Alegre, celebrado em 26 de março de 2021, acabou tendo a data alterada em função da piora da pandemia. Pouco mais de um mês após a data original, o Embarcadero abriu nos moldes do que os empreendedores chamam de soft opening - abertura mais controlada, com o fluxo de visitantes limitado.
Empreendimentos gastronômicos são maioria no local. Em janeiro de 2021, um acordo entre governo do Estado, Portos RS e Embarcadero Empreendimentos decretou que a empresa ficará responsável pelo uso oneroso do imóvel por 5,5 anos ou até a conclusão do projeto que envolve a área portuária da Capital.
Na visão de Charles Monteiro, docente de história da Pucrs, a priorização do Porto de Porto Alegre como espaço de turismo e lazer em detrimento da sua funcionalidade como porto operacional é uma tendência. "Agora, há uma nova função do Porto, que continua tendo uma função de identidade da cidade. Junto com as obras que têm sido feitas na orla, tem sido uma tentativa de ser um atrativo turístico. Está se começando uma série de atividades, com outra dinâmica. A história do Porto está sempre ligada à urbanização da cidade", frisa.
A certeza que fica é que o Cais Mauá não voltará a ser utilizado como porto operacional de Porto Alegre tão cedo. A movimentação de cargas seguirá acontecendo pelo Cais Navegantes, único em funcionamento há 16 anos. Entretanto, a boa localização geográfica frente aos demais países do Mercosul e ao Porto de Rio Grande configura uma vantagem competitiva.
 

*Lourenço Moreira Marchesan é jornalista formado pela Pucrs. Passou pela redação do Jornal do Comércio e hoje trabalha como freelancer e produtor na RDC TV