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Empresas & Negócios

- Publicada em 16 de Outubro de 2021 às 10:00

Estaleiro Rio Grande busca diversificação das atividades e prevê venda em 15 anos

Diretor-geral da Ecovix informa que outros trabalhos estão bem encaminhados no estaleiro do Sul gaúcho

Diretor-geral da Ecovix informa que outros trabalhos estão bem encaminhados no estaleiro do Sul gaúcho


ECOVIX/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Apesar de ainda estar longe das vultosas encomendas de cascos de plataforma de petróleo e dos milhares de empregos gerados por essas demandas na década passada, o Estaleiro Rio Grande segue se reestruturando, ampliando atividades e evitando a ociosidade. O diretor-geral da Ecovix (empresa responsável pelo complexo na Metade Sul gaúcha), Robson Passos, informa que, além do recente contrato de reparos no navio Siem Helix I, outros trabalhos estão bem encaminhados para serem confirmados em um futuro próximo. Essa retomada do complexo, que passa por um processo de recuperação judicial, deverá valorizar o ativo, preparando-o para a sua venda daqui a 15 anos.
Apesar de ainda estar longe das vultosas encomendas de cascos de plataforma de petróleo e dos milhares de empregos gerados por essas demandas na década passada, o Estaleiro Rio Grande segue se reestruturando, ampliando atividades e evitando a ociosidade. O diretor-geral da Ecovix (empresa responsável pelo complexo na Metade Sul gaúcha), Robson Passos, informa que, além do recente contrato de reparos no navio Siem Helix I, outros trabalhos estão bem encaminhados para serem confirmados em um futuro próximo. Essa retomada do complexo, que passa por um processo de recuperação judicial, deverá valorizar o ativo, preparando-o para a sua venda daqui a 15 anos.
Empresas & Negócios - Como está se desenvolvendo atualmente o processo de recuperação judicial do Estaleiro Rio Grande?
Robson Passos - A medida tem como principal objetivo a reestruturação financeira e reerguimento da empresa. É um processo importante para nós, porque da forma que ele vem sendo conduzido traz segurança jurídica para a companhia desenvolver novos negócios. É uma ação em andamento e a intenção da empresa é passar um período reestruturando o estaleiro, envolvendo novos negócios, para uma venda no futuro, mas a venda não seria feita a curto prazo.
E&N - Em quanto tempo aproximadamente se projeta a alienação do complexo?
Passos - A expectativa de venda é em 15 anos, após esse novo plano de negócios estar bem implementado, com todas as diversificações de atividades que estamos buscando. Os nossos estudos apontam que o valor máximo de venda acontece no 15º ano e, lógico, com a alienação com o maior valor possível, se consegue fazer o pagamento dos credores.
E&N - No final de setembro, o estaleiro passou por uma inspeção judicial, qual a finalidade dessa ação?
Passos - Foi uma inspeção de rotina. O Poder Judiciário tem por hábito fazer essas inspeções como uma forma de acompanhar a recuperação judicial. A juíza (Fabiana Gaier Baldino) e o Ministério Público demonstraram satisfação no reerguimento da empresa, em que pese a complexidade e as dificuldades no processo de recuperação judicial.
E&N - Em outubro, deixou o estaleiro a embarcação Siem Helix I (pertencente à norueguesa Siem), que chegou no dia 28 de agosto para fazer reparos. Que trabalhos foram contratados?
Passos - Todo o navio tem a obrigação de fazer um reparo a cada cinco anos. Os serviços que foram feitos envolvem o jateamento e a pintura do casco, até trabalhos na propulsão, nos motores do navio, além de outras ações internas. É um reparo bastante significativo por ser o primeiro (no estaleiro), é um marco da entrada da Ecovix nessa área.
E&N - Quantos trabalhadores foram mobilizados para os serviços no Siem Helix I?
Passos - Foram em torno de 500 funcionários mobilizados para esse reparo. Vale destacar que, além desse efetivo direto, a cidade recebe empresas especializadas contratadas pelo proprietário do navio para determinados serviços mais complexos. Isso acaba gerando um impacto positivo no município, com uma alta ocupação de hotéis e restaurantes, aciona outra cadeia que é uma espécie de turismo de negócios.
E&N - O estaleiro já tem a perspectiva de novas encomendas?
Passos - Sim. Além do Siem Helix I, nós temos negociações avançadas para fazer reparos no Siem Helix II e para o navio Seven Waves, da Subsea 7.
E&N - Quando essas outras embarcações devem chegar a Rio Grande?
Passos - O Seven Waves deve entrar no início de dezembro e sair antes do final de janeiro e o Siem Helix II deve chegar no fim de janeiro e sair em cerca de 45 dias.
E&N - Confirmando a demanda dessas próximas embarcações, qual a estimativa de postos de trabalho a serem gerados?
Passos - Para esses reparos, por serem de certa forma bastante parecidos com os do primeiro navio, a ideia é a manutenção dos empregos gerados, obviamente pode haver um complemento de mão de obra ou rodízio, mas a perspectiva é a manutenção desses postos de trabalho nos próximos seis meses.
E&N - O reparo de embarcações não era a destinação original do estaleiro, correto?
Passos - O estaleiro foi concebido para construir cascos de navios. Após a crise do mercado naval, nós buscamos diversificar a atuação e ingressamos no segmento de reparos.
E&N - Há a expectativa da retomada das encomendas das plataformas de petróleo para a indústria naval brasileira ou essa é uma realidade distante?
Passos - A gente sabe que a construção naval é uma política de governo, uma política de Estado. Em todos os países onde os estaleiros deram certo, no início, eles foram de certa forma subsidiados e amparados pelo governo. Aqui no Brasil, no começo, teve esse aquecimento do mercado da construção naval, mas logo em seguida, em meados de 2015 e 2016, houve um grande declínio, principalmente, pelas questões da Lava Jato, da queda do preço do barril do petróleo e da decisão da Petrobras pelo desinvestimento, então tudo isso impactou muito fortemente.
E&N - E qual o peso da redução do percentual de exigência de conteúdo local (obrigatoriedade de que alguns serviços sejam prestados por empresas brasileiras) nas encomendas oriundas da Petrobras?
Passos - Essa foi a pá de cal no mercado nacional de construção naval. A redução de 75% para 25% significou que os navios que eram feitos aqui passassem a ser construídos lá fora. Para mudar isso, só mesmo o interesse do governo em destinar as construções das plataformas da Petrobras para dentro dos estaleiros do Brasil. Nós sempre temos essa expectativa, de que a vontade do governo mude e se entenda a importância do mercado de construção naval como uma fonte geradora de empregos. Mas, estamos trabalhando com os pés no chão, neste momento não consideramos uma mudança.
E&N - É possível atender a demandas de empresas estrangeiras que vençam licitações da Petrobras?
Passos - Com a mudança do conteúdo local, para os 25%, os cascos (das plataformas) não são mais feitos aqui no Brasil. Porém, esses 25% possibilitam atender às empresas que constroem os cascos lá fora, fabricando módulos desses navios FPSOs (unidades flutuantes que produzem e armazenam petróleo). É o mercado que pode ser explorado pelos estaleiros (brasileiros).
E&N - Recentemente, o Estaleiro Rio Grande, em parceria com a empresa chilena Asmar, entrou na disputa pela construção de um navio antártico, solicitado pela Marinha brasileira, porém acabou desistindo. O que se aproveitou da experiência?
Passos - Nesse processo tivemos algumas exigências da licitação que não conseguimos cumprir, mas foi um primeiro passo de inserção da empresa para voltar a apresentar propostas e orçamento para o mercado. Foi muito importante porque fomos atrás de uma série de certificações e documentos que nos prepararam para os próximos processos competitivos. Foi o primeiro procedimento de construção de navio que a gente participou após a recuperação judicial.
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