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Empresas & Negócios

- Publicada em 25 de Setembro de 2021 às 14:00

CRDC aposta no potencial do agronegócio para crescer

Ivan Lopes diz que recuperação é sentida desde o início deste ano

Ivan Lopes diz que recuperação é sentida desde o início deste ano


rubia garcia lopes/divulgação/jc
Jefferson Klein
A Central de Registros de Direitos Creditórios (CRDC), uma infraestrutura do mercado financeiro que atua com escrituradora e registradora, tem como função ser uma facilitadora entre agentes financeiros e empreendedores que buscam crédito com base em recebíveis (recursos que ingressarão em uma companhia pela venda de seus produtos ou serviços). Com esse novo ambiente da economia, após os impactos da pandemia de coronavírus, além da operação com duplicatas (títulos de crédito), o CEO da CRDC, Ivan Lopes, vê potencial para movimentações na área do agronegócio.
A Central de Registros de Direitos Creditórios (CRDC), uma infraestrutura do mercado financeiro que atua com escrituradora e registradora, tem como função ser uma facilitadora entre agentes financeiros e empreendedores que buscam crédito com base em recebíveis (recursos que ingressarão em uma companhia pela venda de seus produtos ou serviços). Com esse novo ambiente da economia, após os impactos da pandemia de coronavírus, além da operação com duplicatas (títulos de crédito), o CEO da CRDC, Ivan Lopes, vê potencial para movimentações na área do agronegócio.
Empresas & Negócios (E&N) - Como surgiu a CRDC?
Ivan Lopes - Resumindo a nossa história, a gente começou em 2016 com essa missão de ajudar o ambiente de crédito nacional para o pequeno e microempreendedor. Como podemos fazer isso? Sendo uma registradora, para que esse empreendedor possa registrar e escriturar sua duplicata, gerando mais visibilidade e opções para a compra dessas duplicatas.
E&N - Além das duplicatas, em que outras áreas a CRDC atua?
Lopes - Atuamos também no agronegócio. Existe uma lei recente, que é a 13.986, de 2020, que determinou a obrigatoriedade de registro da cédula de produto rural (CPR - um título que pode ser emitido por produtores rurais, suas cooperativas e associações, com a finalidade de obtenção de recursos para desenvolver sua produção ou empreendimento). A partir de 2021, as CPRs acima de R$ 250 mil, todas elas, têm que ser registradas. Estamos em um processo bastante avançado, no Banco Central, para sermos autorizados a registrar esse título. Nós já temos uma operação grande de originação desses títulos, ligados a cooperativas agrícolas. Esse é um mercado muito importante.
E&N - Qual seria a função da CRDC em relação às CPRs?
Lopes - As CPRs são instrumentos que fomentam o médio e o pequeno produtor rural, pois através desse título é que ele se financia. O papel da CRDC nisso é garantir que o título existe, que está registrado, para dar conforto ao investidor para que ele faça operações com esses produtores rurais que hoje têm restrições de financiamento. Segue o conceito das duplicatas e é uma forma do mercado privado trazer mais soluções de oferta de crédito para esse mundo do agronegócio. Esse mercado de agro vai se reinventar, vai passar por uma transformação profunda de acesso a créditos em outros formatos.
E&N - Qual o potencial da movimentação de CPRs dentro do mercado de agronegócio?
Lopes - Da totalidade do mercado de CPRs, apenas 20% é operado pelo sistema financeiro, os outros 80% são as CPRs que ficam somente dentro de ecossistemas como os das cooperativas. É esse nicho que tem um potencial gigantesco para vir para o mercado de capitais e transformar o que fica parado ali em CPRs como garantia, em dinheiro, em circulação, em giro. Vai criar uma movimentação muito interessante. Essas experiências todas são extremamente saudáveis para que o sistema do agronegócio brasileiro dependa cada vez menos de dinheiro subsidiado pelo governo. A gente não pode manter uma indústria do agronegócio complexa e grande, com o potencial que ela tem, dependendo única e exclusivamente de financiamento público. Tem que ter instrumentos privados para que esse negócio se desenvolva.
E&N - Como está a questão da obrigatoriedade de que todas as duplicatas, movimentadas no âmbito do mercado financeiro, sejam registradas e escrituradas?
Lopes - O assunto está sendo discutido entre as registradoras e o Banco Central. Ainda não tem a data oficial da obrigatoriedade, mas tem um processo chamado de convenção, que são as registradoras debatendo como vai funcionar. Estamos neste momento, com o Banco Central, finalizando as regras de como isso irá ocorrer. Aí vão ter prazos, entre 2022 e 2023, da entrada das obrigatoriedades, até o momento em que 100% das duplicatas, para terem validade jurídica, terão que ser escrituradas em uma escrituradora.
E&N - Essa discussão com o Banco Central deve levar quanto tempo ainda?
Lopes - Acho que pelo menos mais uns seis meses para tratar dos detalhes. A minuta já foi e voltou várias vezes. As discussões não acontecem somente no âmbito do Banco Central, acontecem também com as entidades como Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e ANFIDC (Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios Multicedentes e Multissacados).
E&N - A pandemia afetou o mercado em que atua a CRDC?
Lopes - Afetou. Nós processamos cerca de 4 milhões de títulos por mês, o que representa algo entre R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões. Tivemos no ano passado uma retração bruta. A empresa cresce, normalmente, entre 50% a 60%, ano contra ano, com as duplicatas e os outros negócios. Em 2020, evoluímos quase nada. Já em 2021, de janeiro até setembro, verificamos um incremento de 57%.
E&N - A partir de quando se percebeu o impacto da Covid-19?
Lopes - No mês de março do ano passado nós claramente vimos uma parada absurda. Em abril, a gente viu que os clientes diminuíram volumes, se resguardando para ver o que iria acontecer com o mercado. Aí tivemos pequenos soluços ao longo do ano, com a expectativa de retomada, e vimos que a economia acompanhou o ciclo dos picos da pandemia, de ter que voltar a fechar tudo pelo aumento de mortes e internações.
E&N - A retomada se mantém atualmente?
Lopes - Sim. Desde janeiro, mês a mês, sentimos uma recuperação. Não sentimos essa retração de 0,1% (recuo do PIB) no segundo trimestre, nós não vimos isso nos nossos clientes que emprestam crédito. Tudo bem que a base que estamos analisando é uma base retraída de 2020. Mas, não estamos vendo hoje os nossos clientes reduzindo operações, diminuindo volumes de compras de duplicatas. Não cresce na velocidade que poderia, porém não tem sinalização de parar, não teve aumento de inadimplência. No nosso mercado, o de duplicatas, especificamente, esse efeito não aconteceu. E a perspectiva é otimista, porque geralmente setembro e outubro são meses muito fortes no nosso negócio, pois a indústria está comprando para produzir para o Natal, ou seja, tem um movimento natural da economia acontecendo.
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