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Reportagem Especial

- Publicada em 22 de Agosto de 2021 às 21:38

Afetados pela pandemia, clubes sociais e esportivos se reinventam para seguirem operando

Porto Alegre Country Club negociou parte da área para construção de edifícios de alto padrão

Porto Alegre Country Club negociou parte da área para construção de edifícios de alto padrão


Leonardo Lenjsk/divulgação/jc
 
 

Em um mundo em que os avanços tecnológicos são cada vez mais acelerados e as relações interpessoais se transformam na mesma velocidade, como uma instituição centenária consegue sobreviver sem perder a relevância? Esse é o desafio dos clubes sociais e recreativos, entidades que, em alguns casos, foram fundadas à época do Brasil Imperial.
Seja como espaço de lazer e prática de esportes, seja como simples ponto de encontro, muitas agremiações acabaram perdendo terreno para os condomínios de alto padrão e para o mundo cheio de possibilidades da internet. A situação ficou ainda pior com a pandemia de Covid-19. Sem acesso a quadras, piscinas e salões de baile, os sócios foram minguando, e as contas, se acumulando.
Com todas as adversidades para se manter ativas - e atrativas -, essas entidades resistem, embora em menor número. De acordo com o Sindicato dos Clubes Sociais e Recreativos do Rio Grande do Sul (Sindiclubes-RS), havia em torno de 1.250 agremiações no Estado, mas hoje não passam de 800, no máximo. Em Porto Alegre, onde existiam cerca de 150, não há nem 100. "É preciso ter em vista que muitos clubes fecharam e estão começando a reabrir, enquanto outros não sabemos se irão retornar", explica Nelson João Heck, presidente do sindicato e vice-presidente de Esportes do Grêmio Náutico Gaúcho.
As soluções para fugir da crise variam conforme o contexto de cada clube. Alguns fizeram parcerias com terceiros; outros negociaram parte de seu patrimônio, como o Porto Alegre Country Club. E, nos últimos anos, outros ainda investiram em ampliações, como o Grêmio Náutico União (GNU), que já tem quatro sedes na Capital - uma delas, a tradicional Ilha do Pavão (acima). 
A maioria, porém, permanece na expectativa de retomar a agenda de bailes, festas e eventos. 

"Jovem não quer mais saber de clube"

Para esta reportagem, o Jornal do Comércio ouviu dirigentes de diversos clubes da Capital. São agremiações de tamanhos, públicos e atividades distintas, mas com um objetivo em comum: manter o quadro social em constante renovação. Se não for assim, o clube precisa buscar outras receitas para sobreviver.
Entre os entrevistados, grande parte considera que o lazer proporcionado por essas entidades concorre, sim, com outras formas de entretenimento. Outros, acham que esse esvaziamento é responsabilidade dos próprios clubes, que não souberam se adaptar aos novos tempos. Alguns temem até mesmo o fim da cultura clubística como é hoje, apostando que apenas os maiores, como Associação Leopoldina Juvenil, Grêmio Náutico União, Porto Alegre Country Club e Sogipa irão sobreviver.
Conselheiro do Teresópolis Tênis Clube, Luiz Cleber Martins considera que as dificuldades são anteriores à pandemia. "Os clubes começaram a apanhar muito em função desses novos empreendimentos que vêm com piscina, sauna, academia. Além disso, o jovem não quer mais saber de clube. Só volta para o clube quando casa, tem filhos", afirma. Ele diz que é muito raro uma entidade se manter apenas com associados. "Tem que fazer receita com eventos, hidroginástica, uma série de coisas."
A baixa adesão dos jovens é algo que também chama a atenção de Nelson Heck, presidente do Sindiclubes e membro da direção do Grêmio Náutico Gaúcho. "Era comum ter nos clubes um departamento jovem. Hoje é raro, porque sequer tem jovens frequentando. E por que isso? Porque no clube há certas normas de conduta. Os jovens encontraram outros lugares, em que podem beber à vontade, se sentirem mais livresNão tiro a razão deles. É outra época, outro comportamento", acredita.

Para dirigente, visão administrativa dos clubes 'venceu há séculos'

Édison Lautert, presidente executivo do Caixeiros Viajantes, acha que passou da hora de os clubes repensarem sua visão administrativa. Segundo ele, essa cultura, aplicada pela maioria das entidades, "venceu há séculos". "Muitos clubes ainda são administrados de acordo com conceitos de pequenos grupos. Isso, durante muitos anos, pode ter dado certo. Hoje talvez ainda funcione em pequenas comunidades, mas deixou de atender à expectativa de públicos mais exigentes", alega.
Para o presidente do Caixeiros, clube cuja história começou a ser escrita em 1885, a concorrência com condomínios de alto padrão não se aplica. A preferência pelo Litoral também, não por conta de "estradas lotadas, praias poluídas e absurdamente cheias de gente, e engarrafamento pior do que em Porto Alegre". "Experimente dispor de uma estrutura que lembre um resort, em que basta levantar o braço na beira da piscina que virá alguém do bar lhe atender", compara. "Mas é mais fácil reclamar, botar a culpa no quadro social que não prestigia e continuar investindo em departamentos ultrapassados ou em estruturas voltadas para pequenos grupos."
O presidente da Associação Israelita Hebraica, Joel Friedman, acha que não há concorrência com os condomínios. Quem ganhou terreno nesse aspecto, aponta, foram bares e cafeterias. "Antigamente era comum as pessoas ficarem horas no clube conversando. Hoje, fora das piscinas e um pouco nas pracinhas infantis, isso quase não acontece. As pessoas vêm, usufruem das atividades e saem", observa.

Clube Caixeiros Viajantes: quando o patrimônio vira solução

Instituição, que já cedeu parte da área para um empreendimento imobiliário, planeja agora uma nova operação ainda maior

Instituição, que já cedeu parte da área para um empreendimento imobiliário, planeja agora uma nova operação ainda maior


MARCELO G. RIBEIRO/Jarquivo/C
Uma das alternativas para atrair recursos é a cessão de parte do terreno - ou, em alguns casos, de áreas inteiras. Criados em uma época em que a urbanização de Porto Alegre estava apenas engatinhando, muitos clubes ergueram seus alicerces em regiões que, agora, são extremamente valorizadas.
Com duas sedes em áreas privilegiadas (a principal, de 11 mil metros quadrados, na avenida Praia de Belas, e a campestre, com dois hectares, na Estrada Chapéu do Sol), o Grêmio Náutico Gaúcho é alvo frequente de especulações em relação a uma possível venda. Mesmo com todas as dificuldades, o vice-presidente de Esportes Nelson Heck diz que não há interesse em se desfazer de patrimônio. "No momento, descartamos essa hipótese. Claro que é uma maneira de alavancar dinheiro. Mas há outras. Por exemplo, o Caixeiros Viajantes, que negociou apenas parte da área e foi bem-sucedido. Depende da situação de cada clube", argumenta.
A negociação mencionada por Heck, ocorrida em 2012, se destacou por ser uma das primeiras a utilizar o chamado direito de superfície. Em troca de um aluguel mensal, o Caixeiros concedeu à construtora Goldsztein a permissão de uso de 2 mil metros quadrados por 30 anos, quando o terreno voltará para o clube com o que nele estiver construído. Na área cedida, na rua Mostardeiro, foi erguido um empreendimento comercial, o Green Office Caixeiros.
Na época, o negócio foi visto como a melhor opção para o clube. A atual gestão pensa o mesmo, mas faz ressalvas. "É aquela máxima: vão-se os anéis, ficam os dedos. Não soubemos fazer a lição de casa, muitos erros foram cometidos, dificuldades foram se acumulando Chega um momento que não há outra opção. Vejo esta alternativa com simpatia, pois, no nosso caso, além de gerar renda, cedemos uma área que nos será devolvida juntamente com um prédio maravilhoso, que será agregado ao patrimônio do clube", afirma o presidente do Caixeiros, Édison Lautert.
Ele destaca, porém, que a parceria não resolveu todos os problemas do clube. "Estudamos agora algo maior, que deverá resolver nossas dificuldades como um todo. Não podemos anunciar nada ainda, mas será muito interessante para todos que convivem com o nosso clube", promete, avisando que o projeto será apresentado até o final do ano.
A expectativa é ampliar o número de sócios, que chegou a 1.200 nos últimos anos, mas que caiu para cerca de 500 durante a pandemia. No momento, o Caixeiros encontra-se em processo de reabertura, começando a liberar as atividades, principalmente as esportivas, que são seu principal atrativo.
Já o quase centenário Gaúcho (foi fundado em 1929) chegou a ficar dois meses fechado durante o auge do isolamento social. Como a maioria, recorreu ao "combo" auxílio governamental mais férias compulsórias, mas viu a receita cair vertiginosamente com a inadimplência. "Eram 4 mil sócios antes da pandemia, agora são 3 mil. Mas, graças a Deus, parece que a situação está começando a normalizar."
 

Germânia, um case pioneiro nos negócios

Um dos primeiros negócios de que se tem notícia envolvendo clubes na Capital ocorreu na década de 1970, quando a Sociedade Germânia trocou um terreno na praça Julio de Castilhos, no bairro Independência, por dois andares de um prédio na avenida de mesmo nome. A entidade funcionava lá desde os anos 1920, após seu antigo casarão na rua Doutor Flores ter sido atacado quando o Brasil rompeu relações com a Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial - um dos clubes mais antigos do Brasil, o Germânia foi fundado por imigrantes do país europeu em 1855.
Quando surgiu a oportunidade de negócio, a "nova" sede já estava deteriorada pelo tempo. Entre as propostas analisadas pela direção, a permuta do terreno pela área no edifício onde viria a funcionar uma agência bancária foi considerada a mais razoável. Mas isso só foi possível porque o clube promove exclusivamente eventos sociais. "Somos um clube de encontros, não tem piscina nem esportes. Para o que nos propomos oferecer, o espaço é suficiente", ressalta a gestora Nanci Galves Rebelo.
Como o Germânia se sustenta basicamente da locação de seus salões, sentiu diretamente o impacto do novo coronavírus. "Sem dinheiro, as pessoas pensam em cortar o supérfluo, que, em muitos casos, é o clube. Nós sobrevivemos porque recorremos ao plano de auxílio do governo e fizemos nosso pé de meia", observa Nanci. O número de sócios, cerca de 350, se mantém estável há algum tempo.

Sociedade Gondoleiros segue operando, mesmo sem realizar eventos

Clube está na expectativa de retomar as locações dos salões, importante fonte de renda

Clube está na expectativa de retomar as locações dos salões, importante fonte de renda


gondoleiros/divulgação/jc
"Estamos vivos! Sou o presidente e estou te garantindo isso." A declaração, enfática, é de Antonio Almeida, o Toninho, da Sociedade Gondoleiros. O dirigente diz que há muita confusão sobre os rumos do clube por conta da ocupação da antiga sede, no ano passado, pelo espaço de coworking Nau Live Spaces.
"Como o imóvel estava parado há uns 20 anos, muita gente pensava que o Gondoleiros tinha encerrado as atividades. Mas não: funcionamos ali pertinho, na rua Santos Dumont, número 1.147. O prédio da Franklin Roosevelt com a Moura Azevedo não é nosso há muito tempo", esclarece.
O imóvel foi vendido em 2000 para um grupo de investidores, mas foi somente no ano de 2013 que se iniciou o projeto de restauro, finalizado em 2016, dentro da proposta de revitalização do 4º Distrito. Oito anos atrás, o Gondoleiros se desfez de sua sede campestre, na RS-020, o que só aumentou os boatos de que o clube estava fechando as portas.
Criado em 1915 por imigrantes italianos, o Gondoleiros se tornou referência de festas e bailes de Carnaval no bairro São Geraldo. Sem poder realizar eventos durante a pandemia, a agremiação perdeu sua principal fonte de renda. "Estamos fechados há um ano e cinco meses. Não digo totalmente porque desde maio a nossa quadra de futebol society, terceirizada, está funcionando, sob todos os protocolos. É o que garante uma pequena renda para nós", explica Toninho.
O Gondoleiros tem cerca de 2 mil sócios, mas são todos remidos e proprietários. Essa decisão, segundo o presidente, foi tomada há muito tempo, e não deve ser revogada. "Para cobrar uma mensalidade, eu devo oferecer alguma coisa, não é? Temos duas piscinas que, há cerca de dez anos, não funcionam mais. Também oferecíamos aulas de judô, mas estão paradas há uns três anos. A ideia é reativar, mas está complicado", lamenta.
O clube tinha um pequeno fundo de caixa, que foi utilizado para cobrir despesas de luz e telefone, entre outras. Segundo Toninho, o bruto do faturamento vem mesmo é da locação dos salões. "O pessoal tá nervoso, inquieto, porque não reabre. Temos um público muito bom que frequenta o clube, e, como a maioria nem é sócio, isso é que paga as despesas", afirma. A ideia, com a flexibilização das atividades, é fazer eventos com distanciamento social, como jantares.

Associação Israelita Hebraica aposta em novas parcerias

Criada em 1986, a Associação Israelita Hebraica tem uma história muito mais antiga. Resultado da fusão entre o Grêmio Esportivo Israelita (1929) e o Círculo Social e Esportivo Israelita (1930), a entidade recebe forte apoio da comunidade judaica da Capital. Mesmo assim, como todos os clubes, teve momentos de dificuldade na pandemia. "Cortamos despesas ao máximo e racionalizamos os trabalhos. Tem sido bem complicado este período, mas já vemos a luz no fim do túnel", afirma o presidente Joel Friedman.
A hipótese de se desfazer de parte do patrimônio do clube não foi aventada, mesmo nessas circunstâncias. "Nossas sedes são amplas e com localizações superprivilegiadas, então interessados nunca irão faltar. Mas a Hebraica não cogita a possibilidade de diminuição ou piora de estrutura. Problemas de caixa pela pandemia são conjunturais e momentâneos. As soluções buscadas nunca podem acarretar dificuldades a médio ou longo prazo", pondera.
Por outro lado, o dirigente vê com bons olhos a concessão de espaços, tanto que dois bares estão funcionando na sede da rua João Telles, no Bom Fim. "Com estas negociações, pudemos dar uma bela renovada na entrada. E é mais uma opção para nossos sócios, que têm um bom desconto também nestes locais. Independentemente disso, eles são abertos também a não sócios e geram importante recurso, ainda mais neste momento", observa Friedman, destacando que outras parcerias permitiram melhorias na sede do bairro Petrópolis.
Conforme o dirigente, a Hebraica entrou na pandemia com 1.800 sócios em dia, e vinha em "franca ascensão", tendo em vista que, poucos anos atrás, contava com apenas 500. Por conta disso, o dirigente demonstra otimismo para o futuro. "Por já estar adaptada aos novos tempos e ter excelentes parcerias, a Hebraica tem tudo para sair da pandemia muito mais forte do que entrou", conclui.
 

Teresópolis Tênis Clube busca comprador para área de 17 mil metros quadrados

Famoso pelo baile Verde e Branco no Carnaval, clube foi alvo de vandalismo em março deste ano

Famoso pelo baile Verde e Branco no Carnaval, clube foi alvo de vandalismo em março deste ano


MARIANA ALVES/JC
Famoso por promover o baile carnavalesco Verde e Branco, a partir da década de 1970, o Teresópolis Tênis Clube amarga uma situação difícil há anos. Em 2008, vendeu sua sede campestre de oito hectares no bairro Belém Novo para o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho. O valor, de R$ 1,38 milhão, ajudou a quitar 90% das dívidas. Mas as contas continuavam a chegar e, hoje, o déficit é bem maior: cerca de R$ 5 milhões. Esse cenário, agravado pela pandemia, contribuiu para a proliferação de boatos sobre o fechamento da agremiação.
"Não, o clube não vai ser dissolvido. Passamos por dificuldades, mas estamos lutando para manter o Teresópolis", avisa o conselheiro Luiz Cleber Martins. Quando chegou a Covid-19, a entidade ficou sem nenhuma receita. O grosso vinha do aluguel do salão de festas, uma vez que o número de associados era insuficiente para pagar as contas - no início da pandemia, eram apenas 200, bem abaixo dos cerca de 4 mil registrados nos tempos de bonança.
"O prejuízo ia aumentando a cada mês, com despesas como luz (que chegou a ser cortada), água, funcionários, uma série de coisas. Se decidiu por bem fechar o clube e fazer um levantamento do passivo, que estava em torno dos R$ 5 milhões, entre dívidas trabalhistas e com a União", explica o conselheiro.
Como se a coisa não pudesse piorar, em março o Teresópolis foi alvo de vandalismo duas vezes. Móveis foram roubados e cômodos, destruídos. "Quebraram tudo lá dentro. Mas, desde que contratamos um serviço de segurança, que é mantido pelos conselheiros, isso parou de acontecer", relata Martins.
Os dirigentes optaram por vender a área, quitar a dívida e buscar uma nova sede, que, mesmo menor, representará uma sobrevida para a entidade fundada em 1944. O terreno de 17 mil metros quadrados, situado na rua Engenheiro Ludolfo Boehl, foi avaliado em R$ 15 milhões.
Martins, que integra a comissão designada pelo Conselho Deliberativo para avaliar ofertas pela sede, ressalta que a localização (conforme o Plano Diretor de Porto Alegre, o bairro Teresópolis fica em macrozona caracterizada pela predominância de patrimônio natural) dificulta um pouco o negócio. "Ali, segundo os especialistas, o índice construtivo é baixo. A resistência das construtoras está em torno disso, já que não dá para fazer empreendimentos muito altos. Mas esperamos receber propostas viáveis para discutir no Conselho", afirma.

Permuta com construtoras permitirá ao Country Club investir em melhorias

Mesmo sem passar por aperto financeiro, o Porto Alegre Country Club (PACC) decidiu permutar parte de sua sede por interesse público - o alargamento da rua Anita Garibaldi - e pela conveniência do negócio. Ao se desfazer de uma área de 21 mil metros quadrados, o clube recebeu o valor correspondente em índices construtivos, "com as devidas compensações pelo desmembramento da área maior de quatro terrenos", ressalta o atual presidente, Carlos Geraldo Coelho Silva.
Dos quatro terrenos, o clube acabou permutando dois, um deles com a CFL Incorporadora e outro com a Melnick Even, nos quais serão construídos empreendimentos comerciais e residenciais de alto padrão. Com o valor dos índices, o PACC investiu em um pavilhão de serviços, redesenhou os 18 buracos do campo de golfe, adquiriu equipamentos para cuidar do gramado e implantou um moderno sistema de irrigação. "Ainda há fôlego para novos projetos, como o 'masterplan' da nossa sede, para que possamos agregar inúmeros outros serviços para nossos associados", celebra Silva.
O dirigente afirma que o clube recebe diversas ofertas pelos outros dois terrenos. "Por ora, não temos interesse e nem precisamos negociá-los. Melhor, nem tínhamos necessidade de negociar os que foram, mas muitas vezes não se pode perder as oportunidades que se apresentam", diz.
Em relação à Covid-19, Silva lamenta a perda de uma receita extraordinária importante, a de locação de espaço para eventos, e crê que essa seja uma das dificuldades dos clubes. "Nós mesmos tivemos que remarcar nosso baile de debutantes. O evento programado para agosto de 2020 vamos fazer em novembro deste ano, torcendo para entregar às nossas debutantes uma festa completa. Com as de 2021 estamos realizando consultas e, se fizermos, será uma só festa para os dois grupos, até mesmo pelo número reduzido de debutantes".
O número de sócios do Country Club, em torno de 400, oscilou pouco na pandemia. "Nos últimos meses, em razão de diversas medidas que vêm sendo tomadas, estamos integrando novos associados. E muitos, que já foram sócios, estão retornando, pois sabem que irão jogar golfe num dos melhores campos do Brasil e desfrutar de uma área de mais de 50 hectares de pura natureza", finaliza Silva.

Espaços de resistência

Algumas entidades surgiram não apenas por interesses em comum, mas por necessidade. A criação dos clubes negros teve grande impulso em meados do século XIX, em decorrência do racismo, já que a comunidade afrodescendente era impedida de frequentar os clubes tradicionais. Assim, essas agremiações se tornaram lugares de resistência e preservação cultural.
É o caso da Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora, fundada em 1872 por escravos que conquistaram a alforria. A instituição nasceu não apenas para promover o lazer e a cultura, mas para realizar ações de caráter humanitário - na época, ajudando famílias negras a custear o funeral de parentes. Tanto é que, mesmo em meio à pandemia, as iniciativas solidárias foram mantidas.
"Paramos com as atividades nas piscinas, quadras, salão de festas, mas não fechamos o clube. Mantivemos as campanhas do agasalho, de arrecadação de alimentos", diz a presidente do Conselho Deliberativo, Maria Eunice da Silva. Como forma de se manter perto do público, a Sociedade Floresta Aurora promoveu lives nas redes sociais.
Em relação às finanças, a dirigente afirma que o clube "vai levando", com a ajuda dos cerca de mil sócios. "Teve alguma inadimplência por causa do desemprego, mas, em geral, os associados seguem pagando normalmente", garante.
A possibilidade de se desfazer de alguma área para equilibrar as contas nem passa pela cabeça de Maria Eunice. E nem é para menos: anos atrás, pressionada pela especulação imobiliária, a Sociedade Floresta Aurora deixou o bairro Pedra Redonda e se mudou para a estrada Afonso Lourenço Mariante, na Lomba do Pinheiro. Não foi a primeira mudança, mas a presidente torce para que seja a última. "Estamos há sete anos no terreno atual, graças a Deus. Não pretendemos sair daqui, não."

Com distanciamento social, esportes náuticos viram opção

GPA é a mais antiga agremiação dedicada ao remo do Brasil

GPA é a mais antiga agremiação dedicada ao remo do Brasil


MAURÍCIO FLECK/divulgação/jc
A proximidade com o Guaíba tornou abundante a oferta de clubes de remo e vela em Porto Alegre. Basta ver quantos surgiram com as palavras "náutico" no nome (Belém Novo, Gaúcho, União). Somam-se a eles agremiações como Almirante Barroso, GPA, Jangadeiros, Sava Iate Clube, Veleiros, Vasco da Gama. Enfim, não faltam opções para quem quer praticar esportes aquáticos. Por exigirem pouco distanciamento social, essas atividades ganharam força na pandemia.
Fruto da fusão entre o Ruder-Club Porto Alegre, fundado em 1888, e o Ruder-Verein Germania, de 1892, o Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre é a mais antiga agremiação dedicada ao remo do Brasil. Carinhosamente conhecido como GPA, o clube do bairro Marcílio Dias, próximo à região das Ilhas, abriu durante a pandemia somente quando os decretos municipais permitiram. "Nossa estrutura é enxuta, e a gestão é feita de forma voluntária pelos próprios associados. A maioria dos sócios, abnegados remadores, continuou pagando as mensalidades e aguardando ansiosamente o momento de poder voltar a remar", relata a diretora administrativa, Gabriela de Azevedo Moura.
Hoje, o GPA tem cerca de 150 associados, mas esse número oscila conforme o clima. "Nos períodos de frio, o clube sofre com a evasão de alguns; entretanto, na primavera, com o calor voltando, novos sócios procuram um primeiro contato com o remo. Permanecem aqueles que se apaixonam", afirma Gabriela, ressaltando que o clube também buscou alternativas. "Fizemos um contrato temporário com a Mostra Elite Design, que usa nossa estrutura física para fazer seus eventos".
A diretora destaca que, como formador de atletas, o GPA tem buscado oferecer o que há de mais moderno em barcos e infraestrutura para o esporte. "Os clubes precisam ter muita criatividade para cativar sócios, oferecendo o que os outros não têm. No nosso caso, o interesse pelo remo, o espírito de remador", finaliza.

No Veleiros do Sul, gestão reduziu custos e realizou melhorias nas instalações

Clube da zona Sul de Porto Alegre tem cerca de 1,2 mil sócios

Clube da zona Sul de Porto Alegre tem cerca de 1,2 mil sócios


Fabiano Benedetti/divulgação/jc
Do outro lado da cidade, na Vila Assunção, está um dos mais tradicionais clubes de vela do País: o Veleiros do Sul. Fundada em 1934, a entidade se adequou aos decretos governamentais desde o início do isolamento. Segundo o comodoro Cícero Hartmann, não foram dispensados funcionários, mas foram concedidas férias para aqueles que faziam parte do grupo de risco.
"Ao mesmo tempo, tivemos cuidado com o uso das embarcações, permitindo acesso dos associados e prestadores de serviço, principalmente aos barcos que estão dentro d'água. que precisam de manutenção. Nesse sentido, a gente sempre permitiu e manteve os terceirizados, pessoas que sobrevivem inclusive com essa mão de obra interna que temos dentro do Veleiros", explica.
De acordo com Hartmann, na contramão da maioria das atividades, o setor teve um bom avanço na pandemia. "O barco é um escape perfeito para ficar perto dos familiares e dos mais chegados, sem estar no meio da multidão. Talvez seja por essa razão que o mercado náutico aqueceu tanto. Navegar é ter um psiquiatra hídrico", brinca.
Mesmo não podendo contar com a receita advinda do aluguel do salão social, o Veleiros conseguiu economizar e fazer várias benfeitorias, às quais o comodoro não vê a hora de mostrar para os cerca de 1.200 sócios do clube. "Diminuímos gastos através da troca de cabeamentos, reduzindo em mais de 50% a conta de luz. Fizemos reformas em embarcações, pintamos a sede, reformamos banheiros, enfim, inúmeras melhorias pensando no bem-estar dos nossos associados. Com maior controle de gastos e receitas e um planejamento de pessoal antes da pandemia (passou de 55 para 40 colaboradores), estamos vivendo um dos melhores momentos financeiros do clube", comemora.

No Lindóia, sócios adiantam mensalidade para manter o clube

"Nosso clube é de bairro, direcionado às famílias que moram nele ou próximas, e aos que se identificam com ele ou com as pessoas que aqui frequentam", define o presidente do Lindóia Tênis Clube, João Alberto Monteiro da Silva. Fundada em 1955, quando os primeiros moradores do loteamento Jardim Lindoia sentiram a falta de um espaço para confraternizar na região, a entidade viu nessa identificação uma forma de sobreviver às dificuldades impostas pelo coronavírus. "Quando começou a pandemia, a diretoria firmou um propósito: vamos entrar juntos e sair juntos desta turbulência", relembra o dirigente.
O clima de união se reflete na mobilização dos sócios. Alguns, sensíveis às dificuldades do Lindóia, quitaram as mensalidades até o fim do ano. "Graças à contribuição de associados e colaboradores, mantivemos o clube bem conservado e até fizemos algumas melhorias", diz Silva, ressaltando que ninguém foi dispensado ou deixou de receber salário.

Centenária, Sogipa faz superação olímpica na pandemia

Atletas Daniel Cargnin e Mayra Aguiar retornaram de Tóquio com medalhas

Atletas Daniel Cargnin e Mayra Aguiar retornaram de Tóquio com medalhas


SOGIPA/DIVULGAÇÃO/JC
Em plena pandemia, a Sociedade Ginástica de Porto Alegre (Sogipa) encontrou um bom motivo para celebrar: o desempenho dos atletas formados pelo clube nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com sete nomes participando das disputas no Japão, a entidade teve dois judocas no pódio, Daniel Cargnin e Mayra Aguiar, ambos levando o bronze. "O nosso Projeto Olímpico é um caso de sucesso, pois, apesar de todas as dificuldades, inclusive por conta da pandemia, continua alcançando resultados de destaque", comemora o presidente do clube, Carlos Wüppel.
Mesmo com toda essa tradição, a entidade não ficou imune aos efeitos do coronavírus. Fundada por imigrantes alemães em 1867, a Sogipa conta com duas sedes, uma na rua Barão de Cotegipe e outra em São Francisco de Paula, que tiveram suas atividades restritas por causa do isolamento social. A unidade da Capital conta com diversos salões de festas, responsáveis por uma boa parte da renda do clube.
"As locações diminuíram bastante por conta da pandemia, e representam uma receita significativa para a Sogipa", diz o clube, por meio da assessoria de imprensa. Para piorar, muitos associados ficaram inadimplentes. "A expectativa é de que ocorra a adesão de novos sócios mais para o final do ano, na medida em que a situação comece a normalizar." O número de matrículas não foi divulgado.
Com as portas fechadas, o jeito foi investir nas lives como forma de manter uma conexão com os associados. O programa Sogipa em Casa, lançado em março de 2020, já transmitiu mais de 400 vídeos de aulas e atividades pelo YouTube.
Outra agremiação que recorreu ao mundo virtual foi a Associação Leopoldina Juvenil (ALJ). "Desenvolvemos o projeto #ALJcomvocê, disponibilizando conteúdos online sobre os esportes praticados em nossas sedes, eventos, bem-estar e qualidade de vida", destaca o vice-presidente de Administração e Finanças, Alexandre Rollin.
Também criada por imigrantes alemães, só que em 1863, a entidade tem forte tradição em eventos sociais, como bailes de debutantes, e esportes, em especial o tênis. A retomada do público às sedes (uma na rua Marquês do Herval e outra na avenida Nova York) vem ocorrendo de forma gradual.
Segundo Rollin, apesar dos desafios da pandemia e dos diversos fatores que têm provocado uma queda no número de sócios dos clubes nos últimos anos, a situação da ALJ é "sólida e estável". "Temos uma administração profissional e austera, garantindo a manutenção e preservação do patrimônio do clube e, ao mesmo tempo, prestando um serviço de qualidade ao associado", afirma. Em relação à quantidade de sócios, o dirigente não menciona números, dizendo apenas que "se manteve estável na pandemia e, atualmente, agregando novos associados mês a mês".
 

Jockey Club receberá valor financeiro em vez de uma torre comercial

Projeto da Multiplan prevê a construção de 18 edifícios em área ao lado do clube

Projeto da Multiplan prevê a construção de 18 edifícios em área ao lado do clube


Luciano Lanes PMPA/Divulgação/JC
Uma tradição ainda mais antiga que a dos clubes é a do turfe, esporte que resiste ao tempo por conta de seu fiel público. Mesmo assim, o Jockey Club do Rio Grande do Sul teve uma perda de cerca de 80% da receita no início da pandemia. A entidade chegou a ficar 50 dias sem páreos no ano passado.
A partir de novembro, mês em que é realizado o tradicional Grande Prêmio Bento Gonçalves, foram liberadas as provas com público restrito. “Atualmente, as corridas ocorrem semanalmente, todas as quintas-feiras, transmitidas nacionalmente pelo sistema de apostas do Jockey Club Brasileiro e, internacionalmente, pela Betsson (casa de apostas de origem sueca) para países da América”, relata o presidente Deuclides Gudolle. O calendário dos próximos meses inclui provas clássicas, como o GP Protetora do Turfe (2 de setembro), o Derby Riograndense (14 de outubro) e a próxima edição do Bento Gonçalves (13 de novembro).
Gudolle, que assumiu o cargo recentemente, já havia comandado a entidade entre 2006 e 2009, quando foi responsável pela negociação que garantiu ao Jockey uma receita extraordinária: a permuta de parte do terreno do Hipódromo do Cristal com o grupo Multiplan, que construirá no local o megacomplexo Golden Lake, um bairro privativo com diversas torres residenciais e comerciais. Ao se desfazer de 15,5 hectares de área, permanecendo ainda com outros 35 hectares, o clube recebeu uma série de contrapartidas, incluindo a construção de uma nova Vila Hípica, 500 cocheiras, pavilhão-garagem e hospital veterinário.
O acordo ainda previa a entrega de um edifício de 24 andares com 323 salas comerciais, a serem administradas pelo Jockey, o que não ocorrerá mais. “A construção da torre não será mais realizada, pois houve uma permuta de ativo financeiro”, relata Gudolle. Como o contrato conta com cláusulas de confidencialidade, o dirigente não informou o valor recebido pelo clube na negociação.
Ainda assim, o Jockey receberá três lojas para locação, que serão construídas junto à nova Vila Hípica, na avenida Icaraí. A construção dos empreendimentos está prevista para outubro. Já a área onde ficavam as antigas cocheiras foi totalmente liberada para a construção do Golden Lake.

Lives como forma de preservar a memória da agremiação

Da fusão da Sociedade Satélite Porto-Alegrense, surgida em 1902, com o Grupo Carnavalesco Prontidão, surgiu um dos clubes negros mais conhecidos do Estado: a Associação Satélite Prontidão (ASP). Preservar essa tradição se mostrou um desafio e tanto em meio ao isolamento social, conforme relata o presidente Richard Alves.

“Durante a pandemia, o clube teve que se reinventar. As atividades desenvolvidas no campo virtual, sempre com o intuito de atender as expectativas e o interesse da comunidade ‘prontista’, contribuíram para aproximar antigos sócios, amigos e simpatizantes da entidade”, acredita.

Desde o ano passado, em um canal no YouTube, a associação promove o Memorial da ASP, com o objetivo de resgatar sua história por meio de depoimentos e performances musicais. Alves também destaca o projeto Letras Pretas, uma roda de conversa online com escritores e escritoras negras.

Foram promovidas, ainda, ações de caráter humanitário, como varal solidário, distribuição de vales-alimentação e de cestas básicas para mulheres negras chefes de família no bairro Rubem Berta, onde fica a ASP. Com um detalhe: a associação não possui quadro de funcionários. “As ações contam com a participação de diretores, associados e simpatizantes. Todos voluntários”, enfatiza Alves.

O quadro social não sofreu alteração significativa nos últimos anos, ficando estabilizado em uma média de 200, mas nem todos têm conseguido manter a mensalidade em dia, o que preocupa o dirigente. “Isso impacta negativamente na manutenção da infraestrutura e nas obrigações fiscais e trabalhistas”, lamenta.

Para o presidente da Associação Satélite Prontidão, as novas formas de lazer acabam tirando uma fatia de público dos clubes, mesmo que, por um lado, haja um fator positivo nisso: o aumento do acesso das famílias negras a elas. “A ASP mantém um público cativo que ainda demonstra interesse e que procura manter uma frequência às atividades e usufruir das dependências.”

Em 2020, GNU cessou por completo atividades esportivas

Presidente do Grêmio Náutico União, Paulo Bing cita obras na pandemia

Presidente do Grêmio Náutico União, Paulo Bing cita obras na pandemia


JOÃO MATTOS /DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio - Como o União vem lidando com a pandemia?
Paulo Bing - Foi um impacto muito grande, mas o clube sempre esteve bem preparado. A gestão anterior, da qual eu fazia parte como vice-presidente, além de cumprir todas as normas em relação à Covid-19, estabeleceu regras de distanciamento e higiene que tornaram o União referência para clubes de todo o Estado e até do Brasil. A pandemia nos pegou em uma situação boa de caixa, só que fechou o clube por praticamente todo o ano de 2020. As atividades esportivas cessaram por completo. Impactou muito, também, no setor de eventos, como o baile de debutantes, que foi suspenso. O fato é que o clube precisa estar sempre preparado para retomar as atividades, e o custo de manutenção é muito elevado.
JC - Foi necessário fazer algum corte no quadro de funcionários?
Bing - É importante destacar as medidas do governo federal no que diz respeito à flexibilização das normas trabalhistas (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda) para manter funcionários com vínculo, mas com redução na carga de salário. No União, esse fator foi essencial para a preservação de empregos. Infelizmente, chegou um momento em que precisou haver cortes e perdemos uma mão de obra qualificada. Ocorreram algumas demissões no ano passado, mas com muito critério, de funcionários que já tinham condições de aposentadoria.
JC - O baile de debutantes ainda é um evento importante para o clube hoje em dia?
Bing - Sim, é algo muito tradicional aqui no Rio Grande do Sul. Resolvemos manter o compromisso com as debutantes de 2020, mas, infelizmente, não pudemos abrir as inscrições para 2021, pois seria um risco criarmos expectativa para as famílias em relação ao evento e depois não realizá-lo. Na atual conjuntura, um grupo de meninas, inicialmente cerca de 60 e hoje em torno de 18, acreditou no clube, e pretendemos fazer o baile que deveria ter acontecido no ano passado agora em dezembro. É meio como os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que só puderam ocorrer em 2021.
JC - Falando nisso, o União enviou atletas ao Japão. Como foi a preparação em meio à pandemia?
Bing - O setor parou completamente, mas, mesmo com bandeira preta, para os atletas convocados ou em processo de seletiva, foi pleiteada junto aos governos municipal e estadual uma autorização para mantê-los treinando, com toda a estrutura à disposição para que pudessem participar de seletivas e ir para os Jogos - no caso, a nadadora Viviane Jungblut e o esgrimista Guilherme Toldo. Nosso clube é fornecedor de atletas olímpicos desde a década de 1960, em praticamente todas as Olimpíadas desde então tivemos competidores participando.
JC - O União tem investido bastante nos últimos anos, inclusive incorporando a sede do antigo Petrópole Tênis Clube ao seu patrimônio, em 2017.
Bing - Sim, esta foi uma importante aquisição, e mais uma opção para nossos sócios. Mantemos o compromisso de qualificar o União Petrópole. A gestão anterior fez um grande investimento na reforma do ginásio, que foi entregue em dezembro passado. Curiosamente, houve reparos que só pudemos fazer por causa da pandemia. Nas outras sedes houve necessidade de obras de manutenção. Na da Quintino Bocaiúva, por exemplo, a piscina semiolímpica apresentou vazamento em uma borda. Quando fomos avaliar mais profundamente, vimos que era necessária uma reforma total. O salão de festas, que estava fechado, apresentou uma rachadura no gesso. Em situação de normalidade, com locações sucessivas, não teríamos como realizar uma revitalização completa, com calma. Agora, poderemos deixar o salão repaginado para, quem sabe, mais 20 ou 30 anos. Já na Ilha do Pavão, que possui uma estrutura para a prática de remo, estamos implementando o beach tennis. Não faz nem dois meses que inauguramos seis canchas, e já vimos que é uma tendência, pois, mesmo no inverno, registramos aumento de público lá. Temos também a melhor garagem da América Latina em termos de equipamentos para a prática de remo. E estamos envolvidos no projeto de revitalização do Cais Mauá.
JC - Qual é o envolvimento do clube nessa revitalização?
Bing - Está sendo feito um novo projeto de licitação da área, e, pela primeira vez, o União foi convidado a participar, o que é muito importante. Sendo parceiros nesse processo, podemos apresentar nossa visão diferenciada da orla, que é do Guaíba para a cidade (recentemente, o presidente do União participou de reunião do consórcio Revitaliza, responsável pelo estudo de viabilidade do projeto, na qual apresentou aspectos importantes para o clube, como a manutenção das vagas de estacionamento para os frequentadores da sede náutica, entre outros pontos).
 

* Daniel Sanes é jornalista formado pela Universidade Católica de Pelotas. Já foi repórter e editor-assistente no Jornal do Comércio. Hoje, atua como freelancer.