Operador seguro e confiável, que movimenta e transporta cargas sem contaminação. Essa é a descrição da certificação Operador Econômico Autorizado (OEA), concedida pela Receita Federal do Brasil à gaúcha Onicron Transportes e ainda em fase final de homologação. Fundada pelo empresário José Eduardo Bueno, atual diretor comercial, a companhia iniciou sua operação em 2001, em Novo Hamburgo. Atualmente, ao lado do diretor operacional, Guyllermo Felipe Marubin Bueno, diretor operacional, a empresa conta com 3,2 mil m² de área construída em terreno de 7,6 mil m², com 19 veículos na frota, além de filial em Itajaí (SC) e um posto avançado na zona portuária de Rio Grande. O crescimento médio da empresa chega à casa de 5% a 10% ao ano. O Programa OEA tem objetivo de criar uma rede de confiança em toda a cadeia logística. "Teremos rígidas normas de segurança e controle a serem seguidas. A certificação trará maior agilidade e segurança ao consumidor final, exportador e importador, de que a sua mercadoria chegará exatamente como nos foi confiada", acredita Bueno. A Onicron trabalha com todos os tipos de mercadorias e embarques como cargas em containers, DTA, cargas completas e fracionadas, embarque de projetos em caminhões e equipamentos especiais. Na frota, há carretas, caminhões trucks e sprinters, todos com rastreamento e gerenciamento em tempo real. São mais de 200 clientes atendidos no País, principalmente dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Todas as cargas transportadas são cobertas com seguros contra roubo, de responsabilidade civil e ambiental. Nesta entrevista, Bueno conta sobre o período da pandemia de Covid-19 para o transporte de cargas e suas perspectivas para a retomada do setor.
Jornal do Comércio - Quais os pontos positivos de receber a certificação OEA?
José Eduardo Bueno - O ponto principal que destacamos é que seremos um parceiro econômico e estratégico junto à Receita Federal, órgão responsável no Brasil pelas liberações de mercadorias importadas ou exportadas. Com a homologação no Programa OEA, teremos rígidas normas de segurança e controle a serem seguidas, e a certificação trará maior agilidade e segurança ao consumidor final (exportador e importador) de que a sua mercadoria chegará exatamente como nos foi confiada. Com a OEA, faremos parte da rede de confiança de toda a cadeia logística.
JC - Como foi e está sendo o período da pandemia para a empresa e para o setor de transportes, no geral?
Bueno - Bastante difícil e desafiador, como não foi diferente aos demais setores. No auge da pandemia,, sofremos muito com a queda de cerca de 50% do movimento que, aos poucos, foi se recuperando. Mas, como somos um serviço essencial, considero que somos privilegiados em poder ter feito a nossa parte na pandemia para atender os clientes da melhor forma.
JC - A expansão do e-commerce beneficiou a empresa?
Bueno - Não operamos no e-commerce. Nossa expertise é no transporte rodoviário de cargas, armazenagem e logística tendo como foco o comércio exterior. Mas certamente o crescimento do e-commerce na pandemia impactou positivamente os negócios de muitos clientes que atendemos.
JC - A empresa teve de fazer cortes de pessoal ou recorreu a programas de crédito durante o período de pandemia?
Bueno - Na primeira semana de pandemia, em março de 2020, reunimos todos os funcionários e explicamos como teríamos que agir para evitar que cortes fossem feitos durante esse período, que não imaginávamos por quanto tempo perduraria. A ideia deu certo e com o esforço e o comprometimento de todos, conseguimos superar aquilo que acreditamos ter sido o período mais difícil da pandemia e da nossa história. Agora, estamos confiantes na retomada e já fizemos algumas contratações pontuais.
JC - Quais são e como você avalia os gargalos do setor de transportes de cargas no Brasil?
Bueno - Vivemos uma situação bem complicada de infraestrutura e estradas em más condições de uso e conservação. Entendemos que o valor do pedágio é alto demais considerando o custo-benefício. O diesel, somente neste ano de 2021, já teve aumento acumulado de 40%. Entendemos que deveria haver maiores investimentos nas zonas portuárias para ampliações e melhorias, pois a cada ano temos safras melhores e problemas repetidos. Em todo o setor produtivo ou de serviços, primeiro se investe e depois vai-se buscar resultados, mas na infraestrutura do Brasil não funciona assim, infelizmente.
JC - Como você avalia os desafios do setor de importação e exportação?
Bueno - É um setor que tem muita dificuldade em nosso País, pois já não bastasse sofrer com um mercado tão competitivo, ainda sofre com as oscilações da moeda e com os problemas de infraestrutura que se agravam, com diversos atrasos e cancelamentos de navios no Porto de Rio Grande.
JC - Sobre a frota, a empresa sentiu impactos com a suspensão de produção das montadoras?
Bueno - Sentimos, sim, o impacto, principalmente nos preços dos veículos, mas como somos uma empresa que tem renovação constante e nossa frota é modesta, a nossa renovação se deu naturalmente. Porém, os atrasos na produção de veículos não se deram exclusivamente pelas paralisações na pandemia. Esse atraso ocorre seguidamente quando a demanda aumenta.
JC - Quais estados a Onicron atende?
Bueno - Atendemos atualmente os estados da região Sul e temos clientes em outros estados do Brasil que atuam na região Sul também. Hoje são mais de 200 clientes atendidos no País.
JC - Há planos de expandir a operação com filiais fora da região Sul?
Bueno - Sempre estão no nosso radar planos para expansão em outras regiões, mas em virtude da pandemia, tivemos que nos concentrar mais no que já estávamos operando. Assim que a retomada for consistente e se fortalecer, vamos reavaliar e retomar esses planos.
JC - Quais são os demais planos de expansão?
Bueno - Para os próximos anos, estamos avaliando investir na filial de Itajaí, dotando-a com melhor estrutura para atender os clientes de Santa Catarina e de outros estados do país que utilizam o Porto de Itajaí para suas operações logísticas. Quanto aos montantes a investir, somos bem ponderados e cautelosos em relação a essa questão pois, infelizmente, um investimento errado seria muito arriscado em uma circunstância destas de pandemia. No curto prazo, esperamos contratar mais funcionários para a matriz e a filial de Itajaí.