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Empresas & Negócios

- Publicada em 12 de Junho de 2021 às 09:00

Banco Topázio vê a disrupção como oportunidade de crescimento

Para o executivo, política de maior inclusão do BC trará grandes mudanças no nível de criação de novos negócios

Para o executivo, política de maior inclusão do BC trará grandes mudanças no nível de criação de novos negócios


Banco Topázio/Divulgação/JC
Patricia Knebel
Tecnologia, hotelaria, serviços financeiros e agronegócios. A escola de Haroldo Stumpf no mundo dos negócios foi a mais heterodoxa possível. Há 20 anos, ele faz parte do Grupo Correa e Silva, que controla operações como o Intercity Hotéis, Fazenda Ana Paula, Saque e Pague e o Banco Topázio. Nesse período, sempre trabalhou diretamente com o fundador, Ernesto Corrêa da Silva, empresário gaúcho que costuma despertar muita curiosidade no mundo dos negócios por ser extremamente bem-sucedido e low profile.
Tecnologia, hotelaria, serviços financeiros e agronegócios. A escola de Haroldo Stumpf no mundo dos negócios foi a mais heterodoxa possível. Há 20 anos, ele faz parte do Grupo Correa e Silva, que controla operações como o Intercity Hotéis, Fazenda Ana Paula, Saque e Pague e o Banco Topázio. Nesse período, sempre trabalhou diretamente com o fundador, Ernesto Corrêa da Silva, empresário gaúcho que costuma despertar muita curiosidade no mundo dos negócios por ser extremamente bem-sucedido e low profile.
O início da trajetória de Stumpf foi na Fazenda Ana Paula, braço de agronegócio do grupo, até que veio para Porto Alegre para atuar na Embratec, Good Card e GetNet. "Sempre fui o executivo de novos negócios, uma missão que o Ernesto me deu desde o início. Meu foco era conduzir os processos de fusão e reinventar a nossa operação sempre que necessário", relembra. Foi assim que ele iniciou o projeto do Banco Topázio, em 2005, com a proposta de ofertar crédito, financiamento e investimento.
Colocou de pé essa operação, que se tornou um banco digital B2B, com atuação nacional, e especializado nos segmentos de câmbio e bank as a service. O Topázio administrou, em 2020, pouco mais de R$ 1,1 bilhão de ativos e, neste ano, até abril, já somava mais de R$ 1,8 bilhão. Como um dos sócios e CEO do banco, Stumpf vivencia o momento histórico da disrupção do setor financeiro. "Eu até fico pensando às vezes se isso é mesmo real. Os grandes bancos sempre tiveram um lobby enorme e o Banco Central tem enfrentado isso. Nós, como País, vamos ver esses frutos daqui algum tempo, com a chegada de cada vez mais empresas digitais neste mercado", projeta.
Empresas e Negócios - Como você enxerga o mercado hoje e o que nos espera, do ponto de vista econômico, assim que boa parte das pessoas estiver vacinada?
Haroldo Stumpf - Minha sensação é que o mercado está super aquecido, resultado de uma demanda reprimida. Sei que essa visão é até meio desconectada da realidade, porque, quando olhamos para o mercado, vemos um cenário de falta de matéria-prima, queda de renda, o Banco Central subindo juros para tentar segurar a inflação, desemprego. As pessoas ficaram muito tempo em casa, tivemos uma retração grande. Mas, assim que boa parte da população estiver vacinada, teremos um boom. Isso já está acontecendo em outros lugares do mundo. Se a gente olhar o crescimento mais recente da economia norte-americana, por exemplo, veremos que eles estão prevendo o maior crescimento das últimas décadas. Talvez aqui, no Brasil, aconteça algo parecido. Vai depender do ritmo da vacinação. Uma vez vacinados, teremos um surto de crescimento, só não sabemos se será sustentável.
E&N - Qual a sua visão sobre o ritmo de transformação que está acontecendo no setor financeiro?
Stumpf - Se você me perguntasse há cinco anos se as fintechs teriam chances um dia de competir com os grandes bancos, eu diria que nunca. Hoje, olhando o cenário daqui para frente, vendo cases como Mercado Pago e Nubank, por exemplo, digo que são players que podem, inclusive, desafiar os incumbentes. Fora as novas empresas que ainda virão. O mercado financeiro tradicional vai sofrer uma disrupção muito grande nos próximos anos. Isso é muito forte. Hoje, temos capital para empreendedores construírem novos negócios. Nunca tinha visto isso. Um cara com uma boa ideia e capacidade de executar tem o capital que precisa para avançar. A nova economia que está surgindo a partir de modelos digitais vai revolucionar a forma como a gente interage, trabalha e vive.
E&N - Parecia difícil de acontecer, mas houve uma real flexibilização nas normatizações do modelo financeiro brasileiro que está proporcionando esse avanço. Como você percebe esse cenário?
Stumpf - Fico pensando às vezes se isso é mesmo real. Os grandes bancos sempre tiveram um lobby enorme e o Banco Central tem enfrentado isso e nós, como País, vamos ver esses frutos daqui há algum tempo com a chegada de cada vez mais empresas digitais neste mercado. No setor financeiro, a política de maior inclusão e competição do Banco Central vai possibilitar uma mudança grande no nível de criação de novos negócios e das formas de trabalhar. Tem muitos negócios surgindo, por exemplo, na esteira do Pix e do Open Banking. O BC também está estudando a desregulamentação do câmbio. O Brasil sempre foi muito fechado para os fluxos internacionais, e agora vemos tudo isso se abrindo simultaneamente.
E&N - Qual é o seu sentimento vendo essas mudanças? Apreensão ou otimismo?
Stumpf - O nosso negócio tem mais a capturar dos grandes bancos do que perder, então, todas essas mudanças que estão acontecendo nos geram um sentimento de que podemos coisas que antes não poderíamos. A realidade é que os novos players, antes dessa revolução digital, não tinham muitas condições de se sobressair em cima dos incumbentes, e hoje tem. Não há mais restrição de recursos e de tecnologia, e a de regulamentação estamos vencendo. Os grandes bancos eram os donos de todos os canais, e hoje esses canais pertencem a todos. Como essas instituições tradicionais nunca tiveram o cliente no centro, estão tendo bastante dificuldades de fazer isso agora. Era quase como um cartório, os grandes tinham um direito adquirido de cobrar o que quisessem de tarifas. Agora, estão perdendo esse cartório para essas novas empresas. Os novos players querem colocar o cliente no centro da experiência e têm uma oportunidade quase única nesse início de século de avançar. Isso também está acontecendo graças às políticas consistentes do Banco Central.
E&N - E o Banco Topázio, quais as perspectivas de avançar neste cenário propício?
Stumpf - O ano de 2021 deve ser o melhor da nossa existência. Esperamos chegar a um retorno sobre patrimônio superior a 20% e ocupamos uma posição relevante como banco em câmbio no mercado brasileiro. Recentemente, firmamos sociedade com a Ebanx, maior plataforma de câmbio cross border (processamento de pagamentos internacionais do Brasil), que comprou 30% de participação societária no nosso negócio (operação sujeita à aprovação do Banco Central). Eles passaram a operar câmbio conosco e nos deram essa possibilidade de aproveitar o ecossistema.
E&N - Como foi essa evolução de um banco criado para atender as empresas do Grupo Correa da Silva para o cenário de hoje?
Stumpf - O Banco Topázio foi criado para maximizar os resultados do ecossistema do nosso grupo (Grupo Correa da Silva), formado por grandes empresas de atuação nacional, que estava calcado na época na Embratec Good Card e na GetNet, ambos no segmento de pagamentos. Com a venda da GetNet para o Santander e a fusão da Embratec com a divisão de frotas e mobilidade da Ticket, o banco teve que se reinventar. E foi todo esse movimento destes últimos anos que nos possibilitou entrar quase como precursores nesta modalidade de banco como serviço, passando a atender fintechs e instituições de pagamentos que não tinham acesso ao sistema financeiro.
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