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Reportagem especial

- Publicada em 11 de Abril de 2021 às 20:17

Mercado pet avança em meio à crise

Bolacha Maria, Biscoito e Pão de Mel deixaram mais leve a rotina da família Florão

Bolacha Maria, Biscoito e Pão de Mel deixaram mais leve a rotina da família Florão


arquivo pessoal/daniela florão/jc
Os cuidados com os animais de estimação ganharam reforço com a pandemia e contribuíram para fomentar um setor que já crescia em ritmo acelerado nos últimos anos: o mercado pet. Passando mais tempo em casa, as pessoas vêm dando mais atenção aos bichinhos, enquanto outras buscam novos companheiros.
Os cuidados com os animais de estimação ganharam reforço com a pandemia e contribuíram para fomentar um setor que já crescia em ritmo acelerado nos últimos anos: o mercado pet. Passando mais tempo em casa, as pessoas vêm dando mais atenção aos bichinhos, enquanto outras buscam novos companheiros.
Foi o caso da família Florão, que decidiu pela busca de novos integrantes a partir da necessidade de isolamento social. A professora de redação Daniela, 36 anos, propôs adotar uma gata para os filhos Mariano e Paloma, com sete e quatro anos, respectivamente. Os dois toparam, e hoje são três felinos em casa.
"A dupla cumpria rigorosamente o isolamento e vi que eles sentiam falta de um animal para interagir. Ficavam presos em uma rotina de colégio e casa. Liberamos mais televisão, tablet, computador, achando que o isolamento seria por pouco tempo, mas depois vimos que ia demorar. Como precisamos cumprir os protocolos sanitários, eles aprenderam a se bastar", detalha Daniela.
Depois da Bolacha Maria, que chegou em maio do ano passado, vieram o Biscoito e a Pão de Mel. O marido de Daniela, o médico Marcelo, 45 anos, resistiu à ideia. Agora, é o mais disputado pelos gatos, chegando a ser esperado na porta de casa, localizada em um condomínio de Canoas.
"Os bichos dão trabalho, mas vieram para somar, nossa vida ficou mais leve", conta Daniela. A realidade da família Florão exemplifica algumas tendências: a busca por companhia de um animal, a adoção em vez da compra e a maior procura por felinos.
"O ano de 2020 trouxe imensos desafios por conta da pandemia, mas também evidenciou a importância do mercado pet para a sociedade e o cuidado das famílias com seus animais de estimação", explica Nelo Marraccini, presidente-executivo do Instituto Pet Brasil (IPB).
Além da maior proximidade entre tutores e bichanos, a classificação das lojas especializadas como atividade essencial permitiu que os estabelecimentos permanecessem abertos na maior parte do tempo e vendessem mais. Os destaques foram as áreas de alimentação e saúde, que tiveram maior crescimento. E, como muitas pessoas optaram por compras on-line, as vendas por esses canais também aumentaram.
Na Cobasi, as vendas pela internet, que começaram em 2009, ajudaram a empresa a cumprir a meta do ano. Segundo Daniela Bochi, gerente de marketing da rede, as duas únicas adaptações feitas no ano passado foram a comercialização por WhatsApp e a compra on-line com retirada na loja. O "Cobasi no seu carro" funciona assim: 45 minutos depois de adquirir os produtos no site ou aplicativo da loja, o cliente pode se dirigir ao ponto de venda escolhido e recebe a encomenda sem sair do veículo. "O serviço foi muito bem aceito e deve se manter", conta Daniela.
O ambiente virtual ganhou maior relevância desde o ano passado. Marraccini detalha que o IPB ainda está consolidando os números de 2020, mas estima que a soma de todo o comércio pet eletrônico em 2020 deve ultrapassar R$ 1,5 bilhão. Isso representa cerca de 4,4% do faturamento geral do segmento.
"As lojas se adaptaram, e uma parte cada vez maior do público deve procurar compras on-line pela facilidade e segurança. Agora, o pequeno, médio e grande lojistas têm estrutura para vender pela internet", diz.
O chamado pet shop da vizinhança, formado por microempreendedores e que representa 48,6% do faturamento de toda malha varejista no Brasil, também passou a buscar o ambiente digital para ampliar as opções de atendimento durante a crise sanitária.
Apesar da liderança das lojas exclusivamente virtuais nesse tipo de venda (responsáveis por 36% do faturamento de compras on-line do setor), as pet shops "clássicas" não estão muito atrás: pequenos e médios estabelecimentos devem fechar 2020 com faturamento de R$ 466,2 milhões, o equivalente a 28,2% do total deste mercado no e-commerce. Para as megalojas, a estimativa é que atinjam o montante de R$ 395 milhões, ou 23,9% do faturamento virtual.
Considerando apenas o setor de varejo e de criação de animais, o IPB projeta crescimento de 13,5% em 2020 no País, totalizando R$ 40 bilhões. O índice é muito superior aos 3% de alta registrados em 2019 em relação ao ano anterior. Porém, grande parte do resultado de 2020 foi drenado pela inflação. "No ano passado, a cotação do dólar e o preço das commodities aumentaram os custos para a cadeia de produtos pet", esclarece Marraccini.

Balanço mais recente é de 2019 e revela faturamento de R$ 22,3 bilhões na indústria

A indústria faturou R$ 22,3 bilhões em 2019, levando em consideração a produção de pet food (alimentação), pet care (higiene e bem-estar) e pet vet (medicamentos e outros produtos veterinários). Os dados são os mais recentes, e apontam o crescimento em valor entre 2018 e 2019, descontada a inflação de 4,3%, foi de 5,3%.
Para o presidente-executivo da entidade, José Edson Galvão de França, uma análise mais superficial pode sugerir um cenário positivo, que não reflete a realidade do ano passado (2019). "Houve um crescimento tímido que aponta estagnação, avalia Galvão de França - apesar disso, a carga tributária sobre todo o setor continua elevada". No caso do alimento completo para animais (ração, ou pet food), a cada R$ 1 pago pelo consumidor final, mais de R$ 0,50 são impostos".
Pet food representou 73,3% do faturamento da indústria, e movimentou R$ 16 bilhões, seguido por pet vet, com 18,4% (R$ 4 bilhões), e pet care com 8,3% (R$ 1,9 bilhão). O crescimento real da indústria foi liderado por produtos veterinários (pet vet) que foi o segmento que mais cresceu em faturamento entre 2018 e 2019: 10,7%; já pet food e pet care subiram praticamente o mesmo: 4,1% e 4,2%, respectivamente. No segmento pet food houve um crescimento de 3,9% em volume.
"Com base nesse número é possível estimar que 0,2% de crescimento em faturamento aconteceu devido um aumento de mix de produtos e preços. Fica claro que existe uma estagnação no segmento pet food, sem ganho real de crescimento em faturamento", diz Galvão de França.
 

Mercado gaúcho acompanha expansão da atividade no País

A gaúcha Águia, no mercado desde 1999, aposta no atendimento familiar como diferencial e investe em novas lojas

A gaúcha Águia, no mercado desde 1999, aposta no atendimento familiar como diferencial e investe em novas lojas


/FREDY VIEIRA/arquivo/JC
O Rio Grande do Sul concentra 7,2% da população pet brasileira, conforme o levantamento mais recente do Instituto Pet Brasil (IPB), de 2018. Estima-se cerca de 9,57 milhões de pequenos animais, entre cães, gatos, peixes ornamentais e aves canoras (veja quadro). São 250 clínicas especializadas e o número de lojas ultrapassa 2,4 mil em território gaúcho.
 
O aumento de lares com pets abriu oportunidades, mas também ampliou a concorrência na oferta de serviços e na fabricação de produtos. No varejo não foi diferente, e o potencial do Brasil despertou o interesse de players internacionais.
A Águia Veterinária, empresa fundada em Porto Alegre em 1999, não se acomodou diante da chegada de novas empresas. Abriu, em março deste ano, sua sétima unidade, na Avenida 24 de Outubro. Agora, são seis endereços com loja e consultório e uma com loja e hospital.
Antônio Rodrigo de Aguiar Pires, sócio-fundador da Águia, explica que a decisão foi tomada para ocupar um espaço tradicional que pertencia a uma pet e para demarcar território, já que outra empresa se instalou na região.
Como diferencial, Pires destaca o pioneirismo e o fato de ser uma empresa local. "Fidelizamos os clientes pelo atendimento familiar, de proximidade, e atraímos a juventude com produtos inovadores e com estilo", afirma. Em duas décadas, a Águia ampliou a oferta de produtos e o tamanho das lojas. Para o futuro, prepara um plano para licenciamento da marca.
O empresário adianta que o projeto está em fase de estudo e deve ser lançado em 2021 ou 2022, o que vai depender da economia. "Os últimos anos foram mais difíceis. O mercado pet cresceu, mas a concorrência mais ainda, o que fez baixar a rentabilidade", lamenta.
A paulista Cobasi foi uma das redes que veio disputar território. A empresa chegou ao Estado em 2016 com uma unidade no Shopping Iguatemi, de Porto Alegre. Após consolidar a marca e ficar conhecida do consumidor local, a Cobasi abriu, em 2019 a primeira operação de rua. Com 1,3 mil metros quadrados de área de vendas, é a maior da rede na cidade, e tem mais de 20 mil itens para animais de estimação, jardinagem e piscina.
No próximo mês, a empresa abre uma nova unidade fora de shopping, na rua Miguel Tostes. Com a inauguração, vai totalizar nove lojas entre Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo e Pelotas. No País, são 115 unidades físicas e uma loja virtual.
Outra rede que vem ampliando sua presença no mercado local é a Petz, que chegou ao Estado em 2017. Atualmente, o grupo tem oito lojas com centros veterinários e uma com hospital 24 horas, localizados em Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Pelotas. Sem previsão de abertura de novas operações no Estado, a rede conta com 136 lojas no País.

Números do Rio Grande do Sul

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arte/diagramacao/jc
 

Despesas precisam entrar como parte do orçamento familiar

Gisele e o marido Maurício consideram como filhas Maggie, de nove anos, e Charlotte, de dois anos

Gisele e o marido Maurício consideram como filhas Maggie, de nove anos, e Charlotte, de dois anos


/Gisele Medeiros/arquivo pessoal/jc
A mudança no status de relacionamento entre tutores e animais mexeu no mercado como um todo, não apenas na oferta de produtos, mas também no quesito saúde e bem-estar. "Na década de 1980, aplicava-se vacinas e vermífugos e olhe lá. Hoje tem tomografia, tratamentos avançados e plano de saúde", exemplifica a gerente de marketing da Cobasi, Daniela Bochi.
Ou seja, os pequenos animais precisam fazer parte do orçamento familiar. Isso envolve questões ligadas a alimentação, medicina preventiva, castração. petiscos, higiene (banho e tosa) e possíveis tratamentos de saúde. Além, claro, da dedicação de tempo para atividades físicas e lazer. "O desconhecimento desses gastos muitas vezes pode levar ao abandono, pois o tutor descobre que não consegue fazer a manutenção básica do animal", destaca Lisandra Dornelles, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS).
Quando colocadas na ponta do lápis, as contas costumam incluir na equação o afeto destinado aos pets. "Cada vez mais, a decisão de comprar de tudo que envolve um pet leva em conta a relação que as pessoas têm com os animais de estimação", afirma Daniela.
Gisele Lippert Medeiros e o marido Maurício Dau consideram como filhas Maggie, nove anos, e Charlotte, dois anos, adotada em junho do ano passado para servir de companhia para a irmã. A mais velha tem plano de saúde e as duas se alimentam de ração da melhor qualidade e de vegetais frescos.
Erra quem pensa que o casal prioriza os pets porque tem dinheiro sobrando e não sofre a pressão econômica da pandemia: os dois são empresários e tiveram os negócios afetados pela crise. Gisele, por exemplo, teve de fechar durante um período, pela segunda vez, a loja de roupas femininas, localizada na Capital.
As duas juntas custam cerca de R$ 245 ao mês em ração grain free (livre de cerais como milho e soja), R$ 280 em banhos (um por semana para cada uma), R$ 90 de plano de saúde para Maggie, além de xampu, que custa em torno de R$ 100 e dura de dois a três meses. Além dos petiscos não industrializados, como brócolis e cenoura cozidas, bananas e outras frutas. "São os mesmos alimentos que comemos, apenas sem tempero e bem cozidos, mas nunca damos carne", detalha.
O casal, assim como muitas pessoas que cuidam de pets, leva em conta a presença dos bichinhos no lazer, e optam por espaços pet friendly, como cafés, restaurantes, hotéis ou parques públicos com áreas específicas aos animais.
Nas férias, quando viajam para perto, Gisele e Maurício buscam hospedagem que receba também Maggie e Charlotte. Um dos prediletos é o hotel Petit Casa da Montanha, em Gramado. "É um lugar onde cachorros são bem tratados. No Petit, não apenas aceitam, mas querem receber os cachorrinhos", afirma, contando que a dupla adora os mimos: caminha, carrinho, biscoito e frutas.
"Quero dar o melhor para elas. Até porque, se eu der tudo, ainda é pouco", afirma, detalhando que aprendeu sobre adoção e amor pelos animais com Lisa, que considera a primeira filha. Ela chegou já adulta e conviveu com a família durante seis anos.
Ao receber o diagnóstico de neoplasia em Lisa, o casal buscou todos os tratamentos possível e, sem plano de saúde para a pet, desembolsou o equivalente a um carro. "Gastaria tudo de novo e muito mais", diz a empresária, emocionada, contando que as cinzas de Lisa estão na sala do apartamento. "Estão no lugar onde mais gostava, que era a casa dela", conta.
A saudade de Lisa é amenizada, em parte, com o carinho da dupla. "É uma alegria, brincam todos os dias entre si e ver o olhar de amor entre elas e com a gente é lindo. As declarações de amor são extremamente visíveis e comunicam: "quero colo, te dou amor, percebo o que tu sentes", explica, dizendo que busca informações em livros sobre comportamento e sentimento animal.

Indústria também avança, mas alta nos custos e inflação corroem resultados

Em 2020, a indústria de produtos pet, que engloba alimentos, medicamentos e acessórios, faturou em torno de R$ 26,6 bilhões. O valor é 16,8% superior a 2019, já descontada a inflação. O levantamento é da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), com projeção com base no 3º trimestre.
O valor leva em consideração os dados de janeiro a setembro. Detalhando por setor, food representa 75% da receita; vet, 18% e care, 7%. Os dados não levam em conta as movimentações de serviços veterinários e gerais e venda de animais ou transações gerais do varejo.
Para o pet food, a Abinpet estima alta de 21% no faturamento e 9,1% no volume em 2020, na comparação ao ano anterior. Mas há uma ressalva fundamental: a alta nos custos para a indústria, o que gera um descompasso na relação faturamento/custo e afeta o preço do quilo do produto para o consumidor final.
"As matérias-primas que compõem alimentos pet tiveram aumento de custo que superou os 60% entre julho e outubro de 2020. São commodities como milho (aumento médio de 55% no valor), a soja (aumento médio de 60%) e a proteína de origem animal (aumento de 40%). Esses ingredientes correspondem a 90% do custo total da produção pet food", explica o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França.
Dólar, exportação e restrição de abastecimento das commodities para o mercado interno - além do aumento expressivo nas exportações de insumos (commodities) - impactaram de maneira intensa os preços e o faturamento dos alimentos pet. Este cenário também alterou o perfil de consumo: da linha premium para básica.
A Abinpet detalha que, somado a isso, a alta carga tributária (para pet food, produto mais procurado, é 54,2% sob o valor total), faz a indústria a se manter em estagnação ou com baixo crescimento real.

Pequenos animais estão vivendo mais e melhor

Viviane destaca novas práticas, caso da ozonioterapia que vem ganhando espaço

Viviane destaca novas práticas, caso da ozonioterapia que vem ganhando espaço


/viviane pinto/arquivo pessoal/jc
Os animais de estimação estão vivendo mais e melhor. Como estão mais próximas de seus pets, as pessoas conseguem perceber pequenas alterações de comportamento, como falta de apetite, e levam mais cedo para o veterinário avaliar e tratar.
Outros vão além: fazem check-up anual. "Os tutores começam a se preocupar com a prevenção, com vacinação e vermifugação. Os exames de rotina anuais, são incentivados pelos veterinários e permitem que se detecte, por exemplo, um tumor de fígado, antecipando o tratamento", detalha Cristiane Ritter, coordenadora da comissão de ética do CRMV-RS.
Essa mudança, explica Cristiane, altera o grau de exigência do tutor na escolha do serviço e do profissional. Antes, o médico veterinário clínico geral indicava o especialista. De uns cinco anos para cá, muitos chegam na consulta após buscarem na internet avaliações. Outros já se informam sobre tipos de exames e tratamento.
"As pessoas já chegam pedindo atendimento de dermatologia, endocrinologia, cardiologia, diagnóstico por imagem, ultrassom, raio-x, neurologia. Ou, ainda, medicina complementar como acupuntura, fisioterapia, homeopatia", relata a médica veterinária.
Ao mesmo tempo, vem crescendo o número de profissionais especializados em diferentes áreas, como em ultrassom, por exemplo, o que facilita o acesso a este tipo de exame.
Novos tratamentos ganham evidência, a exemplo da ozonioterapia, recentemente regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). A médica veterinária Viviane Pinto estudou a terapia que combina oxigênio medicinal com ozônio no doutorado, e participou da construção da regulamentação em nível federal.
Segundo Viviane, o ozônio tem propriedades bactericida, antisséptica, virucida e fungicida. Também é adjuvante no tratamento do câncer. "A ozonioteria pode ser usada no tratamento de várias doenças e aplicada como terapia única ou coadjuvante na medicina veterinária tradicional", explica. Quando associada ao tratamento alopático, reduz entre 40% e 50% o tempo de cura, ou até mais.
Um dos principais benefícios é sua ação antioxidante, que combate os radicais livres e deixa as células mais saudáveis. A técnica pode ser utilizada em enfermidades graves, como câncer, e nas mais simples, como em tratamento de feridas.
A médica veterinária destaca ainda a melhora dos resultados quando faz parte do tratamento multidisciplinar de animais com dermatite. Além de estudiosa no tema, Viviane dá aulas sobre ozonioterapia, acupuntura e quiropraxia nas dependências da Ulbra, em Canoas, onde também é responsável pelo Ambulatório de Medicina Integrativa.

Novas formas de relacionamento entre tutores e pets refletem no mercado

Viviane destaca novas práticas, caso da ozonioterapia que vem ganhando espaço

Viviane destaca novas práticas, caso da ozonioterapia que vem ganhando espaço


viviane pinto/arquivo pessoal/jc
O desenvolvimento da cadeia pet é justificada, em grande parte, pela mudança na forma como as pessoas tratam os animais de estimação. Foi-se o tempo em que os cachorros e gatos ficavam soltos no pátio e comiam comida de gente. Hoje, têm lugar especial dentro dos lares, recebem alimentos desenvolvidos especialmente para suas espécies e são levados em conta na hora do lazer.
"É um mercado que, por mais que tenha recessão, está sempre em crescimento", afirma Cristiane Ritter, coordenadora da Comissão de Ética do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS).
Na vida da química aposentada Jane Rodrigues, os animais são presença constante. Quando criança, era a única entre os irmãos que Diana, uma cadela policial da família, deixava chegar perto de seus filhotes. Tempos depois, chegaram as galinhas Polaca e Carijó, que se abaixavam para ganhar colo e caminhavam atrás dela pelo pátio, surpreendendo a todos.
Na infância de Jane, os bichos eram proibidos de entrar em casa, situação que mudou em sua vida adulta. Hoje, o amor pelos bichinhos passou para os três filhos e quatro netos. Atualmente morando em apartamento, mantém junto com a neta Lívia cinco gatos e três cachorras. "Sempre digo quando vão pegar um bicho: é para viverem sempre dentro de casa", conta.
Segundo Cristiane, houve uma mudança no perfil dos tutores. "Até 15 anos atrás, os animais ficavam mais distantes da rotina. Hoje, esses pets fazem parte da família. São considerados filhos, irmãos, netos", relata. Segundo ela, na pandemia, com as pessoas ficando mais tempo em casa e observando de perto os animais, passaram a procurar mais por clínicas veterinárias. "As pessoas começaram a verificar pequenas alterações que antes passam despercebidas", diz.
A percepção é confirmada por Antônio Rodrigo de Aguiar Pires, sócio fundador da Águia Veterinária e Pet Shop, de Porto Alegre. O médico veterinário fala com propriedade de quem tem 21 anos de experiência na área de saúde e varejo animal. “Hoje, o pet é muito bem tratado, é visto com outros olhos, é um membro da família.”
Também houve avanço nos cuidados com o bem-estar dos animais de produção - aqueles que podem nos dar alimentos e produtos - carne, leite, ovo, mel, lã e couro, por exemplo -, ou auxiliar com serviços, caso do cavalo. Todas essas transformações são repassadas aos estudantes de Medicina Veterinária e aos recém-formados. "É preciso orientá-los a acompanhar os avanços na Medicina Veterinária", afirma Viviane, que transmite os aprendizados aos novatos, como Renata Reis enquanto era residente acadêmica.

Expansão do mercado abre novas oportunidades

Canedo divide-se entre aulas de Educação Física e atividade de adestrador e dogwalker

Canedo divide-se entre aulas de Educação Física e atividade de adestrador e dogwalker


leandro canedo/arquivo pessoal/jc
Nos últimos anos, o Rio Grande do Sul assistiu a chegada e a expansão de grandes redes de lojas, a abertura de clínicas e a oferta de novas especialidades na Medicina Veterinária. O mercado também ganhou mais opções de marcas de rações, suplementos, brinquedos, hotelaria, adestramento e plano de saúde, entre outros negócios.
Para o professor de Educação Física Leandro Canedo, a aposta no curso de especialização em adestramento veio na hora certa. A qualificação ocorreu antes de a pandemia chegar, e o que era para ser uma renda extra transformou-se na principal fonte do orçamento familiar. Com a restrição de funcionamento das academias de ginástica, Canedo passou a se dedicar ainda mais à nova atividade. Criou o perfil profissional @le.canedo no Instagram como adestrador e dogwalker, e viu a clientela crescer nos diferentes bairros de Porto Alegre.
"Adestramento ensina rotina aos cães, determina limites e ajuda em problemas comportamentais, como fazer xixi no lugar errado, latidos em excesso ou puxar a guia na hora do passeio", explica. Já o trabalho de dogwalker proporciona a prática de atividade física, evita a obesidade, mantém a forma e melhora das articulações. "Tudo isso melhora a relação do cão com o tutor", destaca Canedo.

Cresce o número de adoções mas aumentam também os abandonos

Carolina Zanon tem uma espécie de 'guarda compartilhada' de Paçoca (foto) e Bela com sua mãe

Carolina Zanon tem uma espécie de 'guarda compartilhada' de Paçoca (foto) e Bela com sua mãe


/Carolina Zanon/arquivo pessoal/jc
No ranking dos pets, os cães ocupam a liderança. No Rio Grande do Sul, a população canina chega a 3,9 milhões, segundo dados sobre a população de animais de estimação em todo o território nacional levantados pelo IBGE e atualizados pela inteligência comercial do Instituto Pet Brasil.
A pesquisa mais recente, de 2019, mostra que os gatos vêm correndo por fora na preferência dos tutores, com total de 1,7 milhão. No Estado, há ainda 3,9 milhões de peixes ornamentais e aves canoras, contemplando as quatro espécies mais procuradas de pets.
Outra mudança importante é a maior procura por adoções, mesmo que a compra de animais de raça se mantenha. "Enquanto aumenta o número de adoções, percebemos também um grande crescimento do abandono, pois muitas pessoas agem por impulso sem saber tudo que envolve ter uma nova vida em casa", alerta a médica veterinária Cristiane Ritter, coordenadora da Comissão de Ética do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS).
Por isso, orienta Cristiane, antes de adotar, é fundamental saber tudo que envolve ter um bichinho em casa para ver se há as condições mínimas para garantir seu bem-estar.
A publicitária Carolina Zanon, 43 anos, sempre defendeu a adoção. A primeira foi Pantufa, que chegou no ano 2000, época em que era mais comum comprar pets. A cachorrinha, mistura de poodle com maltês, entrou para a família e conquistou a todos. Sua partida, em 2016, foi muito difícil para Carolina, que comparou a dor com perder uma pessoa próxima. Após seis meses, decidiu que era hora de buscar uma nova pet, a Bela.
"Quando veio a Belinha, houve um tempo de adaptação, até me apaixonar. Até me sentia culpada como 'mãe'. Mas eles são amor puro, já chegam superagradecidos", conta. Em 2017, foi morar sozinha e Bela ficou com sua mãe, Alair Mombach Zanon, 73 anos, e Carolina a buscava eventualmente. Em viagem ao Uruguai, conheceu uma "genérica de labrador" e voltou decidida a adotar uma nova companheira.
Foi aí que conheceu a sua versão caramelo brasileira: a Paçoca. Tempos depois, Carolina voltou a morar com a mãe, e todas tiveram que se readaptar. Mas a pandemia levou a publicitária a procurar de novo um local só para ela. "Somos uma família. A Paçoca é minha e a Bela da minha mãe. Se tiver de sair, vai me dar uma dor pela saudade. Andei olhando imóveis, queria um lugar para Paçoca ficar na rua. Aqui, ela vai para a sacada, fica olhando, late para as pessoas - é a velha fofoqueira", detalha, rindo.

Cuidados e preferências

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/arte/diagramacao/jc
 

É formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (Pucrs), atuou como editora no Jornal Zero Hora, e como editora e repórter no Jornal do Comércio.