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Empresas & Negócios

- Publicada em 24 de Janeiro de 2021 às 20:38

O mercado financeiro não será mais o mesmo, projeta CEO do Agibank

Testa diz que desconcentração do setor financeiro vai gerar novas oportunidades

Testa diz que desconcentração do setor financeiro vai gerar novas oportunidades


ITAMAR AGUIAR/AG/DIVULGAÇÃO/JC
Patricia Knebel
O Agibank inicia 2021 como terminou 2020: acelerando. No final do ano passado, anunciou a criação de uma startup, a HypeFlame, e a chegada de um novo sócio (minoritário), Vinci Partners, que aportou R$ 400 milhões na companhia. Agora, prepara os últimos detalhes da instalação na nova sede em Campinas (SP), uma iniciativa de expansão dos negócios. Na liderança do banco 100% digital está Marciano Testa, fundador e CEO da operação, um empreendedor serial, arrojado e com uma capacidade reconhecida pelo mercado de fazer conexões.
O Agibank inicia 2021 como terminou 2020: acelerando. No final do ano passado, anunciou a criação de uma startup, a HypeFlame, e a chegada de um novo sócio (minoritário), Vinci Partners, que aportou R$ 400 milhões na companhia. Agora, prepara os últimos detalhes da instalação na nova sede em Campinas (SP), uma iniciativa de expansão dos negócios. Na liderança do banco 100% digital está Marciano Testa, fundador e CEO da operação, um empreendedor serial, arrojado e com uma capacidade reconhecida pelo mercado de fazer conexões.
Não por acaso, é um dos idealizadores e articuladores do Instituto Caldeira, uma das principais iniciativas gaúchas dos últimos tempos na área da inovação e que busca conectar empresas e startups para estimular o ecossistema do Rio Grande do Sul. "Mudei para São Paulo com a família para acompanhar a implantação do Agibank, mas sigo firme com as raízes locais. Sou cidadão gaúcho e quero ver meu Estado crescendo. Estarei sempre em Porto Alegre, até porque tenho um filho na cidade", brinca, se referindo ao Caldeira, que hoje é liderado por Pedro Valério. E se é de líderes inspiradores que as novas gerações precisam, temos aí um belo exemplo de superação.
De origem humilde, Testa nasceu em Fagundes Varela, na época distrito de Veranópolis, e começou a empreender aos oito anos de idade, quando vendia merenda na escola para poder comer a sua. Aos 16 anos, criou uma empresa de varejo, vendeu e, três anos depois, quando estava na faculdade, teve o insight de criar o Agibank. O cenário era de reestruturação do sistema financeiro nacional e ele se tornou um agente de crédito. Começou com uma pastinha, vendendo crédito de porta em porta. "Eu era um CNPJ de uma pessoa só", relembra.
Como sempre gostou de tecnologia, logo viu a possibilidade de unir a oferta de crédito em bancos com a demanda de clientes, e oferecer isso em site. Desenvolveu a plataforma, que chamou a atenção do Bradesco, com quem ele acabou fazendo uma parceria para a distribuição de crédito consignado. "Dessa financeira, em 2016, comprei um banco e comecei a jornada para transformá-lo em digital, omnichannel e uma operação obcecada pela experiência dos clientes", conta.
O resultado? Uma instituição com R$ 3,8 bilhões de ativos sob gestão, rumo aos 4 mil colaboradores e com uma oferta 100% digital. "Quem não tiver a mente aberta para aprender e se reconstruir, não vai longe. São as transformações diárias que fazem essa revolução e tornam as empresas perenes", aponta.
Empresas & Negócios - Você inicia o ano com uma perspectiva otimista para os negócios? Como projeta o ambiente para os players do setor financeiro?
Marciano Testa - Sim, estou bem otimista com a retomada da atividade econômica. O BID divulgou uma perspectiva de Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (3%) inferior ao mundo (4%), mas estamos muito próximos da economia real e vemos um aquecimento, com vagas de empregos disponíveis e, inclusive, dificuldade de algumas empresas contratarem. O governo fez a parte dele em 2020, dando assistencialismo em função do cenário de Covid-19 e, agora em 2021, o mercado privado tem que fazer a sua parte e buscar a aceleração, independente do cenário. O setor financeiro é emergente dentro de um mercado emergente, pois existem oportunidades enormes escondidas dentro dos cinco maiores bancos. Instituições financeiras desafiantes como o Agibank terão um importante papel na desconcentração deste setor, assim como outras fintechs e segmentos de mercado que serão "disruptados". Este é o ano disso acontecer.
E&N - Neste cenário de competitividade, a colaboração entre bancos e fintechs é algo possível?
Testa - A relação entre bancos (tradicionais) e os desafiantes, como o nosso, não é de mil amores. Não tem muita colaboração mesmo, cada um está buscado o seu espaço. Já caiu a ficha para essas instituições que mercado vai se desconcentrar. Vamos ter cada vez mais empresas atuando em segmentos específicos, como na área de investimento e crédito, e também players de outros setores, que vão acabar consumindo parte dos ativos desses bancos. Basta um dos grandes bancos perder de 5% a 10% dos seus ativos para que sejam geradas algumas novas empresas no mercado. Além disso, temos novos entrantes na economia, os jovens que chegam ao mercado de trabalho e pessoas que estão começando a empreender, e isso gera aos desafiantes mais de clientes e um novo mercado endereçável.
E&N - O desenho atual do mercado financeiro vai mudar muito nos próximos anos?
Testa - No longo prazo, e com o regulador apoiando e trazendo iniciativas como do open banking, Pix e, mais adiante, as moedas digitais, o mercado não será como é hoje. A forma como as pessoas vão se relacionar com banco e o dinheiro vai mudar. Cada banco desafiante e as fintechs vão abocanhando um pedaço desses ativos. O segmento que Agibank ataca, por exemplo, é o de folha de pagamento de funcionários públicos e privados, aposentados. Para 2021, estamos preparando o lançamento de uma iniciativa para atacar além da folha de pagamento. Vivemos a era da abundância. Todos os negócios que têm audiência estão tentando gerar relacionamento financeiro com seus clientes. Isso significa que os 'bancões' não vão só ser atacados pelos bancos entrantes, mas também por players do varejo, como Magazine Luiza, iFood, Mercado Livre, entre outros.
E&N - O que podemos esperar do Agibank para este ano?
Testa - Mesmo com a pandemia, o Agibank cresceu 47% de 2019 para 2020 e, em 2021, temos expectativa de superar 65%. E vamos ter esse crescimento com lucro. Quando olho os três grandes atributos de negócios como o nosso, vejo um mercado endereçável gigante, com crescimento por longo prazo, sustentável e rentável. A gente consegue, nesse processo de desconcentração, promover justiça financeira para esses clientes, oferecendo uma experiência melhor de acesso aos serviços financeiros, atendimento mais próximo e uma experiência digital.
E&N - Como a ida para Campinas reflete a visão de futuro do Agibank?
Testa - Somos empreendedores em série. Estávamos planejando a ida para São Paulo há anos. Não é uma saída do Rio Grande do Sul, mas uma ação de crescimento. A nossa unidade de tecnologia, a HypeFlame, ficará no Rio Grande do Sul, e em Campinas a proposta é ter, de fato, um modelo de qualidade de vida para os nossos colaboradores. Acredito muito que as pessoas só vão dar o máximo se estiverem 100% felizes. A nossa sede tem espaço para 700 pessoas, parte virá de Porto Alegre e parte estamos contratando aqui. Estamos dentro de um complexo empresarial ao lado do Aeroporto de Viracopos, com acesso a hotel, shopping, academia e restaurantes. A sede é sustentável e o ambiente superconvidativo para as pessoas se encontrarem, já que definimos o modelo híbrido como permanente.
E&N - Você é um dos idealizadores do Instituto Caldeira. Como tem visto a evolução dessa iniciativa?
Testa - O Instituto Caldeira é um pilar muito importante para o Rio Grande do Sul, pois tem papel fundamental na mudança de mindset das pessoas. Tivemos que interromper a obra física ano passado em função da Covid-19, mas até março estamos entregando espaços que darão a possibilidade de as empresas se instalarem lá. Grande negócios vão acontecer dentro do Caldeira, um ecossistema borbulhando de iniciativas das startups, dos labs de inovação das grandes empresas, dos fundos de investimentos, dos aceleradores e universidades. Essa combinação gera um efeito de atrair, reter e dar novas oportunidades para os jovens do nosso Estado. O Instituto Caldeira vai ter um papel nobre e sou muito otimista com o futuro que ele pode entregar.
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