Administrador de Empresas por formação, o CEO da Joape, João Henrique Schmidt dos Santos, é também o idealizador de muitos equipamentos da marca. Natural de Santo Antônio da Patrulha, onde fica a fábrica de climatizadores, ele atua no setor criativo da empresa ao lado do pai, Guilherme dos Santos, com quem abriu o negócio há 25 anos. A companhia que exporta para 65 países, conquistou um novo nicho de mercado em 2020. "Em setembro, com a chegada da segunda onda de Covid-19 lá fora, passamos a comercializar nossos pulverizadores com a finalidade de descontaminação de ambientes", explica o empresário.
Empresas e Negócios - Como é feita a descontaminação do ar por climatizadores?
João Henrique Schmidt dos Santos - Possuímos uma linha de equipamentos que inclui pulverizadores verticais, que podem ser instalados em ambientes externos, gerando grande volume de névoa. Foram desenvolvidos para fazer circular e trocar o ar nos ambientes, então retiram da atmosfera impurezas microbianas que surgem das gotículas de saliva oriundas de conversas, espirros e tosses. Juntamente com o dispenser para álcool em gel 70%; os climatizadores evaporativos e os kits com tapetes de limpeza e descontaminação que comercializamos são providenciais em épocas de vírus e pandemias. Este equipamento é "quatro em um", pois além de climatizador, é também purificador, umidificador e pulverizador. Criamos também um carro pulverizador, que faz a limpeza física do ambiente, descontaminando grandes áreas em pouco espaço de tempo. No caso do novo coronavírus precisa adicionar soluções (autorizadas pela agência sanitária de cada local) como o Silver Clean (feito com nano partículas de prata, que mantém o ambiente seguro por 12 horas) usado aqui no Brasil.
E&N - Como tem sido a adesão?
Santos - Várias indústrias brasileiras utilizam e, desde que iniciou a segunda onda da pandemia de Covid-19 lá fora, estamos comercializando os climatizadores para mais 10 países. Em Porto Alegre, o pessoal passou a utilizar o pulverizador para descontaminar o ar no Araújo Vianna. Na capital do Rio de Janeiro, colocaram na entrada do Pão de Açúcar e fizeram o mesmo em um prédio de Houston, no Texas, por exemplo. O equipamento pode ser colocado em entradas de estabelecimentos comerciais, restaurantes, escolas - onde a pessoa passar, pega a superfície das roupas e do corpo.
E&N - Qual a vantagem do climatizador sobre o ar-condicionado no combate ao coronavírus?
Santos - Nossos climatizadores são comprovadamente eficientes para depurar o ar em locais com concentração de seres vivos. São equipamentos potentes para a renovação constante do ar, e rentáveis para os investidores, que também economizam energia elétrica, pois além de promover o que o ar-condicionado não promove (renovação de ar), além disso o climatizador evaporativo tem um custo bastante inferior e gasta muito menos energia elétrica. Mas é bom destacar que especialistas em climatização dizem que o ar-condicionado em si não é o problema, mas, sim, o uso em ambientes fechados, com pouca ventilação ou nenhuma. Nestes casos, se houver uma pessoa contaminada no local, poderá infectar as demais com maior facilidade.
E&N - Como descobriram a eficácia do equipamento (associado a essas soluções) no controle de disseminação da Covid-19?
Santos - Nossa empresa está constantemente focada no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções de alta qualidade nas linhas residencial, comercial e industrial. Comecei a trabalhar com meu pai aos 14 anos e sempre tive uma veia empreendedora. Divido com ele a criação dos produtos da empresa, mas foi dele a ideia do climatizador evaporativo há 20 anos atrás. Exportamos o equipamento para dezenas de países, e além do Brasil temos patente na Europa, Estados Unidos e México. Mas foi em 2003, quando percebi que as crianças (meus filhos) pegavam gripe na escolinha, devido a contato de mão e pelo ar, que comecei a fazer estudos para colocar agentes químicos e orgânicos misturados com a água e pulverizados no ambiente para reduzir a carga microbiana do local, e descontaminar a superfície do corpo das pessoas. Depois, e em 2008, com a chegada da epidemia de H1N1 e liguei para a prefeitura, rodoviária e aeroporto de Porto Alegre, e ofereci os equipamentos (mas não tive retornos). A ideia era fazer um túnel de climatizadores evaporativos para serem usados como uma barreira sanitária, para as pessoas que ali passassem descontaminassem as roupas. Com a pandemia de Covid-19, enviamos o equipamento para ser testado pela Ufrgs, onde foi comprovado que em um segundo o vapor atinge 75% da superfície do corpo da pessoa. Devido à alta circulação do vírus, a orientação atual - além das medidas de distanciamento, uso de máscara, higienização constante das mãos e etiqueta sanitária - é manter os ambientes ventilados através de janelas abertas, portas, quando for possível, e utilizando alternativas como climatizadores e ventiladores. Foi então que percebemos o potencial do que já fazíamos a partir do uso de tecnologias modernas, desenvolvendo soluções em climatização que reduzem as temperaturas e, principalmente, promovem a limpeza e a hidratação do ar. Desde março, vários estabelecimentos da cidade começaram a usar a ideia do túnel de pulverizadores, a exemplo do Shopping Lindoia, na zona Norte. Isso contribuiu no aumento de 30% do fluxo de pessoas no local.
E&N - E sobre os produtos utilizados para a descontaminação, o que pode dizer?
Santos - Fui atrás de produtos que não fizessem mal às pessoas, que não fossem tóxicos. Biguanida, que é usado na indústria de alimentos; Terpeno, que é feito de óleos essenciais extraídos da casca da laranja, e tem toxidade zero e um cheiro super agradável (ao contrário da amônia) e o Silver Clean. O equipamento com estes produtos é ideal para utilizar em ambientes fechados como restaurantes, salas de aula, lojas, shoppings-centers, cinemas, e até em carros. A vantagem é que é mais uma barreira para evitar o contágio, uma vez que tem muita gente que bate punho com punho para se cumprimentar e daqui a pouco esquece e passa o dorso da mão nos olhos. Então a melhor coisa é a pulverização constante, para manter o ambiente limpo, principalmente nos restaurantes, onde as pessoas tiram a máscara e os perdigotos ficam no ar.
E&N - Há mais algum equipamento sendo desenvolvido pela empresa, ou pelo restante do mercado, que cumpra este papel?
Santos - Ainda não se sabe tudo sobre o novo coronavírus e nem quanto tempo vai durar a pandemia, mesmo com algumas vacinas já sendo aplicadas. Por isso, buscar alternativas paliativas para o controle da doença tem sido uma das apostas da Joape - Clima e Saúde no Ar, de acordo com o CEO, João Henrique Schmidt dos Santos. Encontra soluções e produtos contra o vírus Covid-19 está entre as principais metas da nossa empresa em 2021. Importante salientar que a Joape tem como filosofia a busca constante por recursos renováveis, facilitando a vida do consumidor, sem prejudicar a natureza e contribuindo para a preservação do meio ambiente. E desde o início do ano estamos atentos a tudo que acontece no mundo quando o assunto é controle da Covid-19. Realizamos muitas pesquisas e temos uma equipe de engenheiros químicos e físicos focada nisso. No momento estamos com cinco produtos em desenvolvimento para 2021, entre eles um filtro de ar de carvão ativo, previsto para ser lançado em janeiro.