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- Publicada em 21 de Setembro de 2020 às 00:00

Longe dos holofotes, artistas precisam de ajuda

Casa está localizada na rua Anchieta, bairro Glória em Porto Alegre, e pode receber até dez moradores

Casa está localizada na rua Anchieta, bairro Glória em Porto Alegre, e pode receber até dez moradores


/Divulgação/Casa do Artista Riograndense
Luisa de Oliveira
"Eu sinto na minha mente, ideias florirem. Mas, quando as flores forem secando, os galhos forem quebrando, e daí, o que é que vai ser de mim? O que é que vai ser da minha mente? O que mais eu poderei fazer?" é com essa fala que Wilson Gomes, 78 anos, relembra um dos personagens favoritos da carreira, Dr. Armando, da rádio novela 'O Homem sem Futuro', transmitida pela rádio Gaúcha. Wilson, que é ator, diretor e produtor de rádio teatro, não vive mais nos estúdios, mas ocupa hoje o quarto número 2 da Casa do Artista Riograndense.
"Eu sinto na minha mente, ideias florirem. Mas, quando as flores forem secando, os galhos forem quebrando, e daí, o que é que vai ser de mim? O que é que vai ser da minha mente? O que mais eu poderei fazer?" é com essa fala que Wilson Gomes, 78 anos, relembra um dos personagens favoritos da carreira, Dr. Armando, da rádio novela 'O Homem sem Futuro', transmitida pela rádio Gaúcha. Wilson, que é ator, diretor e produtor de rádio teatro, não vive mais nos estúdios, mas ocupa hoje o quarto número 2 da Casa do Artista Riograndense.
Fundada em 1949, a organização sem fins lucrativos busca auxiliar artistas aposentados, com dificuldades financeiras ou sem moradia própria. Na casa, além de Wilson, moram outros seis artistas. Para Luciano Fernandes, presidente da instituição, a Casa tem um papel representativo muito importante para a categoria artística "A gente sempre valorizou muito nossos mestres, e na Casa moram vários deles. Ter esse respeito é quase que o contrário do que a nossa sociedade faz, de considerar os idosos obsoletos, ultrapassados".
A manutenção do local é feita em sua totalidade pelos moradores, sendo uma das características que a difere de um asilo, Luciano comenta que "Não queremos passar uma imagem de coitadismo, por que por exemplo, a casa não tem nenhum funcionário. Acho que isso traz alguma dignidade para eles, por que eles cuidam de tudo, cortam a grama, pintam a casa, cuidam da segurança". 
Contas de água, luz e alimentação são pagas pelos doadores mensais, em torno de 20 pessoas, e despesas adicionais são quitadas com vaquinhas divulgadas através das redes sociais. A Casa realizava eventos para a captação de recursos, como um Sarau, feito pelos moradores mensalmente, e shows aos finais de semana, porém, as atividades foram paradas pela pandemia, comprometendo a renda do local. A maioria dos moradores recebe algum tipo de benefício, como: aposentadoria, LOAS (benefício concedido pelo governo federal à pessoas que comprovem a dificuldade de prover sua própria manutenção) ou Bolsa Família, porém, a verba acaba não sendo suficiente para sustentá-los, o que trouxe muitos para a instituição.
A residência possui capacidade para 10 moradores, cada um tendo direito ao próprio quarto. Os residentes são escolhidos por um processo seletivo, onde os candidatos devem apresentar: documentos, a comprovação de quem em ao menos 10 anos a atividade artística foi renda principal do candidato, além de entrevistas, com a pessoa e com a família. O local não abriga moradores que necessitem de cuidados médicos específicos, como cuidador e enfermeiro, e caso algum dos moradores venha a necessitar do auxílio é direcionado pela diretoria para outra entidade. O auxílio médico prestado regularmente aos moradores é feito por médicos do posto de saúde próximo ao local.
Atualmente, com a pandemia, os moradores têm sido conscientizados a ficarem na casa, o que tem sido um desafio, "foi muito complicado para conseguir manter os moradores dentro de casa, alguns demoraram a acreditar", comenta Luciano. Em julho, Wilson, o morador mais velho da Casa, foi diagnosticado com Covid-19. Após, cuidados médicos e 14 dias de isolamento em seu quarto, todos os moradores foram testados e negativados.
Para Wilson enfrentar o vírus sabendo que tinha pessoas que prezam por seu bem-estar e saúde foi importante "A casa para mim é uma família, como toda família existem briguinhas, discordâncias. Mas há uma união". Porém, a relação do ator com a casa nem sempre foi tão bonita "eu tinha essa mentalidade de quem terminasse na casa era velho. Muitos dos que estão aqui não conheciam realmente a casa, e nem o que ela oferecia".
Hoje, morando na Casa do Artista desde 2003, Wilson conta o que a arte representa em sua vida "A arte para mim foi algo que eu construí, que ela me favoreceu muito". Atualmente Wilson está escrevendo uma minissérie de 15 capítulos em seu notebook, presente de uma doação feita à Casa. Ele diz sentir que sua história com a arte ainda não terminou. Luciano, presidente da Casa, reforça "Pedimos que as pessoas chamem os moradores para trabalhar. O ator quer trabalhar a vida toda, esse é o prazer deles".
Contribuições monetárias, doações de alimentos e roupas, através do telefone: (51) 98943-7898, ou e-mail [email protected]. Para acompanhar as redes sociais da Casa, siga: @casadoartistars, no Instagram, e curta a página da instituição no facebook: Casa do Artista Riograndense.
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