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Empresas & Negócios

- Publicada em 08 de Setembro de 2020 às 03:00

Vinícola Campestre celebra aumento de vendas

Zanotto relata que foi necessário rever o volume de produção para atender à demanda

Zanotto relata que foi necessário rever o volume de produção para atender à demanda


JEFFERSON KLEIN/especial/jc
Jefferson Klein
Se o coronavírus prejudicou o desempenho da maioria dos setores econômicos, o fato da pandemia ter feito com que as pessoas ficassem mais em casa e dos supermercados não terem fechado ocasionou um maior consumo de vinhos no Brasil.
Se o coronavírus prejudicou o desempenho da maioria dos setores econômicos, o fato da pandemia ter feito com que as pessoas ficassem mais em casa e dos supermercados não terem fechado ocasionou um maior consumo de vinhos no Brasil.
O diretor-presidente da vinícola Campestre, João Carlos Zanotto, atesta esse cenário e adianta que o grupo gaúcho reviu para cima a perspectiva de vendas da bebida para este ano. Inicialmente, a estimativa era de alcançar um patamar de 30 milhões de litros e agora a expectativa é de atingir 33 milhões de litros.
Por outro lado, a situação do vírus atrapalhou um pouco os planos da empresa ligados ao enoturismo em sua unidade em Vacaria, contudo o executivo ressalta que as ações relacionadas a essa atividade serão mantidas.
A empresa, que começou o projeto da filial em Vacaria em 2015 e as operações em 1968, na matriz em Campestre da Serra, trabalha com vinhos de mesa, finos, espumantes e sucos através das marcas Pergola, Zanotto e Nova Morada, além da cerveja Per Birra.
Empresas & Negócios - Como a pandemia afetou o dia a dia da vinícola?
João Carlos Zanotto - Houve um aumento muito grande do consumo de vinho e abaixou o de espumantes e do suco de uva. A gente não sabe se é uma bolha de mercado ou se depois da pandemia vai continuar. Como as pessoas ficaram mais em casa e os supermercados abertos, muita gente levou vinho para suas residências. Tínhamos a expectativa de comercializar 30 milhões de litros de vinho neste ano, mas com a pandemia aumentaram as vendas, então devemos chegar a 33 milhões de litros. O consumo diminuiu pelo lado de bares e restaurantes, mas os supermercados elevaram muito as vendas.
E&N - Esse incremento foi percebido em todo o Brasil ou ficou focado em algumas regiões?
Zanotto - Em todo o País, principalmente de São Paulo para cima.
E&N - A vinícola Campestre estava apostando no enoturismo, em sua unidade em Vacaria, como ficou essa questão com a pandemia?
Zanotto - A vinícola Campestre é a que mais vende vinho de mesa no Brasil, há seis anos. Fizemos o projeto em Vacaria relacionado aos vinhos finos porque a gente acredita que o enoturismo é o principal fator para incrementar as vendas. As pessoas vêm aqui, visitam, veem os métodos usados e fazem degustação. Cerca de 25% de todo consumo de vinho no mundo é feito através do enoturismo. Com essa pandemia tivemos que restringir, porque iniciamos as visitas em fevereiro e em março já tivemos que parar. Agora estamos iniciando de novo, mas muito devagar, com muito cuidado. Esperamos que até o final do ano a gente recomece com toda a força.
E&N - A empresa tinha a ideia de agregar um restaurante e um hotel com águas termais no complexo da vinícola de Vacaria, esse plano permanece?
Zanotto - Continua, só estamos indo mais devagar. Como a gente não sabe quando termina (a pandemia), gerou essa instabilidade. Mas, as ideias só foram postergadas.
E&N - Inicialmente, se projetava três a quatro anos para desenvolver essas novas iniciativas. Como está agora?
Zanotto - Ainda se tem essa expectativa, só que a gente não iniciou (o projeto). Esperávamos começar já neste ano e foi adiado, mas eu acho que em quatro anos estará totalmente pronto. Nós acreditamos muito no turismo, que agora parou, mas o pessoal vai voltar. As pessoas estão com vontade de sair, de viajar, só não estão indo por causa do vírus. O turismo interno será o primeiro a se recuperar, talvez com bem mais força do que era antes.
E&N - Quantos tipos de uvas vocês plantaram em Vacaria?
Zanotto - Nós plantamos em torno de 15 tipos de uvas. As que mais se adaptaram foram Sauvignon Blanc, Pinot Noir e Merlot. O Malbec também surpreendeu muito aqui nos Campos de Cima da Serra. Plantamos para experimentar e deu um espetáculo de Malbec, deu um vinho que é um espetáculo. A região vai ser o futuro para a uva, porque tem dias quentes, mas noites amenas.
E&N - Como foi a qualidade da safra da uva deste ano?
Zanotto - Este ano foi excelente, é aquela safra que a gente diz que a cada 20 anos dá uma. A estiagem, que foi muito ruim para muita coisa no Rio Grande do Sul, como a soja e o milho, para a uva, na hora da colheita, a estiagem fez com que ela amadurecesse muito mais. Nós temos vinhos que vamos lançar agora, mas vamos deixar também vinhos para quatro, cinco, dez anos, porque é aquela safra para guardar.
E&N - E como foi a safra em questão da quantidade com a estiagem?
Zanotto - Em quantidade foi inferior. Tivemos uma queda da uva em torno de 30% neste ano em relação a 2019. A seca prejudicou bastante nesse sentido.
E&N - A vinícola está lançando novos produtos?
Zanotto - A gente está lançando o Nova Morada. Teremos Tannat, Merlot e Assemblage. Os três vinhos terão somente 2 mil garrafas cada um. É um vinho que ficou em torno de um ano e meio em barril de carvalho.
E&N - Continua muito feroz a concorrência dos vinhos brasileiros com os produtos chilenos e argentinos?
Zanotto - Como o dólar aumentou, amenizou um pouco, mas eles sempre fazem frente. Nós temos uma matéria-prima mais cara e uma tributação mais elevada que a deles, então fica desigual. Mas, a pandemia fez com que aumentassem as vendas tanto do vinho nacional como do importado.
E&N - Como está o planejamento do grupo para a produção de azeite?
Zanotto - Nós ainda não conseguimos colher, pois a oliveira começa a produzir no quinto ou sexto ano. Iniciamos um projeto devagar, até como experiência, mas temos sete hectares plantados (em Vacaria) e queremos em um ou dois anos começar a colher. É um projeto novo, pois acreditamos que esse mercado pode crescer muito no Brasil, porque praticamente todo o azeite consumido no País é importado. Achamos que em poucos anos teremos um azeite de boa qualidade no mercado que possa fazer frente à importação.
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