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Empresas & Negócios

- Publicada em 27 de Julho de 2020 às 03:00

Pequenos negócios lutam contra a crise

Financiamento coletivo foi a aposta de empreendedores da Amazônia

Financiamento coletivo foi a aposta de empreendedores da Amazônia


RAWPIXEL UNSPLASH/DIVULGAÇÃO/JC
Com perdas de receita e dificuldades logísticas, pequenos negócios da Amazônia são forçados a buscar alternativas para sobreviver durante a crise. Entre as saídas encontradas estão o financiamento coletivo e as vendas de produtos on-line. "As empresas tiveram redução média de 70% no faturamento. O acesso às matérias-primas se tornou mais difícil e mais caro, porque muitas comunidades extrativistas ficaram isoladas", diz Mariano Cenamo, coordenador executivo da PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia), rede que reúne ONGs, companhias privadas e órgãos internacionais.
Com perdas de receita e dificuldades logísticas, pequenos negócios da Amazônia são forçados a buscar alternativas para sobreviver durante a crise. Entre as saídas encontradas estão o financiamento coletivo e as vendas de produtos on-line. "As empresas tiveram redução média de 70% no faturamento. O acesso às matérias-primas se tornou mais difícil e mais caro, porque muitas comunidades extrativistas ficaram isoladas", diz Mariano Cenamo, coordenador executivo da PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia), rede que reúne ONGs, companhias privadas e órgãos internacionais.
Com o avanço do novo coronavírus, a entidade fez um plano para atender empreendedores da Amazônia em cinco frentes. Uma delas foi a criação de um fundo de capital de giro para fazer aportes de até R$ 20 mil em empresas com dificuldades financeiras, a juro zero ou fundo perdido (que não precisa ser pago).
Os recursos do fundo emergencial já foram aplicados em sete negócios e devem ajudar os empresários a formar estoques, comprar insumos de comunidades ribeirinhas e renegociar dívidas com credores. A rede também fez parcerias com canais de venda on-line, para facilitar o escoamento dos produtos amazônicos.
Um desses acordos foi com o Mercado Livre, que abriu espaço em junho para dez empreendedores da floresta na área destinada a produtos sustentáveis na plataforma. Logo na primeira semana, a categoria alcançou 60 mil acessos, um crescimento de 100%.
A empresa de ecommerce promoveu ainda mentorias com os empreendedores. "O comércio eletrônico é um desafio para muitos deles. Com a iniciativa, buscamos ajuda-los a romper barreiras e dar visibilidade aos produtos da Amazônia", afirma Laura Motta, gerente de sustentabilidade do Mercado Livre. Boa parte dos negócios já tinha planos de criar ou reforçar suas próprias lojas on-line. A Da Tribu, de Belém, conseguiu aumentar suas vendas em 20% com a iniciativa do Mercado Livre e agora está reestruturando seu ecommerce.
A microempresa familiar, criada pela produtora cultural Tainah Fagundes, 37, e sua mãe, Kátia Fagundes, 56, produz acessórios (colares, anéis, brincos e pulseiras) com insumos da floresta, como fios de algodão revestidos de látex comprados de uma comunidade de seringueiros da Ilha de Cotijuba, no Pará.
No início da pandemia, as vendas cessaram, e as empreendedoras cogitaram fechar o negócio. "Foi um susto, ficamos dois meses sem vender um único brinco. Mas vimos que existem pelo menos 30 pessoas na nossa cadeia de fornecedores que dependem da empresa e unimos forças para continuar", diz Tainah.
A Da Tribu criou uma campanha de financiamento coletivo atrelada à venda de produtos para ajudar a comunidade de fornecedores. A iniciativa arrecadou R$ 5.400 em junho e ainda está no ar. Além disso, recebeu um aporte de R$ 20 mil do fundo de capital de giro do PPA. O dinheiro está sendo usado no desenvolvimento de uma nova linha de produtos.
Em São Paulo, micro e pequenos empreendedores do estado ganharam um canal de reforço para enfrentar as dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19. O Sebrae-SP lançou o programa on-line "Enfrente a Crise" e a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil promove aos seus associados a oportunidade de participação dos cursos de capacitação. O objetivo é proporcionar aos empreendedores e empresários em geral o aperfeiçoamento em gerir os negócios. O programa tem como público-alvo empresas com faturamento anual de até R 4,8 milhões.
A ferramenta gratuita consiste na capacitação remota de empresários em cursos com cinco módulos que abordam etapas importantes da rotina empresarial, além de horas de consultoria, promoção de rodadas de negócios e acesso a programas permanentes de apoio aos empreendedores como, por exemplo, o Sebraetec, produto do Sebrae que oferece serviços tecnológicos às empresas.
As primeiras duas turmas do "Enfrente a Crise" contaram com a participação de micro e pequenos empresários dos segmentos de Alimentação e Moda, na ação-piloto que reuniu 36 empreendedores na semana de 22 a 26 de junho.
Uma das participantes da primeira turma foi a empresária Luciana Caran, que atua no ramo de embalagens para o setor alimentício. Por ser Microempreendedora Individual (MEI), acreditava que o reforço seria mais focado em diretrizes para médias e grandes empresas, impressão inicial que não se confirmou. "O curso foi muito completo, passou do marketing digital ao gerenciamento de caixa. Abordou muitas informações inéditas para o meu caso, inclusive com conteúdo de ordem prática", pontuou a microempresária. Segundo ela, iniciativas como essa contribuem para a manutenção dos negócios, especialmente diante do cenário atual de dificuldades. "Em tempos de pandemia, toda a ajuda é bem-vinda."
Proprietário da Beauty Summer, empresa da área de Moda, Cristiano Teixeira Carvalho também integrou a turma-piloto do projeto, destacando como ponto positivo a entrega de um conhecimento estruturado para os negócios. "O curso nos dá lucidez para que possamos gerar soluções em meio a essa situação crítica que estamos enfrentando", destacou.
Segundo ele, a parceria da GS1 Brasil com o Sebrae é importante para contornar o cenário adverso e ficar mais bem preparado e com mais conhecimento. "É na crise que se reconhecem as verdadeiras parcerias." O programa ficará disponível enquanto perdurar o período de calamidade causada pelo novo coronavírus, e a GS1 Brasil está avaliando a possibilidade de abrir novas turmas para seus associados.
 
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