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Empresas & Negócios

- Publicada em 06 de Julho de 2020 às 03:00

Contabilizei transformou mercado de contabilidade

Startup conta com mais de 10 mil clientes e investimentos internacionais, diz Vitor Torres

Startup conta com mais de 10 mil clientes e investimentos internacionais, diz Vitor Torres


Contabilizei/Divulgação/JC
Roberta Mello
Como muitos empreendedores, foi a partir da dificuldade encarada ao iniciar o próprio negócio que o gaúcho Vitor Torres teve a ideia de criar a empresa que realmente mudaria sua trajetória profissional. O que chama atenção realmente foi que ele inovou em uma área presente em todos os negócios e que até então pouca gente via potencial para mudanças: a contabilidade.
Como muitos empreendedores, foi a partir da dificuldade encarada ao iniciar o próprio negócio que o gaúcho Vitor Torres teve a ideia de criar a empresa que realmente mudaria sua trajetória profissional. O que chama atenção realmente foi que ele inovou em uma área presente em todos os negócios e que até então pouca gente via potencial para mudanças: a contabilidade.
Presente desde a abertura até o fechamento das empresas, o serviço contábil continuava sendo feito de um jeito bastante parecido desde a sua origem. Foi com a digitalização dos documentos e a informatização da Receita Federal que a rotina começou a mudar.
Torres se deu conta dessa nova dinâmica e enxergou no desafio vivido por empreendedores como ele a oportunidade para a criação de um serviço de contabilidade 100% digital. Nascia, em 2013, a Contabilizei.
Em sete anos, a empresa tem mais de 10 mil clientes em todo País, é considerada o maior escritório de contabilidade e uma das fintechs mais promissoras do Brasil. A empresa já recebeu mais de R$ 75 milhões em investimentos de diversos fundos internacionais, incluindo o Banco Mundial (IFC), KaszeK Ventures (fundo dos fundadores do Mercado Livre) e Point 72 Ventures. A companhia também foi eleita uma das 10 mais inovadoras da América Latina pela revista norte-americana FastCompany. Voltada a micro e pequenos empreendedores, a empresa estima ter gerado aos clientes uma economia em serviços contabéis superior aos R$ 250 milhões.
Com escritórios em São Paulo e Curitiba, Torres salienta que a companhia pouco sentiu os impactos negativos do novo coronavírus na operação. Os cerca de 350 funcionários entraram em home office e a empresa assumiu o compromisso de não realizar demissão ou redução na carga horária. Além disso, os funcionários receberam um valor "extra" no primeiro mês de trabalho remoto para adequarem seus locais de trabalho em casa às suas necessidades. O objetivo, segundo Torres, é valorizar o capital humano
A empresa vem dobrando de tamanho a cada ano desde 2016 e, segundo Torres, não deve ter essa projeção alterada em 2020. A meta é crescer 200% até 2021.
Empresas&Negócios - Quando teve a ideia de criar uma empresa para oferecer um tipo de serviço que até então não era feito totalmente online?
Vitor Torres - Foi quando voltei ao Brasil depois de uma temporada em Londres com minha esposa e minha filha. Decidi abriu uma empresa de educação corporativa e quando comecei a me relacionar com um contador senti a dificuldade de ter que pagar caro por uma contabilidade para continuar lidando com um monte de papel e receber um serviço que não atendia às minhas expectativas. Essa minha empresa passou por quatro contadores. Nessa mesma época vi que os bancos estavam começando a difundir o internet banking e fiz a comparação: se o banco está fazendo com que a agência se torne digital, porque o contador não pode ser digital? Pensei também em ter um contador que atendesse o Brasil inteiro.
E&N - Como foi a criação da startup e a captação de um investimento-anjo?
Torres - Primeiro eu e os sócios quebramos o cofrinho. Passei quase 14 meses sem receber um salário desde o início da criação. Depois de três em operação conquistamos o primeiro investimento-anjo de um grupo de anjos de Curitiba chamado Curitiba Angels. Hoje eles são bem conhecidos mas a Contabilizei foi o primeiro investimento deles. Depois de seis meses a KaszeK Ventures (fundo dos fundadores do Mercado Livre) investiu no nosso negócio. Nesse momento eles investiram também em Nubank, Quinto Andar e várias outras empresas.
E&N - Por não ter formação em contabilidade, como você soube que era possível fazer uma contabilidade digital? Se inspirou em algum modelo de serviço já existente fora do Brasil?
Torres - Eu fui atrás de contadores que pudessem auxiliar. Inclusive, foi bem difícil encontrar quem topasse o desafio. Mas o nosso modelo de serviço é original e não tem nenhum local do mundo que tenha um escritório do nosso tamanho. No Brasil foi criada uma condição única porque foi um dos primeiros países a digitalizar a nota fiscal e a forma como o governo quer que sejam prestadas as informações. Nós soubemos pegar carona nisso. Os outros países estão até um pouco mais atrasados nesse sentido. E o que está acontecendo agora é que nós estamos servindo de inspiração para eles.
E&N - A Contabilizei nasceu também durante um boom das fintechs. Como você vê o cenário de empresas de tecnologia na área de finanças? Há uma tendência de crescimento desses negócios com a pandemia?
Torres - Tudo o que as fintechs fazem é com o objetivo de mudar a forma como as coisas são feitas hoje para se alinhar às necessidades do público. Ninguém quer ir ao banco falar com o gerente para pedir um empréstimo. A mesma coisa acontece com a gente. O empreendedor não quer mais ter de falar com o contador. As pessoas não têm mais tempo para isso. As fintechs retomam aquela lógica de que quem dita o mercado é o público e quando falamos de fintechs estamos tratando de mercados que operam do mesmo jeito há décadas. E essa mudança não tem volta.
E&N - E como lidar com a concorrência não só com os serviços tradicionais mas com as empresas de contabilidade digital que estão surgindo? Como as fintechs fazem para continuar inovando e sendo competitivas?
Torres - Ainda bem que o mercado está competitivo. Competição gera um valor para o público. Se estivéssemos sozinhos provavelmente iríamos nos acomodar. Ter gente entrando é muito legal e sentimos o estímulo constante para investir não só em produto e tecnologia, mas em recursos humanos. Buscamos os melhores profissionais, desenvolvemos os potenciais líderes da companhia e temos investido cada vez mais nas nossas pessoas. Embora sejamos uma empresa de tecnologia, quem dita a tecnologia e se relaciona com o nosso cliente são pessoas.
E&N - Tem alguma novidade na operação que você possa adiantar?
Torres - Sim. Estamos começando a ajudar o nosso cliente não só a abrir o negócio mas também a ter uma conta bancária gratuita. Estamos fazendo integrações com bancos para que o cliente possa, em um clique, abrir sua conta com a Contabilizei em um outro banco parceiro. No momento estamos fazendo testes internos e em breve devemos lançar o produto.
E&N - Além das duas primeiras rodadas de investimento, vocês tiveram uma terceira mais recentemente, que contou com um investimento internacional. De quanto foi esse aporte e qual a relevância de ter esse aval estrangeiro?
Torres - Recebemos R$ 75 milhões de investimento em 2018. Foi um investimento do Banco Mundial (IFC) e do Point 72 Ventures, que é um maiores investidores dos Estados Unidos. Além do valor de receber o dinheiro, que é óbvio, ser escolhido por esses fundos traz reconhecimento e validação internacional. Demonstra que estamos conseguindo competir com números e métricas de empresas norte-americanas. Eles agregam também muita expertise de indústrias e benchmarks de empresas que estão alguns passos na frente e de um mercado que está um pouco mais maduro do que o nosso.
E&N - Contar com esse olhar alinhado com o cenário global no conselho de administração tem ajudado a continuar crescendo e a lidar com a pandemia?
Torres - Sem dúvida. As reuniões continuaram a fomos prevendo a chegada do novo coronavírus e como lidar com ele. Nós, enquanto companhia, continuamos muito bem nesse momento. Obviamente desaceleramos alguns investimentos, principalmente em marketing, mas o feedback do conselho de administração é de que estamos indo bem. Na avaliação dos investidores estrangeiros somos uma das melhores da América Latina frente aos impactos da Covid-19 na carteira desses fundos. Eu credito isso ao planejamento, mas principalmente à equipe.
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