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Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Maio de 2020 às 03:00

Dos vinhos às massas especiais: a nova investida da Famiglia Valduga

O processo sucessório, previsto para ser concluído em 2021, deverá ficar para 2022, diz Valduga

O processo sucessório, previsto para ser concluído em 2021, deverá ficar para 2022, diz Valduga


ARQUIVO CASA VALDUGA/DIVULGAÇÃO/JC
Thiago Copetti
Os frutos de um trabalho iniciado há 145 anos, no coração do Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, ainda hoje são colhidos por uma dos mais tradicionais empresas do Rio Grande do Sul: o grupo Famiglia Valduga. Capitaneado presidente Juarez Valduga, o grupo prepara, ao mesmo tempo, uma nova leva de novidades e a sucessão no comando dos negócios.
Os frutos de um trabalho iniciado há 145 anos, no coração do Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, ainda hoje são colhidos por uma dos mais tradicionais empresas do Rio Grande do Sul: o grupo Famiglia Valduga. Capitaneado presidente Juarez Valduga, o grupo prepara, ao mesmo tempo, uma nova leva de novidades e a sucessão no comando dos negócios.
O processo sucessório, previsto para ser concluído em 2021, diz Valduga, deverá agora ser adiado para 2022. Reflexo de um ano que turbulento na economia mundial devido ao coronavírus. Turbulência que, no entanto, não deve interromper projetos em andamento e que exigem investimentos de alguns milhões de reais - na casa de dois dígitos, afirma o empresário.
O grupo é formado pela Casa Valduga (uma das 10 maiores elaboradoras de espumantes e vinhos do Brasil), a Domno (importadora), a Casa Madeira (sucos, geleias e outros itens) e Ponto Nero (espumantes jovens). E, segundo Valduga, a empresa detém a maior cave de espumantes da América Latina, com capacidade para mais de seis milhões de garrafas.
Outros dois outros menos conhecidos, mas igualmente diferenciados produtos, fazem parte do portfólio da Valduga: a Cervejaria Leopoldina e os cosméticos Vinotage. O turismo também borbulha nos negócios do grupo e já responde por 20% de faturamento, um dos primeiros afetados pela pandemia, mas que segue recebendo investimentos e começa a dar sinais de retomada.
“Já temos pedidos crescentes de reservas. Até julho, lançaremos uma nova pousada. Isso com todos os cuidados e aos poucos. Mudamos o transportes dos funcionários e teremos medição de temperatura já no receptivo da pousada, por exemplo”, conta o empresário.
A melhor notícia deste ano crítico, porém, já foi colhida. “A pouca quantidade de uva e a estiagem beneficiam a qualidade da fruta e, por consequência, do vinho a qual dará origem. Essa deve ser a melhor safra da história”, comemora.
Empresas & Negócios - Quando os consumidores poderão experimentar os vinhos desta última safra?
Juarez Valduga - Parte ainda em 2020, com os vinhos mais jovens, previsto para entrar no mercado a partir de agosto. Nos espumantes, em 12 meses. Nos vinhos de guarda, em até cinco ou seis anos, tempo que ficam em barris. O Brasil, que já tinha níveis diferenciados de qualidade e premiação e avançará mais um patamar. O atual cenário é oportuno para o Brasil voltar a aparecer para o consumidor com preços também, além da qualidade, graças ao dólar elevado limitando importações.
E&N - Com o dólar em alta, o vinho brasileiro, que conquista prêmios internacionais constantemente, fica mais competitivo para exportação também?
Valduga - Sim, mas o Brasil já está muito bem no mercado internacional. Recentemente, na França, por exemplo, fomos agraciados com o espumante Casa Valduga 130, mas nem estamos divulgando em razão da pandemia. Temos como exportar com preço muito bom, mas o dólar alto não é favorável para o segmento. O setor importa muita tecnologia de ponta. E isso nos afeta, porque quando queremos buscar novas tecnologias é na Europa que procuramos.
E&N - O consumo brasileiro, em geral, deve ser afetado pela pandemia e pela crise, que ainda vai se agravar com a perda de renda e empregos. Como a empresa trabalha neste cenário?
Valduga - O cenário atual preocupa a todo o mundo, mas seguimos com novos projetos e daremos continuidade à repaginação da empresa, o que já está acontecendo, e do nosso parque temático. Ainda que a preocupação com os reflexos da pandemia exista e seja grande, não estamos de braços cruzados. Temos que fazer o dever de casa. Aumentamos o e-commerce, ampliamos o alcance direto ao consumidor e as vendas via supermercados. Mas claro que tudo isso nos afetou, especialmente em nossos restaurantes e no enoturismo.
E&N - Que projetos são esses que estão mantidos para 2020?
Valduga - Trabalhamos na repaginação de toda infraestrutura Casa Valduga no enoturismo, com novas hospedagens e um jardim com caves subterrâneo de barricas, melhorias nos restaurantes e na parte receptiva. O enoturismo vinha muito bem e creio que vai melhorar aos poucos. Já estamos nos reestruturando para a volta gradativa. E há duas ações importantes, ainda, em andamento, que é a preparação dos sucessores. Prevíamos que fosse no ano que vem, mas provavelmente passaremos para 2022. A Casa Valduga tem de ser impactada pelo futuro. E neste olhar para frente, efetuar mudanças e projetos para os quais já temos apoio de vários bancos, inclusive.
E&N - A Valduga tem, há cinco anos, a cervejaria Leopoldina. Qual o balanço desse negócio, que é curioso, por ser de uma vinícola?
Valduga - A cervejaria é uma grata surpresa, assim como a empresa de cosméticos, a Vinotage, há mais tempo (2006). A cervejaria foi um desafio e uma provocação à briga que sempre houve entre cerveja e vinho. E como fazer a diferença? Usando expertise do vinho, e dos enólogos, na cerveja. No ano passado, lançamos uma linha especial, uma cerveja com toques de vinho chardonnay e merlot, com método tradicional, de champagne, em cave e envelhecendo em barris de carvalho. Nada aleatório, mas a partir de estudos dos enólogos e de um mestre cervejeiro. É alta tecnologia de produção, de maquinário e até de água. Fazemos seleção da água que será usada, isolando metais, por exemplo. Há um tipo de água para cada tipo de cerveja.
E&N - O senhor planeja entrar no mercado de alimentação, com massas Famiglia Valduga?
Valduga - Estamos em estudos para isso, no segmento de massas especiais, na mesma faixa dos restaurantes e da própria gelateria Valduga, que também já criamos, e com mesma qualidade dos nossos espumantes. Há procura por clientes que jantam em nossos restaurantes e pedem por eles, sorvetes e massas. Porque não fazer em pequena escala, primeiro, da mesma forma e com a mesma qualidade do que é oferecido no restaurante? É nova arrancada da Valduga.
E&N - Com que números o senhor espera encerrar este ano tão atípico?
Valduga - Trabalhamos com três perspectivas. A pior delas é fechar com queda de 50% em relação ao ano passado. A média, de 60%. A melhor meta é 70%. Nos três primeiros meses superamos os mesmos números do ano passado, mas agora temos que ir acompanhando todos os cenários e as alternativas que temos. Não vamos nos queixar sem ter feito totalmente o dever de casa. Só depois poderemos reclamar.
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