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Empresas & Negócios

- Publicada em 20 de Abril de 2020 às 03:00

CPRM vê na transparência solução para alcançar credibilidade na mineração

Para o executivo, é fundamental  que o segmento recupere a imagem junto à sociedade e investidores

Para o executivo, é fundamental que o segmento recupere a imagem junto à sociedade e investidores


CPRM/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Depois das catástrofes ambientais e das perdas de vidas ocasionadas com os rompimentos de barragens ligadas à atividade mineradora nos municípios mineiros de Brumadinho e Mariana, o setor de mineração ainda busca melhorar a sua imagem e voltar e se desenvolver no País. Para o diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil - CPRM, Marcio Remédio, essa meta será atingida se houver transparência nas ações do segmento. A empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem como objetivo gerar conhecimento científico dentro da área da geologia.
Depois das catástrofes ambientais e das perdas de vidas ocasionadas com os rompimentos de barragens ligadas à atividade mineradora nos municípios mineiros de Brumadinho e Mariana, o setor de mineração ainda busca melhorar a sua imagem e voltar e se desenvolver no País. Para o diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil - CPRM, Marcio Remédio, essa meta será atingida se houver transparência nas ações do segmento. A empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem como objetivo gerar conhecimento científico dentro da área da geologia.
Empresas & Negócios - As catástrofes em Mariana e Brumadinho prejudicaram muito a reputação do setor de mineração Isso ainda afeta iniciativas na área? Como fazer com que o segmento como um todo não seja impactado nesses casos?
Marcio Remédio - Sem dúvida, a imagem da mineração foi bastante afetada negativamente por esses desastres, embora as melhores práticas de sustentabilidade sejam adotadas há muito tempo por grande parte das mineradoras. O modelo de barragem de Mariana e Brumadinho (à montante - usando os próprios rejeitos e formada em degraus), infelizmente, faz parte da herança de um passado no qual a sociedade ainda era pouco comprometida com questões socioambientais. Do ponto de vista financeiro, inicialmente houve fuga de investidores por conta dessa imagem, comprometendo, por exemplo, o início de novos projetos, aumentando consideravelmente a pressão por mais transparência e segurança na mineração.
E&N - O que já foi feito para aumentar a transparência no setor?
Remédio - Um grupo de investidores internacionais criou um banco de dados global com informações de mais de 1.939 barragens. São investidores com interesses em aplicar recursos em oportunidades minerais e que buscam projetos mais sólidos, seguros e com menos risco, o que passa pela boa gestão das barragens de rejeito. Em geral, são investidores, em torno de 110 grupos, que atuam na bolsa de Toronto e que utilizam essa base de dados como parâmetro para investir.
E&N - Mais alguma medida foi tomada para qualificar a atividade de mineração?
Remédio - Associado a essa base de dados, deverá ser criado um código de melhores práticas para armazenamento de rejeitos, com padrão internacional. Além disso, como saída emergencial no caso do Brasil, devem ser descomissionadas (fechadas) todas as barragens em situação de risco. Ou seja, transparência e responsabilidade socioambiental são fundamentais para recuperar a credibilidade junto à sociedade e ao investidor.
E&N - Quais são as atividades que a CPRM pretende realizar neste ano?
Remédio - Os projetos envolvem ações que são primordiais para nossa instituição, como o mapeamento geológico e a avaliação do potencial de áreas promissoras para substâncias minerais, que abrangem metais, como ouro e cobre, minerais estratégicos e críticos, como lítio, terras raras e grafita, e agrominerais. A exemplo do fosfato e do potássio, esses últimos insumos são de importância estratégica para diminuir a dependência do Brasil de importações e garantir maior competitividade na produção de alimentos. Não se pode deixar de citar os projetos voltados para avaliação de rochas ornamentais e insumos para construção civil. Os estudos envolvendo o segmento da construção civil são desenvolvidos em regiões metropolitanas e cidades de grande porte e têm como objetivo apontar novas áreas para extração e subsidiar gestores, por exemplo, na elaboração dos planos diretores municipais.
E&N - Quem pode fazer uso dessas informações?
Remédio - Como fruto desses projetos, diversos produtos serão disponibilizados ao longo de 2020, que incluem globalmente mapas temáticos e relatórios técnicos, além de um robusto banco de dados geológicos. Os trabalhos poderão ser acessados no portal da nossa instituição (http://geosgb.cprm.gov.br). Todos dados, informações e produtos técnicos são gratuitos epoderão ser utilizados por diversos segmentos da sociedade, como empresas do setor mineral, gestores públicos, em todas as esferas de governo, e academia, envolvendo professores, pesquisadores e estudantes de gradação e pós-graduação.
E&N - Quais são as principais vocações de mineração no Rio Grande do Sul e onde essas áreas se localizam?
Remédio - O Rio Grande do Sul tem grandes reservas de carvão, que ocorrem no Centro e no Sul do Estado, notoriamente exploradas em Minas do Leão e Candiota, por exemplo. Na região Centro-Sul, próximo aos municípios de Caçapava do Sul, Lavras e Bagé é produzido calcário, utilizado como corretivo de solo. Nessa região ainda existe a possibilidade de exploração de fosfato, ouro e cobre. Rochas ornamentais e materiais para construção civil são produzidos por todo o Estado. A região Sudoeste gaúcha produz ágata e ametista, com gemas de qualidade mundial para exportação.
E&N - Nos últimos anos, comentou-se muito sobre o nióbio no Brasil. Para que serve esse material e o País tem realmente potencial para explorá-lo?
Remédio - O nióbio é um metal de transição encontrado no mineral pirocloro. Ele possui alta resistência a temperaturas altas, tendo uso na indústria aeroespacial e também é utilizado em ligas de supercondutores. Sua principal utilização é em ligas de aço para aumentar a resistência. Atualmente, cerca de 90% da produção de nióbio é utilizada para a produção de aço. O Brasil tem papel fundamental no mercado de nióbio e produz cerca de 88% desse metal comercializado no mundo. Uma das suas principais fontes é a mina de Araxá, em Minas Gerais. Apesar de tudo isso, o mercado é pequeno, pois se usa muito pouca quantidade para gerar as ligas. Além disso, ele é substituível por outros elementos, como vanádio e titânio.
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