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Empresas & Negócios

- Publicada em 16 de Março de 2020 às 03:00

Disparidade de gênero avança em profissões

 Pesquisa aponta que o total paridade gênero no mundo demorará ao menos 99,5 anos

Pesquisa aponta que o total paridade gênero no mundo demorará ao menos 99,5 anos


FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Um novo obstáculo paira sobre as mulheres que vêm rolando a pedra ladeira acima para equiparar seus direitos e condições aos dos homens, sob pena de atropelá-las. Das oito áreas profissionais que mais crescem no mundo, seis contratam mais homens do que mulheres. O quadro se agrava se consideradas apenas as carreiras relacionadas à tecnologia pura, cuja remuneração e demanda tendem a aumentar mais rápido que as demais, mas nas quais as mulheres são, em média, só 20% dos profissionais.
Um novo obstáculo paira sobre as mulheres que vêm rolando a pedra ladeira acima para equiparar seus direitos e condições aos dos homens, sob pena de atropelá-las. Das oito áreas profissionais que mais crescem no mundo, seis contratam mais homens do que mulheres. O quadro se agrava se consideradas apenas as carreiras relacionadas à tecnologia pura, cuja remuneração e demanda tendem a aumentar mais rápido que as demais, mas nas quais as mulheres são, em média, só 20% dos profissionais.
E, se nada for feito para interromper o curso, a tendência é que tal abismo de gênero se alargue, como ocorre há pelo menos 15 anos, mostra levantamento do LinkedIn. "Olhando para os empregos emergentes - os que serão os mais qualificados no futuro, com maiores salários - sabemos que, a menos que façamos algo para mudar, eles serão predominantemente ocupados por homens", alerta Allen Blue, que tem observado a tendência há anos como vice-presidente para gerenciamento de produtos do LinkedIn.
A plataforma elabora relatórios a respeito do futuro do trabalho para o Fórum Econômico Mundial desde 2016, e Blue têm visto a disparidade de gênero emergir como um problema que requer rápida resolução. "Em 2016 falávamos de robôs, de um futuro sem trabalho. O ponto de vista do fórum veio mudando e se tornando mais pragmático", disse ele, ao participar do o encontro anual da entidade em Davos. Segundo o fórum, a total paridade gênero no mundo demorará ao menos 99,5 anos.
Com 675 milhões de usuários, o LinkedIn, plataforma que Blue ajudou a fundar em 2002, tornou-se fonte de dados importante para mapear tendências de contratação pelo mundo. "Essas vagas abertas nos permitem observar quais as profissões com maior demanda e quais novos tipos de cargos surgem." Embora haja variações entre regiões, segundo ele todas assistem ao rápido crescimento da demanda por pessoas capacitadas em tecnologia ou em profissões surgidas a partir dela.
Há variação regional, também, em relação às habilidades requisitadas, que vão de qualificações específicas ligadas à tecnologia pura (como no campo da Inteligência Artificial, por exemplo) a habilidades de relacionamento humano, como em apoio ao cliente. "Mas os profissionais mais cobiçados ainda estão em carreiras tecnológicas puras. E se você olhar o top 10 onde quer que seja, ele será dominado por engenheiros, cientistas de dados e outros profissionais do tipo", diz. No Brasil, das 15 carreiras mapeadas como emergentes pela plataforma, 11 são ligadas à Tecnologia da Informação.
O problema, para o executivo, é que é exatamente nessas carreiras com alta demanda e remuneração em crescimento que as mulheres estão sub-representadas. O exemplo mais extremo levantado pelo LinkedIn é o da área de computação em nuvem, na qual as mulheres são apenas 14% no mundo - e 5% no Brasil. Blue levanta hipóteses do que alimenta essa lacuna, não examinadas no estudo. A primeira é o gargalo na etapa de formação. "Veja os formandos em Ciências da Computação, entre os quais as mulheres são 20%, enquanto em outras ciências duras, como a Física, estamos próximos da paridade de gêneros em mestrados e doutorados", diz, destacando que não há mulheres suficientes estudando computação.
Entra aí o segundo problema: faltam modelos que inspirem as mulheres a trilhar esse caminho. "Teremos que criar um sistema que incentive as mulheres a estudarem essas coisas, e para isso precisamos poder ver mulheres em posições de liderança", diz. Para ele, as empresas têm que firmar um compromisso público com a paridade de gênero, porque se não esses modelos não aparecerão.
E aí surge o terceiro problema, que está nas redes de relacionamento excessivamente homogêneas - um departamento 100% masculino em que a rede de contatos profissionais seja majoritariamente masculina tende a contratar homens. Isso fica evidente na pesquisa, quando se vê que a sub-representação persiste mesmo quando há mulheres capacitadas para as vagas (o caso da Ciência de Dados, em que há 31% de mulheres no mercado global, mas elas são apenas 25% do contingente empregado, é um deles).
Por isso, Blue sugere que as empresas mudem políticas de contratação, quebrando padrões, e que as pessoas diversifiquem suas redes. O executivo faz um mea culpa pelo LinkedIn, e conta que a empresa passou a desenvolver mecanismos para atenuar o hermetismo na rede. A decisão foi tomada após concluir que, na plataforma, uma pessoa que mora em uma região afluente, estudou em boa escola e trabalhou em uma empresa relevante tem 12 vezes mais chance de alcançar metas profissionais do que aquela que não teve essas oportunidades.
"Uma empresa de Engenheira de Computação em nuvem no Brasil, onde apenas 5% são mulheres, terá dificuldade em construir uma rede que chegue a quem tem uma rede predominantemente masculina e majoritariamente branca", exemplifica, ao alertar que, se esse padrão não mudar, o cenário se perpetuará. O LinkedIn vem trabalhando com governos e entidades pelo mundo para mapear problemas desse tipo.
"Precisaremos corrigir esse gargalo da formação e assegurar que as meninas escolham essas carreiras e vejam que há outras mulheres trabalhando nelas", defende. A própria lacuna, para o executivo, deveria funcionar como motor. "Quando falamos de habilidades em ascensão, não é possível preencher todas as vagas sem considerar homens e mulheres."
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