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conjuntura

- Publicada em 24 de Fevereiro de 2020 às 03:00

Economia brasileira em stand by

Persiste a incerteza em relação  à falta de uma retomada nos investimentos produtivos

Persiste a incerteza em relação à falta de uma retomada nos investimentos produtivos


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
Resultados de atividade abaixo do esperado em dezembro e indicadores antecedentes um pouco contraditórios de janeiro tornam os próximos dois meses cruciais para determinar se o governo Jair Bolsonaro conseguirá entregar um crescimento do PIB superior a 2% neste ano. Com rebaixamentos pontuais em algumas previsões, um crescimento ao redor de 2% em 2020 já é encarado por parte do mercado mais como alvo do que como piso. Os dois maiores bancos do País - Itaú Unibanco e Bradesco -, no entanto, mantêm, por enquanto, suas estimativas: 2,2% e 2,5%, respectivamente. Mas o viés é de leve baixa no caso do Itaú Unibanco.
Resultados de atividade abaixo do esperado em dezembro e indicadores antecedentes um pouco contraditórios de janeiro tornam os próximos dois meses cruciais para determinar se o governo Jair Bolsonaro conseguirá entregar um crescimento do PIB superior a 2% neste ano. Com rebaixamentos pontuais em algumas previsões, um crescimento ao redor de 2% em 2020 já é encarado por parte do mercado mais como alvo do que como piso. Os dois maiores bancos do País - Itaú Unibanco e Bradesco -, no entanto, mantêm, por enquanto, suas estimativas: 2,2% e 2,5%, respectivamente. Mas o viés é de leve baixa no caso do Itaú Unibanco.
O mercado ainda vê pontos favoráveis na construção civil, na safra agrícola recorde, no consumo das famílias, no mercado de trabalho e, principalmente, no aumento do crédito. Embora a taxa geral de desemprego tenda a permanecer elevada, ao redor de 11%, a expectativa é de formalização mais acelerada das vagas hoje precárias, com impactos positivos na renda e na confiança dos consumidores.
Na contramão, persiste a incerteza em relação à indústria e, consequência disso, a falta de uma retomada mais firme nos investimentos produtivos - adiados diante da elevada capacidade ociosa. Sobre esse panorama, pairam dúvidas a respeito do equilíbrio das contas públicas e da agenda de reformas neste ano eleitoral, mais curto para o Congresso. A falta de definição até agora do que será prioritário na pauta (PEC da Emergência Fiscal, reforma administrativa ou tributária) já é vista, em alguma medida, como a repetição da desordem política do ano passado, que acabou afetando o crescimento.
Mais otimista entre bancos e consultorias, o Bradesco manteve a previsão de 2,5% para o PIB apoiado em dois pilares: recuperação do emprego formal e aumento do crédito. Segundo Fernando Honorato, economista-chefe do banco, a melhora do mercado de trabalho neste momento, levando em conta séries históricas, é compatível com um PIB até mais forte. "É cedo para qualquer revisão, e encaramos os dados um pouco mais fracos no fim do ano como ruídos. O emprego formal vem superando bem nossas expectativas", diz.
Sobre uma eventual desaceleração externa causada pelos impactos do coronavírus, Honorato diz que haveria algum espaço adicional para o Banco Central (BC) cortar mais o juro básico, hoje em 4,25% ao ano. Para Luka Barbosa, economista sênior do Itaú Unibanco, os dados mais fracos do fim de 2019 vieram dentro das expectativas do banco.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) caiu 0,27% em dezembro na comparação dessazonalizada com o mês anterior. Foi influenciado pelas quedas de 0,7% na produção industrial, de 0,1% no varejo (-0,8% no varejo ampliado, que inclui veículos, motos, peças e material de construção) e de 0,4% nos serviços.
No ano, o crescimento verificado pelo BC foi de 0,89%, abaixo do 1,34% de 2018. "Esperávamos isso (a queda de dezembro) em razão da diminuição dos efeitos da liberação do FGTS. São dados voláteis, assim como o próprio PIB em sua sequência trimestral. Não acho que a história da recuperação esteja mudando." O economista ressalta que não há estímulos fiscais (gastos públicos) ou um boom de preços de commodities ajudando o crescimento neste momento, o que torna a recuperação "mais moderada; porém, mais saudável". Mesmo em relação à indústria, sua expectativa é de paulatina recuperação após o tombo de 6% nas exportações de manufaturados em 2019 por causa das tensões entre Estados Unidos e China e da crise na Argentina.
Para o economista Fabio Klein, da Tendências, é cedo para determinar se os dados menos favoráveis de dezembro vão se repetir. Indicadores de janeiro relativos à produção de papelão ondulado (para caixas e embalagens) e o tráfego de veículos pesados apontam para "um certo otimismo".
A Tendências manteve a sua previsão de 2,1% de alta do PIB, apoiada no aumento do volume do crédito. Haveria, assim, impactos positivos no consumo e na construção civil, com reflexos favoráveis no emprego. Klein não vislumbra influência acentuada do coronavírus na economia brasileira. "O efeito pode ser temporário na receita de setores como soja, minério de ferro e petróleo."

Confiança avança em diversos setores

Inflação, juros baixos e crédito em alta são apontados como fatores positivos

Inflação, juros baixos e crédito em alta são apontados como fatores positivos


CREATIVEART VIA FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Em janeiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), a confiança avançou em todos os setores, exceto serviços (-0,1 ponto). O destaque foi a construção, com trajetória ascendente desde o segundo semestre de 2019. Por esses indicadores, a indústria passou a melhorar no quarto trimestre de 2019 e inicia o ano em uma zona de neutralidade. Já a confiança do comércio se mantém na faixa entre 95 e 100 pontos desde julho de 2019, sugerindo que uma recuperação mais consistente dependerá do mercado de trabalho e da confiança dos consumidores.
Para Tony Volpon, economista-chefe do banco UBS, houve um "excesso de otimismo" no final de 2019 que não se confirmou. Na primeira semana de fevereiro, a instituição financeira já havia cortado de 2,5% para 2,1% sua previsão para o PIB deste ano. "Foi mais em razão do coronavírus e da China. Mas 0,4 ponto percentual a menos não quer dizer muita coisa. Esperamos para ver, pois parece mais uma acomodação, não uma reversão de tendência."
O UBS aponta para uma dicotomia no momento: crédito, consumo e emprego melhores, e indústria retardando a retomada. Sobretudo pela queda das importações da Argentina e da atividade da Vale - cuja produção de minério de ferro encolheu 21,5% em 2019 após o acidente em Brumadinho (MG).
A MB Associados mantém sua previsão de crescimento em 2% para este ano e aposta em uma evolução relativamente lenta ao longo do tempo, com um 2021 melhor e assim por diante. "Os estragos do passado foram muito grandes", diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria. Inflação e juros baixos são apontados como fatores positivos, assim como o crédito em alta, a melhora no emprego formal e o aumento da massa de rendimentos - todos elementos que tendem a estimular o consumo.
O obstáculo continua localizado na indústria e na falta de investimentos para ampliar sua capacidade. "No geral, nunca compramos muito o otimismo de alguns do mercado. Agora, há quem coloque o coronavírus como 'bode na sala' para justificar um corte nas expectativas", diz Vale. Mesmo que a epidemia afete o comércio entre Brasil e China, diz, o estrago tende a ser passageiro.
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Fator, afirma que o banco considera rebaixar de 2,2% para um teto de 2% o crescimento do PIB neste ano. Sua equipe detectou, em janeiro, queda tanto nas vendas de maquinário para o setor agrícola quanto para o elétrico. A avaliação de Gonçalves é que um clima de "insegurança política" na relação (e na pauta) do governo com o Congresso ganha peso e gera incerteza na área fiscal.
No time dos mais otimistas, o economista-chefe da Genial Investimentos e professor da PUC-Rio, José Márcio Camargo, aposta em crescimento ao redor de 2,5% neste ano. Sobre a "rateada" de dezembro, avalia como um movimento normal de uma economia que se recupera lentamente - e que dados do mercado de trabalho melhoraram consideravelmente no final do ano. "Isso já deve refletir positivamente na atividade de janeiro e fevereiro", acredita.

Área financeira irá demandar mais profissionais

O ano marca a retomada das contratações das áreas financeiras como um todo. É o que aponta um levantamento realizado pela consultoria de recrutamento Robert Half, com base no Guia Salarial 2020. Temas que devem ser destaques em 2020, como a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), aumento da concessão de crédito, compliance e auditoria nas empresas contribuem para esse cenário. Em Finanças e Contabilidade, terão destaque as empresas que tiverem equipes mais bem estruturadas e adotarem soluções tecnológicas, vistas como importante diferencial competitivo. Já no Mercado Financeiro, as expectativas estão depositadas em bancos, butiques ou fintechs.
O reaquecimento do mercado tende a elevar o poder de escolha do candidato. Por isso, é vital que as empresas invistam em um processo seletivo ágil. "Durante a seleção, é essencial os recrutadores terem clareza do que estão procurando: qual o perfil ideal de profissional, se a remuneração é competitiva e se o processo tem poucas fases, para não deixar o candidato inseguro e acabar perdendo um talento para outras empresas", aconselha Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half no Brasil.
Em 2020, as habilidades demandadas dos profissionais dessas áreas são: Boa comunicação, Visão estratégica, Senso de dono, Visão do negócio, Perfil inovador e multidisciplinar, e Domínio do idioma inglês.

Cargos em alta

O Guia Salarial 2020 da Robert Half traz quatro faixas determinadas pelo nível de qualificação e experiência do candidato, complexidade de seu cargo ou indústria, setor de atuação ou demanda dessa posição no mercado (valores em reais).
Faturamento das empresas (quando mencionado): P/M – até R$ 500 milhões; G – acima de R$ 500 milhões
  • Analista de auditoria e compliance
O que faz? Audita as áreas no intuito de analisar se todas as normas do Banco Central estão sendo cumpridas.
Perfil: jovem, perfeccionista, curioso e interessado em atualização de dados.
Salário médio (R$): 9.900/ 12.200/ 14.400/ 17.700
Por que está em alta? Pela implementação da LGPD.
  • Gerente comercial corporate
O que faz? Prospecta clientes na indústria que faturam acima de R$ 50 milhões ao ano.
Perfil: comunicativo, orientado a negócio e que conheça o leque de produtos que o mercado oferece.
Salário médio (R$): 22.250/ 27.500/ 32.450/ 39.850
Por que está em alta? Os bancos estão mais receptivos em dar crédito, então precisam de pessoas comerciais que conheçam o mercado financeiro.
  • Gerente de crédito e risco
O que faz? Analisa o risco de crédito de negócios originados por gerentes comerciais.
Perfil: analítico, focado e fluente em inglês para enviar reports à matriz (geralmente fora do Brasil).
Salário médio (R$): 20.150/ 24.900/ 29.400/ 36.100
Por que está em alta? É uma posição que sempre tem demanda no mercado, pois as operações nunca param de ser originadas.
  • Gerente comercial private
O que faz? Origina negócios com clientes que têm alto volume financeiro para investir – pessoas físicas de renda acima de R$ 3 milhões para investimento.
Perfil: originador, que tenha uma carteira de relacionamento grande e fiel.
Salário médio (R$): 16.350/ 20.200/ 23.850/ 29.300
Por que está em alta? Mercado demanda este profissional para poder expandir sua receita. Com o boom dos Agentes Autônomos de Investimentos (AAI), as empresa ampliam também o leque de gerentes comerciais private.
  • Analista de investimentos M&A
O que faz? Analisa os possíveis ativos para poder investir em diversos segmentos, bem como que tipo de empresas podem se fundir, de acordo com o seu segmento.
Perfil: analítico, planilheiro, conhece de modelagem financeira e bastante lógico.
Salário médio (R$): 10.600/ 13.100/ 15.450/ 19.000
Por que está em alta? Área que fornece informações de mercado e economia de alta performance para ajudar o gerente de carteira de investimentos na tomada de decisão.
  • Gerente de planejamento financeiro/controladoria
O que faz? Elaboração do orçamento da empresa, divergências entre orçado versus realizado, projeções, KPIs, papel de parceiro do negócio.
Perfil: comunicativo, articulado, geralmente precisa falar inglês fluentemente, interação com todas as áreas da empresa.
Salário médio (R$): P/M – 13.650/ 17.000/ 21.000/ 30.000; G – 18.850/ 23.500/ 29.000/ 41.500.
Por que está em alta? Empresas estão pensando cada vez mais no futuro e no longo prazo, se profissionalizando, estruturando a área de orçamento, investindo e controlando gastos.
  • Gerente de finanças corporativas
O que faz? Tesouraria estruturada, Relações com Investidores, Fusões & Aquisições.
Perfil: visão estratégica, dinamismo, inglês fluente, visão do negócio, perfil multidisciplinar.
Salário médio (R$): P/M – 13.250/ 16.500/ 20.400/ 29.150; G – 18.450/ 23.000/ 28.400/ 40.600.
Por que está em alta? Momento de retomada de mercado, com investimentos em diversos setores.
FONTE: Guia Salarial da Robert Half

Riscos internacionais e domésticos mudam cenário positivo na bolsa

Dentre as opções com menos risco e ganho real, estão títulos de dívidas privadas, CRIs e CRAs

Dentre as opções com menos risco e ganho real, estão títulos de dívidas privadas, CRIs e CRAs


GERD ALTMANN POR PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Em pouco mais de um mês, riscos internacionais e domésticos mudaram o cenário positivo que a bolsa de Valores brasileira vivia. O Ibovespa - que se valorizou em 32% em 2019 e ganhou outros 2,53% já no primeiro dia de pregão deste ano - chegou ao meio de fevereiro com queda de 1% no ano. Já o dólar, que subiu 4% em 2019, acumula quase o dobro de avanço em pouco mais de 40 dias.
O ano que era tido para as corretoras como de otimismo e de recuperação dos principais indicadores econômicos do País, com inflação controlada e juros em mínimas históricas, passou a ser descrito com afirmações menos calorosas e mais cautelosas.
Um dos motivos são os dados econômicos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para dezembro, que vieram piores do que o esperado pelo mercado. Enquanto o varejo interrompeu sete meses de alta e caiu 0,1% em dezembro ante novembro, o setor de serviços encolheu 0,4%.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) caiu 0,27% em dezembro. No ano, avançou 0,89%, após expansão de 1,34% em 2018. O boletim Focus esperava alta de 1,12%. De acordo com a Modalmais, os dados deram fim ao momento positivo que se construía até outubro.
"Os fundamentos continuam favoráveis à continuidade da recuperação da atividade econômica, mas esses dados mais recentes colocam dúvida quanto ao ritmo dessa recuperação a curto e médio prazo", afirma relatório da corretora.
Além dos números fracos, analistas levam em conta nos cenários possíveis impactos de declarações polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente Jair Bolsonaro na aprovação de reformas, como a administrativa e a tributária.
Somam-se às preocupações internas dúvidas sobre a economia global: os impactos do novo coronavírus e as incertezas com os Estados Unidos em ano de eleição presidencial.
Segundo o diretor de renda fixa e multimercados da BNP Paribas Asset Management, Gilberto Kfouri, o principal cenário brasileiro conta com uma redução nas expectativas de crescimento da atividade econômica e da inflação e um aumento da incerteza. "De um lado, há um efeito de política monetária que demora para acontecer. De outro, os dados econômicos que saíram no início do ano foram abaixo da expectativa, e ainda há outras questões internacionais, como o coronavírus, que não deixam o investidor saber o que pode acontecer."
O risco mundial também influencia a saída de estrangeiros - maior fatia dos investidores na bolsa. No ano, há um déficit de R$ 25,3 bilhões de investimento estrangeiro em ações brasileiras.
"Essa incerteza internacional já traz indicadores negativos para o mundo. Para o Brasil, ainda somam-se as falas desgovernadas de Guedes, que atrapalham ainda mais as reformas, que já estão mais lentas do que o esperado. Até os fundos imobiliários, que eram o charme do ano passado, se desvalorizaram. A vida do investidor está mais complexa", diz William Eid, coordenador do centro de estudos de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).
O Ifix (índice de fundos imobiliários) da B3 desvalorizou 4,6% em 2020. Em 2019, subiu 36%. Já o índice de renda fixa S&P/B3 Inflação -que subiu 11,45% em 2019- acumula ganho de 1,25% neste ano. Para Rodrigo Assumpção, planejador financeiro da Planejar, este ano deve ser mais difícil para os investimentos no geral, principalmente porque grande parte do otimismo de 2019 veio pelas medidas de controle da dívida pública e pela aprovação da reforma da Previdência.
"O investimento na Bolsa neste ano vai ter que ser mais selecionado. Agora, precisamos ver a economia crescer de fato e investir em empresas mais bem preparadas." Ele afirma, também, que o ambiente de juros impulsiona o investidor de perfil mais conservador para a renda variável como forma de abranger mais risco a fim de ter maior rentabilidade.
"O perfil de risco do investidor não deve mudar conforme o cenário econômico, mas tendemos a seguir muito o mercado e acaba que, quando o mercado sobe, o investidor vira agressivo, e, quando cai, vira conservador", afirma.
Já segundo o diretor-geral da Fator Administração de Recursos, Paulo Gala, há o risco de a Selic, hoje na mínima histórica de 4,25% ao ano, cair mais, mas são baixas as chances de a Bolsa subir em 2020 com a mesma intensidade do ano anterior.
"Agora, é preciso escolher as ações certas", diz o diretor, sugerindo os fundos de ações "stock picking" (papéis selecionados) para os investidores que aceitam mais risco. Esses fundos são geralmente mais caros -entre 1,5% e 2% de taxa de administração ao ano-, pois o gestor é mais criterioso na escolha dos papéis.
Para a renda fixa, Gala recomenda títulos do Tesouro Direto indexados à inflação. "Escolher o [papel com vencimento em] 2045 ou 2055 e deixar por cerca de 20 anos. Caso o dólar vá a R$ 6 e a inflação volte a 6% ao ano, esse investimento protege o capital."
Segundo o economista Alan Ghani, não basta ter o conhecimento sobre o que está acontecendo no mercado e no ambiente econômico brasileiro e mundial. Outros fatores como entender o objetivo do investimento, os prazos, o perfil de risco e as taxas também são importantes.
"O investidor que entra agora na bolsa sem ter o conhecimento certificado não pode procurar o "day trading" [operações arrojadas, que buscam rendimentos com a compra e a venda de ativos no mesmo dia ou de um dia para o outro]. É importante ter em mente que, quanto maior for o horizonte de tempo, maior poderá ser o ganho", afirma. De acordo com Ghani, um prazo razoável para deixar o dinheiro investido vai de cinco a dez anos. Para se proteger dos riscos, especialistas recomendam diversificar todos os tipos de investimento, tanto renda fixa quanto variável.
Dentre as opções com menos risco e ganho real (acima da inflação), estão títulos de dívidas privadas (debêntures), CRIs (certificado de recebíveis imobiliários) e CRAs (certificado de recebíveis do agronegócio). Já os ETFs (fundos baseados em determinados índices de ações, com cotas negociadas em bolsa) e os fundos multimercado e de ações oferecem mais retorno, porém são mais arriscados. Para especialistas, contudo, eles são preferíveis ao investimento direto em ações, pois são geridos por profissionais.