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Mercado financeiro

- Publicada em 27 de Janeiro de 2020 às 03:00

Investidores fazem apostas criativas em busca de rentabilidade

Já tem até fundo atrelado a índice de criptomoedas, como bitcoins e litecoins

Já tem até fundo atrelado a índice de criptomoedas, como bitcoins e litecoins


Freepik/JC
As gestoras de investimentos estão apostando na criatividade para atrair quem quer fugir da baixa remuneração da renda fixa depois que a taxa básica de juros (Selic) atingiu 4,5% ao ano, sua mínima histórica. Com isso, já surgem fundos que aplicam em ações de empresas no exterior ligadas à cannabis (maconha) ou em companhias com práticas totalmente sustentáveis. Já tem até fundo atrelado a índice de criptomoedas, como bitcoins, litecoins etc. Especialistas observam que, embora sejam opções para obter um retorno maior, é preciso observar o risco dessas novidades e se o investidor tem perfil para aplicações de alta volatilidade.
As gestoras de investimentos estão apostando na criatividade para atrair quem quer fugir da baixa remuneração da renda fixa depois que a taxa básica de juros (Selic) atingiu 4,5% ao ano, sua mínima histórica. Com isso, já surgem fundos que aplicam em ações de empresas no exterior ligadas à cannabis (maconha) ou em companhias com práticas totalmente sustentáveis. Já tem até fundo atrelado a índice de criptomoedas, como bitcoins, litecoins etc. Especialistas observam que, embora sejam opções para obter um retorno maior, é preciso observar o risco dessas novidades e se o investidor tem perfil para aplicações de alta volatilidade.
A proposta do fundo de criptomoedas da gestora Hashdex, por exemplo, é acompanhar um índice (o Hashdex Digital Assets Index, ou HDAI), negociado na bolsa americana Nasdaq, que reflete o desempenho de 13 moedas digitais. O índice foi criado pela própria gestora e, segundo Marcelo Sampaio, presidente da Hashdex, aumenta a exposição do investidor ao mercado de criptomoedas, mas reduz o risco em casos de alta volatilidade. De três em três meses, há um rebalanceamento do fundo e dos recursos nele aplicados.
"O conceito é simples: em vez de aplicar em uma só moeda digital, o investidor pode comprar cotas de fundos que aplicam no índice, que é uma cesta de criptomoedas", explica Sampaio, que é engenheiro e trabalhou em empresas de tecnologia, como Oracle e Microsoft.
A Hashdex oferece um fundo desse tipo, o Discovery, para o investidor de varejo, com 20% dos recursos aplicados no índice de criptomoedas e 80% em ativos de renda fixa, como títulos do Tesouro. O tíquete de entrada é de R$ 500,00, com taxa de administração de 1%. Para os investidores qualificados (com R$ 1 milhão em aplicações), há uma opção de maior risco: 40% no índice e 60% na renda fixa, com entrada de R$ 10 mil. Investidores profissionais podem aplicar 100% do recurso no índice.

Maconha medicinal começa a despertar atenção na bolsa

Ações ligadas ao cannabidiol estão listadas nos EUA e do Canadá

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/JUSTIN SULLIVAN/GETTY IMAGES/AFP/JC
Na gestora Vítreo, o fundo temático de ações de empresas do setor de maconha para fins medicinais quer aproveitar oportunidades de um mercado que começa a ser regulamentado em diversos países. No Brasil, ainda não há empresas desse setor com ações negociadas em bolsa, mas, em dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a regularização dos produtos medicinais à base de cannabis, porém sem autorização para o plantio. As ações que integram o fundo estão listadas em bolsas de valores dos EUA e do Canadá.
"Não queremos fazer apologia do uso da cannabis e não investimos em ações de empresas com esse foco. Escolhemos as que fazem uso medicinal do produto. Trata-se de um mercado de alto crescimento, mas de risco elevado, por ser uma indústria nova. É um fundo com volatilidade maior do que o Ibovespa (o principal índice da bolsa brasileira)", explica George Wachsmann, sócio-fundador da Vítreo.
O fundo Cannabidiol Light, destinado ao investidor de varejo, tem tíquete de entrada de R$ 1 mil e taxa de administração de 0,05%. Em sua composição há 20% em ações de empresas do setor de cannabis, o máximo permitido pela lei, e 80% em um fundo de renda fixa, atrelado a títulos públicos.

Boas práticas sociais são foco de gestora

Warren lança aplicativo para facilitar na busca das opções de investimento que atua

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WARREN/DIVULGAÇÃO/JC
A gestora Warren tem um fundo com papéis de empresas com boas práticas sociais, o Warren Green. Na carteira, não há empresas que atuam no comércio de armas e de carnes, ou envolvidas em escândalos de corrupção. O fundo é composto por 70% de ações de empresas brasileiras, como Klabin (papel e celulose), Natura (cosméticos) e WEG (motores, transformadores e componentes eletroeletrônicos). Vale e Petrobras, envolvidas em desastres ambientais e de corrupção, respectivamente, não podem entrar.
O fundo tem, ainda, 20% de ações e Exchange Traded Funds (ETFs, ou Fundo de Índice) de empresas estrangeiras e 10% de Brazilian Depositary Receipts (BDRs), certificados de ações de empresas brasileiras emitidas no exterior. Entre as estrangeiras, há as americanas Tesla (de carros elétricos) e Beyond Meat (que faz substitutos de carne à base de plantas).
"É um tipo de investimento alinhado a valores como ética, que aplica em empresas com responsabilidade social, com critérios como governança corporativa, sustentabilidade empresarial e baixa emissão de carbono. Há uma geração mais preocupada com esses conceitos", diz Thomaz Fortes, gestor do fundo, lembrando que o conceito-chave não é o retorno ajustado ao risco, e sim à ética.
A busca por ações de empresas que prezam a ética vem crescendo no exterior. Nos EUA, por exemplo, estima-se que, hoje, para cada US$ 4 investidos, US$ 1 seja destinado a papéis de companhias com esses princípios. Em 2012, a proporção era US$ 1 a cada US$ 9. A Warren não tem aplicação mínima: é possível investir a partir de R$ 1,00. A taxa de administração é de 0,5%.

Analistas alertam para cuidados na escolha

Produto é apontado como diferencial para carteiras de investimentos

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/KAREN BLEIER/AFP/JC
O professor de Finanças do Insper, Michael Viriato, observa, porém, que, no caso de ativos como criptomoedas, cannabis e empresas sustentáveis, é preciso saber se o boom já não passou. Há o risco de o investidor entrar quando o fundo já se valorizou muito, o que pode reduzir o retorno futuro. As criptomoedas, ressalta ele, exigem atenção por ainda não serem regulamentadas e, muitas vezes, apresentarem problemas de segurança:
"As criptomoedas não têm lastro em nenhum ativo, como ouro. Trata-se de um ativo com valor atribuído, usado para transações. Portanto, mesmo em um índice, o risco é elevado, e muitos investidores não têm esse perfil", afirma Viriato.
No caso de fundos de ações, a recomendação é conversar com especialistas e verificar as perspectivas para cada setor. Em relação à cannabis, Viriato lembra que o mercado é vasto, incluindo bebidas e cosméticos. Mas, nos EUA, muitas empresas desse setor já se valorizaram muito na bolsa.

Gestoras recorrem à criatividade

Criptomoedas
Gestora: Hashdex
  • Onde aplica: No índice Hashdex Digital Assets Index (HDAI), negociado na bolsa americana Nasdaq
  • Composição: 20% dos recursos no índice e 80% em ativos de renda fixa
  • Aplicação mínima: R$ 500,00
  • Taxa de administração: 1%
  • Características: O segmento de criptomoedas ainda não está regulamentado. A volatilidade do fundo é elevada
Empresas de cannabis
Gestora: Vítreo
  • Onde aplica: Ações de empresas dos EUA e do Canadá
  • Composição: 20% em ações de companhas do setor de cannabis e 80% em ativos de renda fixa
  • Aplicação mínima: R$ 1 mil
  • Taxa de administração: 0,05%
  • Características: O mercado de produtos medicinais à base de maconha é novo e não é regularizado em todos os países. Volatilidade superior à do Ibovespa
Companhias sustentáveis
Gestora: Warren
  • Onde aplica: Papéis de empresas com baixa emissão de carbono e boa governança corporativa
  • Composição: 70% de ações de empresas brasileiras, 20% de ações e ETFs de companhias estrangeiras e 10% de BDRs
  • Aplicação mínima: Não há
  • Taxa de gestão: 0,5%
  • Características: Poucas empresas no Brasil são aprovadas em todos os critérios