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relações internacionais

- Publicada em 30 de Dezembro de 2019 às 03:00

Pequim: Uma cidade a caminho do futuro

A nova pista de esqui com a torre da usina ao fundo: passado e presente unidos na China

A nova pista de esqui com a torre da usina ao fundo: passado e presente unidos na China


forum mídia china/divulgação/jc
Não é difícil para o visitante ficar impressionado com Pequim. A capital da China tem 3 mil anos de história, sendo 800 deles como centro do poder político do país. A gigante metrópole, lar de 21,7 milhões de pessoas, teve início a partir da Cidade Proibida, no centro da cidade, e expandiu seus tentáculos urbanos para muito além dos limites geográficos.
Não é difícil para o visitante ficar impressionado com Pequim. A capital da China tem 3 mil anos de história, sendo 800 deles como centro do poder político do país. A gigante metrópole, lar de 21,7 milhões de pessoas, teve início a partir da Cidade Proibida, no centro da cidade, e expandiu seus tentáculos urbanos para muito além dos limites geográficos.
Uma cidade global, Pequim é o símbolo econômico e tecnológico da China, um país que deixou para trás a imagem de atraso e que aposta na inovação como motor do crescimento. De fato, "Pequim é hoje um centro internacional de comércio e de negócios. Este é o futuro que vemos para a cidade", nas palavras de Du Feijin, Chefe do Departamento de Publicidade do Comitê Municipal do Partido Comunista Chinês de Pequim, responsável pelo Fórum de Mídia ocorrido na cidade em dezembro.
O apressado cotidiano da capital - com um trânsito pesado e inevitáveis dias de densa poluição do ar - reflete, de certo modo, a urgência de Pequim em planejar seu destino. Superpovoada, com preços dos imóveis nas alturas e risco de faltar água, a capital da China elaborou um plano estratégico para, nas próximas décadas, tornar o meio urbano mais agradável para as pessoas e com integração ao meio ambiente.
Parte dessa transformação pode ser vista nos preparativos para a Olimpíada de Inverno de 2022, que acontecerá em Pequim. Entre os sete locais de jogos espalhados pela cidade chinesa e arredores, um deles impressiona: uma antiga indústria siderúrgica, desativada nos anos 2000, irá sediar competições como salto no gelo.
A região de Shougang Park, a uma hora e meia de carro do centro de Pequim, é um gigantesco canteiro de obras - além dos locais de competição, também fica ali o comando dos jogos olímpicos, com 7 mil pessoas trabalhando na organização do evento.
Ao mesmo tempo em que novas estruturas estão sendo construídas, como a pista de salto de esqui (cujo formato lembra um sapato de salto feminino) e o ginásio para patinação, o que outrora serviu para produzir aço também será incorporado na rotina da Olimpíada de 2022. Em quatro gigantescas torres de resfriamento, ainda de pé, serão projetados filmes sobre a cultura chinesa durante o evento, por exemplo.
O governo local já iniciou a construção de um ramal do metrô unindo Pequim a Shougang Park. Com velocidade máxima de 200 km por hora, será possível chegar a Shougang Park em menos de 30 minutos. Detalhe: será a primeira linha de trem totalmente automática do mundo.
A abertura dos jogos será no ninho de pássaro, icônico estádio construído para a olimpíada de 2008 e que virou um símbolo da China. Já o ginásio cubo de água, famoso por sediar as disputas da natação na primeira olimpíada, será transformado em um cubo de gelo para o evento de 2022 - nele ocorrerão as partidas de curling, esporte muito popular nos jogos de inverno.
"Shougang Park reflete nossa aposta em um desenvolvimento sustentável. Vamos reaproveitar uma antiga região industrial para pensar um futuro mais 'verde' para a China", reflete Du Feijin. De fato, mais do que receber as competições de inverno, a área de Shougang deve se tornar um marco para a renovação urbana. A construção de novas habitações, a revitalização dos sistemas de água e de energia, além de melhorias nos sistemas de transportes, fazem de Shougang Park uma das regiões com potencial para novos moradores nas próximas décadas. Isso sem esquecer da economia: os esportes, a inteligência digital e a indústria criativa, três apostas do governo local para o desenvolvimento, devem transformar a região em um novo marco da moderna Pequim.

O desejo por carros elétricos

Carro percorre 600 km com a carga completa

Carro percorre 600 km com a carga completa


CRISTIANO VIEIRA/ESPECIAL/JC
Maior mercado de carros elétricos do mundo, com 770 mil veículos do tipo vendidos em 2018, a China também é um dos principais fabricantes globais de carros movidos a eletricidade. A empresa Beijing Electric Vehicles Company (BJEV) mantém, nos arredores de Pequim, um avançado centro de pesquisa e de desenvolvimento de carros elétricos. A BJEV faz parte do conglomerado BAIC (Beijing Automobile Group Co.), que tem entre seus parceiros a gigante alemã Daimler.
Criada em 2009, a BJEV é conhecida no mercado local pelos carros mini, que caíram no gosto do consumidor pela praticidade e baixo custo. Nos últimos anos, por outro lado, a BJEC investiu em modelos maiores, como sedãs e minivolumes, de olho em um cliente de maior poder aquisitivo.
Há duas possibilidades de carga: a rápida (que demora 30 minutos) e a completa, com duração de 8 horas. Recarregado, cada veículo pode rodar até 600 quilômetros. Entre as marcas, a norte-americana Tesla lidera as vendas, com 245 mil unidades, seguida pela BJEC, com 158 mil veículos.
 

Planejamento e expansão da cidade

Cidade pode ficar sem água em 2030 devido à superpopulação

Cidade pode ficar sem água em 2030 devido à superpopulação


PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Cercada por montanhas, Pequim ocupa uma área de 10 mil quilômetros quadrados. Com um tráfego intenso e a poluição do ar que insiste em fustigar os moradores da capital por dias a fio, a capital chinesa está numa encruzilhada: deve resolver o problema ambiental sem esquecer do desenvolvimento econômico.
Para tanto, a preocupação com a expansão de Pequim chegou ao nível máximo. A projeção do governo local é de que a capacidade atual de fornecimento de água vá se esgotar quando a cidade chegar a 23 milhões de habitantes - o que deve ocorrer em 2030. Hoje, são 21,7 milhões de moradores.
Há um horizonte de dez anos, portanto, para a metrópole organizar seu futuro. Pequim está localizada em uma macrorregião com 100 milhões de habitantes, com a metrópole vizinha Tianjin (com mais 15 milhões de moradores) e a província de Hebei.
Até 2050, um ambicioso plano pretende posicionar a capital chinesa como uma das melhores metrópoles do mundo em qualidade de vida e, deste modo, atrair talentos para a economia local além de satisfazer as necessidades dos habitantes.
Estão em curso a construção de 750 quilômetros de "green belts", cinturões verdes na periferia da cidade, com ciclovias e áreas de lazer estimulando, também, a convivência nos bairros, inclusive com mais trabalho.
"Assim as pessoas vão se deslocar menos, evitando o pesado tráfego da cidade e o tempo perdido em metrô e ônibus. São regiões mais afastadas da área central, com acesso via estradas e metrô", conta Wu Yimin, designer do Instituto de Planejamento Municipal de Pequim.
De acordo com ela, o futuro é menos tempo no trânsito, com maior uso de metrô (um transporte 'verde', elétrico, sem gases): hoje, 50% da população de Pequim utiliza os trens, mas a meta é chegar a 80% quando todo o sistema de green belts estiver implantado.
 

Velocidade chinesa sob trilhos

Sala de controle do metrô: sistema transporta seis milhões de pessoas por dia

Sala de controle do metrô: sistema transporta seis milhões de pessoas por dia


beijing media forum/divulgação/jc
Quando se analisa a história das ferrovias na China, percebe-se a urgência dos chineses em resolver seus problemas. Não à toa o país é referência mundial em soluções de mobilidade, como construção de pontes e túneis.
Os primeiros trens começaram a cruzar a China em 1876. Pouco depois, em 1911, o país tinha 5 mil quilômetros de ferrovias, a maior parte na região Norte. Em 1949, já eram 22 mil quilômetros de trilhos, extensão que passou para 52 mil quilômetros em 1978.
Esse crescimento foi fundamental para escoar a produção industrial das fábricas chinesas, mas também auxiliou muito no transporte de pessoas. Hoje, a China é o país com a maior malha ferroviária de trens de alta velocidade do planeta - cerca de 30 mil quilômetros.
Uma das linhas de maior demanda é a que liga as duas maiores cidades do país: Xangai e Pequim, separadas por 1.200 quilômetros. O trajeto pode ser finalizado em 4 horas e 15 minutos de trem. Via terrestre, um carro leva cerca de 14 horas.
Mas nada se compara ao metrô de Pequim, o maior do mundo em extensão: são 23 linhas, com 400 estações e 700 quilômetros de trilhos. Tem capacidade para 20 milhões de pessoas/dia. Hoje, atende a 12 milhões de passageiros.
O sistema começou a ser construído na década de 1960, mas ganhou impulso a partir dos anos 1980, e foi com a Olímpiada de 2008 que o metrô realmente cresceu: daquele ano para os dias atuais, a cidade ganhou 16 novas linhas.
"Devido a limitações geológicas, é um dos metrôs mais próximo da superfície do mundo, com profundidade média de apenas 23 metros. Por um lado, isso agiliza os trabalhos", lembra o executivo Du Feijin, diretor de publicidade do Departamento CPC de Pequim.
Hoje, a cada 700 metros tem uma estação. Cerca de 61 mil câmeras cobrem todo o sistema, fazendo a segurança do sistema e vigilância dos usuários. A cada viagem, no mínimo, o rosto de uma pessoa é registrado três vezes.
 

Nas rádios, o trânsito predomina entre as notícias

Zhang Jingyu afirma que ouvintes participam via app

Zhang Jingyu afirma que ouvintes participam via app


CRISTIANO VIEIRA/ESPECIAL/JC
Em uma cidade com 6 milhões de carros circulando pelas ruas (quase a frota inteira do Rio Grande do Sul, de 7 milhões de veículos, incluindo ônibus), informações sobre trânsito são essenciais para a população.
Apesar das enormes avenidas, o trânsito de Pequim exige paciência. O motorista pode converter tanto à esquerda quanto à direita, em qualquer esquina, tendo sinaleira ou não. O mesmo vale para as populares motocicletas, cujos motoristas não usam capacetes. E sem contar o pedestre, que fica no meio deste fogo cruzado.
A Radio Beijing, criada em 1949, controla dez estações de rádio, mais site e outras plataformas. Tem hard news, esportes e programação em inglês, mas o forte são informações de trânsito.
Sã0 30 jornalistas na área. Em notícias de trânsito, são os primeiros veículos em audiência de Pequim, com três estúdios dedicados ao tema. As informações são veiculadas 24 horas por dia 7 dias por semana.
A interatividade também é total. "Os motoristas enviam fotos e textos em tempo real, via Wechat (app de mensagens), ajudando os programas jornalísticos a se comunicarem melhor com seus ouvintes", explica Zhang Jingyu, diretora da rádio.
Saindo das ruas e das motocicletas, os jornalistas das rádios entenderam que as informações sobre mobilidade também são úteis para quem anda a pé ou utiliza o metrô. "Assim, é possível saber que linhas estão mais congestionadas ou que regiões de Pequim estão mais livres para deslocamento", completa Zhang Jingyu.
 

Fórum discute a cooperação da mídia

Além das visitas a locais históricos e emblemáticos da capital chinesa, os jornalistas convidados de diversos países participaram do Fórum de Mídia Pequim 2019. Do Brasil, apenas o Jornal do Comércio compareceu ao evento. Havia representantes também do Paquistão, Vietnã, Nepal, Cuba, Laos, Turquia, Rússia, Ucrânia, Irã, Etiópia e Japão, além da mídia chinesa.
Os tópicos dos debates foram cooperação com a mídia e comunicação internacional no contexto da globalização, além de transformação tecnológica e tendências da mídia.
Du Feijin, do comitê local, destacou que o fórum serviu como uma plataforma dedicada ao intercâmbio entre países e cidades. "Aqui incentivamos a mídia a realizar intercâmbios no sentido de promover a cooperação cultural e econômica", afirmou.
 

Beijing Daxing, o maior aeroporto do mundo

Terminal tem área equivalente a 98 campos de futebol

Terminal tem área equivalente a 98 campos de futebol


AFP/Getty images/divulgação/jc
A capital da China inaugurou, em setembro deste ano, o maior aeroporto do mundo: o terminal possui 700 mil metros quadrados de área construída, o equivalente a 98 campos de futebol - o custo chegou a R$ 234 bilhões. Visto de cima, seu formato lembra uma estrela-do-mar.
Os primeiros voos no Beijing Daxing International Airport (PKX) devem ocorrer em março de 2020. Ele irá absorver parte do tráfego no atual Beijing Capital International Airport (PEK), que transportou 101 milhões de passageiros em 2018.
Em cinco andares, o Beijing Daxing dedica dois para embarque (divididos em nacional e internacional), dois para desembarque e um último com plataforma de trem e metrô. Apesar do tamanho gigantesco, as autoridades locais garantem que os portões de embarque estão a apenas seis minutos de caminhada das inspeções de raio-X.