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mercado de capitais

- Publicada em 16 de Dezembro de 2019 às 03:00

Empresas brasileiras que abrem capital escolhem Nova York

Mais de um terço (38,5%) das empresas brasileiras que realizaram abertura de capital entre 2018 e 2019 optaram pela Bolsa de Valores de Nova York. Segundo especialistas, os maiores volumes de captação em ofertas de ações no exterior e as burocracias excessivas da Bolsa Brasileira foram os motivos que mais pesaram (e que continuarão a pesar) na decisão das companhias por abrir capital no exterior.
Mais de um terço (38,5%) das empresas brasileiras que realizaram abertura de capital entre 2018 e 2019 optaram pela Bolsa de Valores de Nova York. Segundo especialistas, os maiores volumes de captação em ofertas de ações no exterior e as burocracias excessivas da Bolsa Brasileira foram os motivos que mais pesaram (e que continuarão a pesar) na decisão das companhias por abrir capital no exterior.
Entre 2018 e 2019, 13 empresas brasileiras fizeram IPO (da sigla em inglês para oferta pública inicial de ações). Destas, cinco optaram pela Bolsa nova-iorquina: além da XP - que, segundo o calendário oficial da Nasdaq, começa a ser negociada nesta quarta-feira (11) -, Afya Educacional, Stone, PagSeguro e Arco Educação estão na conta de companhias listadas na Nasdaq.
De acordo com o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, o maior apetite a risco dos investidores e os dispositivos mais avançados de governança corporativa da Bolsa americana, por exemplo, acabam compensando o alto custo da abertura de capital no exterior -dados pela rigorosidade dos requisitos exigidos pela SEC (órgão regulador de valores mobiliários dos Estados Unidos, o equivalente à CVM no Brasil).
"O Brasil já avançou bastante em termos de governança corporativa, mas ainda existe muito a ser feito. Além disso, o investidor americano também consegue entender melhor a maturidade das companhias em seus ciclos de negócios, o que dá uma predisposição ao risco mais variada e abre espaço para uma captação mais significativa", disse.
Entre os segmentos de listagem na B3, o Novo Mercado é aquele com o padrão mais elevado de governança corporativa, onde as empresas adotam, voluntariamente, práticas adicionais às exigidas pela legislação brasileira. No segmento, só é permitida a emissão de papéis com direito de voto (ações ordinárias).
Segundo Arbetman, diferentemente das regras brasileiras, a listagem na bolsa americana também permite a emissão de ações preferenciais (sem direito à voto), o que seria outro impulsionador para que empresas como a XP -onde os acionistas vendedores não abrem mão do controle da companhia- escolhessem os Estados Unidos como destino.
A XP Inc, que começa a ser negociada na Nasdaq nesta quarta-feira (11), precificada em US$ 27, continuará detendo ações classe B (que possuem um poder de voto dez vezes maior) e terá o equivalente a 56,2% do poder de voto.
Para o CEO da Afya Educacional, Virgílio Gibbon, além da melhor avaliação que os investidores internacionais têm sobre a cadeia de valor da companhia, outro fator que motivou a companhia a optar pela Nasdaq foi a interação com outras marcas estrangeiras. "São marcas com as quais podemos interagir e conhecer o que há de mais moderno, combinando educação médica mediada por tecnologia e metodologia ativas", disse.
Ainda segundo especialistas, ao passo em que o mercado financeiro americano recebe cada vez mais companhias brasileiras interessadas na abertura de capital, a economia do Brasil e a própria B3 começam a se voltar para o incentivo do mercado de capitais nacionais.
De acordo com o economista da Órama Alexandre Espírito Santo a Bolsa brasileira acaba sendo um "termômetro" sobre o que os agentes econômicos estão esperando para o país no curto prazo. Para ele, levando em consideração o maior volume de operações, as expectativas são positivas para o próximo ano.
Os últimos dados da B3 registram 32 ofertas, entre IPOs e follow nos (ofertas subsequentes) neste ano: eram apenas cinco em 2018. "A Bolsa passou muito tempo amargando a situação macroeconômica do país e agora começa a recuperar. Existem alguns ajustes que precisam ser feitos, mas a Bolsa brasileira não deixa nada a desejar em relação aos demais [países] emergentes", diz Espírito Santo.

XP cria fundos de investimentos atrelados a suas ações nos EUA

Após estrear na bolsa de tecnologia Nasdaq, em Nova York, com US$ 14,9 bilhões de valor de mercado, a XP Asset Management lançou dois fundos de investimento, no dia 11 de dezembro, para atender demanda de brasileiros que queiram investir nas ações da XP Inc. Visando facilitar o acesso às ações da empresa na Nasdaq, a aplicação inicial é de R$ 500 com proteção à variação do dólar. Para brasileiros investirem diretamente em ações na Nasdaq é necessário uma conta corrente em uma corretora nos Estados Unidos. Segundo a casa de investimentos, os fundos não irão participar do processo de book building (avaliação da demanda pelas ações da empresa) do IPO.
Em nota, a empresa afirma que a compra das ações da XP Inc. pelos fundos será realizada somente no mercado secundário após o encerramento da oferta, em, no mínimo, dois dias após o início das negociações. O agendamento para as aplicações dos interessados está aberto desde o dia 11, com liquidação desde 13 de dezembro. 
Os investidores que adquiriram os papéis da XP Investimentos, que começaram a ser negociados em bolsa norte-americana no dia 11, pagaram US$ 27 (R$ 112,00) por ação. O valor ficou acima do que a empresa havia sinalizado em seu prospecto, que era de US$ 22 a US$ 25 (cerca de R$ 91 a 104).
Ao todo, foram ofertadas 83 milhões de ações neste que é o quarto maior IPO(oferta inicial de ações na sigla em inglês) do ano nos EUA e o segundo maior de uma empresa brasileira,atrás apenas da Pag Seguro - sistema de pagamentos de compras. Com a precificação, a empresa estreia com valor de mercado de US$ 14,9 bilhões (R$ 61,82 bilhões), o que a coloca entre as 20 empresas brasileiras de capital aberto mais valiosas.

Estudo avalia classe diferenciada de ações

Para a B3, adoção do voto plural não deve interferir nas regras do Novo Mercado

Para a B3, adoção do voto plural não deve interferir nas regras do Novo Mercado


GERARDO LAZZARI/DIVULGAÇÃO/JC
Operações de abertura de capital de empresas brasileiras no exterior têm chamado a atenção para a vedação da lei brasileira que impede a organização desse tipo de companhia no mercado nacional. Para avaliar os impactos de uma eventual mudança na legislação, a B3 reuniu especialistas no tema e apresentou estudo sobre modelos já adotados em outros países.
Opiniões favoráveis apontam, por exemplo, que não há evidências de que a concentração de poderes nos fundadores ou sócios principais de uma empresa afete negativamente o desempenho dela. Opiniões contrárias, por outro lado, trazem argumentos como a dificuldade de arbitrar limites que se apliquem a companhias de diferentes setores e diferentes estruturas. O estudo realizado pela Ace Governance, a pedido da B3, avaliou as estruturas de governança dos Estados Unidos e outras 19 bolsas ao redor do mundo. Na avaliação dos autores, os mercados onde o voto plural ou Super ON é permitido já desenvolveram formas de coibir abusos que podem reduzir impactos aos acionistas minoritários.
Analisando os casos de empresas brasileiras que realizaram seus IPOs fora do País, a conclusão do estudo foi de que a Super ON foi importante na decisão, mas o fator determinante seria o valor mais elevado que a ação recebe no momento da precificação. Vale lembrar que nos últimos 15 anos, menos de 5% dos IPOs de empresas brasileiras foram realizados fora do país. Na B3, 172 empresas realizaram sua oferta inicial de ações nesse período.
Diante das mudanças tecnológicas e inovações pelas quais o mercado está passando, é importante construir soluções flexíveis e que tragam alternativas para o mercado. Para a B3, no entanto, a adoção do voto plural não deve interferir nas regras do Novo Mercado, onde cada ação tem direito a um voto e as regras de governança não dão poderes extraordinários ao fundador.

Bolsa não é só o Ibovespa, explicam especialistas

Por Thiago Salomão e Matheus Soares, da Rico Matinal
O Ibovespa é uma carteira teórica, que serve como "termômetro" de como está o desempenho das principais empresas da bolsa brasileira. Sua composição é montada a partir do valor de mercado das empresas e do volume financeiro que elas movimentam em bolsa e, atualmente, temos 69 ações na carteira, com os bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil), Petrobras e Vale respondendo por 42% da composição atual.
Quando pensamos nas maiores empresas do Brasil, a maioria delas estão no Ibovespa e por estarem antecipando a recuperação da economia, é plausível o Ibovespa estar com alta de 26,3% em 2019. Mas isso não significa que o Ibovespa representa todo nosso mercado: bolsa não é só Ibovespa. Ibovespa não é toda a nossa bolsa.
Como vocês podem ter visto, 42% da carteira do Ibovespa está em 3 grandes bancos e em duas empresas cujo principal produto vendido depende mais da economia global do que da nossa dinâmica interna. Ou seja, por mais que elas sejam as principais empresas do Brasil, elas não refletem exatamente a nossa realidade econômica.
Se o Ibovespa não é uma carteira tão doméstica assim, a solução pode estar em um outro índice que comentamos muito ao longo de 2019 para os investidores que não tinham muito capital para seguir nossas carteiras recomendadas: o SMAL11. Este é o código do ETF (fundo de índice, na sigla em inglês) que acompanha o índice de Small Caps, que são empresas com menor valor de mercado e que movimentam menos capital na bolsa. Enquanto o BOVA11, etf que acompanha o Ibov, tá subindo 26,2%, o SMAL11 sobe quase o dobro: 43,4% em 2019. Por que?
Tornando curta uma longa história: ações como um todo estão indo bem por causa do ciclo de queda de juros mundo afora. Mas neste momento, enquanto o mundo passa por um
processo de desaceleração após um longo ciclo de crescimento, o Brasil está querendo iniciar uma retomada econômica após uma das suas mais graves crises. Com isso, empresas mais "tupiniquins" têm maior potencial para expandir seus lucros nos próximos trimestres do que aquelas mais globalizadas.
Mas não é só isso: i) small caps tendem a estar na "segunda onda" de um mercado de alta, pois os investidores aproveitam na "primeira onda" aquelas empresas mais óbvias (a maioria no Ibovespa); ii) como empresas domésticas sofreram mais na crise, há um espaço maior para crescer; iii) empresas menores têm por si só maior potencial de crescimento - uma analogia simples para explicar isso: é mais fácil um banco de 2 mil clientes duplicar a sua base do que um Itaú ou Bradesco.
Conclusão: se você quer investir em ações pensando na recuperação do País mas quer escolher um ETF pois não tem muito capital ou não quer fazer "stock picking" (seleção de empresas), o SMAL11 pode ser uma alternativa mais alinhada aos seus interesses do que o BOVA11.
Agora, se você quer fazer Stock Picking com Small Caps (nós somos prova de que é uma atividade extremamente prazerosa, mas requer muito esforço e dedicação), você pode ir por conta própria procurar quais são os tesouros escondidos dentro deste vasto universo de pequenas empresas... ou pode seguir a nossa Carteira Recomendada "$mall Cap$", que já acumula desde sua criação (março/2019) uma rentabilidade de 89% - bem acima do SMAL11 e do BOVA11.
Aliás, comemoramos ontem com nossos assinantes o sucesso de 3 recomendações: uma delas acumula mais de 20% de valorização nos últimos 5 pregões, enquanto as outras duas atingiram ontem novas máximas históricas.