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Empresas & Negócios

- Publicada em 01 de Dezembro de 2019 às 22:12

OCA Brasil quer reforçar o conceito de inovação em economias locais

Danilo Sciumbata chegou a Caxias do Sul em 2011, depois de ter se casado com uma caxiense

Danilo Sciumbata chegou a Caxias do Sul em 2011, depois de ter se casado com uma caxiense


DIEGO RAMOS DE NASCIMENTO/DIVULGAÇÃO/JC
Roberto Hunoff
O paulista Danilo Sciumbata, engenheiro de automação, chegou a Caxias do Sul em 2011, depois de ter se casado com uma caxiense. Desde então, iniciou uma forte mobilização para criar condições de reforçar o conceito da inovação na economia local. Desse movimento surgiu a OCA Brasil Innovative Hub, uma plataforma que tem como principal propósito aproximar os pilares para consolidar a inovação junto à comunidade empresarial e geral. Em operação efetiva desde 2017, a plataforma ocupa prédio de 2 mil metros quadrados, recebe de 500 a 550 pessoas todos os dias e tem rede de 350 integrantes. Já está em Porto Alegre e tem projetos para, em 2020, atuar em Joinville (SC) e São Paulo, além de uma nova unidade em Caxias do Sul. O valor investido já chega perto de R$ 6 milhões.
O paulista Danilo Sciumbata, engenheiro de automação, chegou a Caxias do Sul em 2011, depois de ter se casado com uma caxiense. Desde então, iniciou uma forte mobilização para criar condições de reforçar o conceito da inovação na economia local. Desse movimento surgiu a OCA Brasil Innovative Hub, uma plataforma que tem como principal propósito aproximar os pilares para consolidar a inovação junto à comunidade empresarial e geral. Em operação efetiva desde 2017, a plataforma ocupa prédio de 2 mil metros quadrados, recebe de 500 a 550 pessoas todos os dias e tem rede de 350 integrantes. Já está em Porto Alegre e tem projetos para, em 2020, atuar em Joinville (SC) e São Paulo, além de uma nova unidade em Caxias do Sul. O valor investido já chega perto de R$ 6 milhões.
Empresas & Negócios - O que fez localizar em Caxias do Sul, um dos maiores polos metalmecânicos do Brasil, um projeto tão diferente como a OCA Brasil?
Danilo Sciumbata - É comum me perguntarem isso, pois sou natural de São Paulo. Uma das razões é o fato de a minha esposa ser caxiense. Mas também a qualidade de vida e por vislumbrar potencial muito grande na área da inovação. Tenho 20 anos de atuação em engenharia de automação, minha formação profissional, e com inovação. Percebo que a questão cultural na cidade ainda é muito profunda em função da matriz econômica. Quando cheguei em 2011, senti isso muito forte, porque a cidade, com quase 70 mil empresas constituídas, tinha diálogo limitado com inovação e tecnologia. Por isso, a ideia de inserir a Serra no mapa da inovação com o que existe de melhor no cenário nacional.
E&N - A cidade, no seu entendimento, mudou nestes anos em relação a essa cultura?
Sciumbata - Sempre existiram pessoas e ações inovadoras em Caxias do Sul. Mas agiam de forma isolada, o que torna a consolidação mais difícil. A OCA veio para se tornar a casa dessas pessoas. Somos uma plataforma de conexão que pode contribuir nisso. O papel é ajudar o empreendedor. Um ecossistema é formado por vários agentes: poder público, empresários, mercado e comunidade, entre outros. Aqui, propomos que eles se encontrem. De forma rápida, veio o mercado, por meio das Empresas Randon. Vieram perguntar o que se queria fazer aqui. Respondemos que era um hub de inovação para conectar a cidade com esse universo. Todas as empresas têm pesquisa e desenvolvimento, que é uma forma diferente de inovar. Mas faz para dentro dos seus muros, e a comunidade não participa. A inovação aberta está quebrando esses paradigmas. As empresas estão abrindo teses e problemas comuns para terceiros, para quem não quer ser só empregado, mas também empreendedor. Trabalhamos com universidades, ainda que a visão delas esteja muito limitada às suas fronteiras. Algo com o poder público, embora seja mais difícil. O nosso foco é o mercado, gerar soluções que tenham demanda e relacionamento comercial.
E&N - São quase três anos em funcionamento. Sua avaliação é positiva para a empresa?
Sciumbata - Começamos com 100 m². Em três meses, avançamos para 300 m2; em quatro, para 700 m2; e, hoje, estamos com o prédio, de 2 mil m², tomados por esses agentes. Temos atuado, sem remuneração, na conexão do empreendedor que está tirando sua solução do papel com grandes empresas. Estamos propondo missões para fora, saindo do ambiente local, para conhecer aceleradoras, eventos, instituições e empresas de outros setores para compartilhar ideias e boas práticas. Nosso papel é de neutralidade, de fomento cultural. Só em 2019, realizamos 65 eventos gratuitos e abertos à comunidade. Se um startupeiro precisa de mentoria, procuramos; se alguém busca investidor-anjo, apresentamos opções. Quando se está em ecossistemas menos maduros, ambientes com densidade mínima, como é Caxias, existe a lacuna da conexão entre esses dois públicos, que são pilares fundamentais do negócio. Queremos facilitar a vida do empreendedor. Somos parte de um ecossistema. Se a comunidade não participar, isso não fará sentido. Queremos ser ponto de apoio para a empresa conectar e encontrar o que precisa. A parte imobiliária - ferramenta para esses dois universos se encontrarem - monetizamos.
E&N - Este modelo já é comum no Brasil?
Sciumbata - Desta forma, não, porque é uma mistura de experiências. Conheci esse modelo nos Estados Unidos, onde vivi por três anos. As boas práticas de inovação são comuns nas empresas de tecnologia. As que não são da área começam a adotá-las. Não quer dizer que tudo vai mudar. Sabe-se o elevado custo que é não estar atento a isso, vários gigantes quebraram porque não enxergaram esse novo cenário. É preciso chegar perto do mundo da inovação e ver o que é possível encaixar no negócio. As empresas estão tirando times de inovação de dentro da operação e buscando soluções aqui fora. Depois, retornam aos seus espaços para acrescentar essa cultura. É uma mistura sadia. Também é essencial o viés comunitário por meio do fomento de eventos e da acessibilidade facilitada.
E&N - O mercado já entendeu essa ideia?
Sciumbata - Começa a entender. Mas é preciso dizer que estamos ainda bem no início. Em Caxias, recebemos, por dia, em torno de 500 pessoas, o que não dá nem 1% da população economicamente ativa. Mas estamos animados com os resultados, porque a ocupação média é de 75% a 80%. As empresas clientes se tornam parceiras, criando uma rede forte e próspera, ajustada ao que queremos fazer. Não fizemos sozinhos, mas com quem vem aqui. Tem startup do Vale do Silício, tem gente começando a tirar a ideia do papel, tem o projeto Hélice, com 13 grandes empresas. O que falta, muitas vezes, é o suporte para dar o primeiro passo, porque não é fácil ir sozinho. Vamos abrir uma segunda unidade em Caxias até março de 2020. A ideia está avançando para a região, com a criação de organismos de inovação. Temos orgulho de ter gerado essa inquietação, porque, em 2015, não se falava isso. Quando comecei, sabia que causaria algo novo, porque queria inquietar. Mas nunca imaginei que estaria como estou em dois anos e meio.
E&N - Além de Caxias, a OCA também está em Porto Alegre. Por que esse investimento na Capital?
Sciumbata - São ambientes diferentes, mas com forte potencial para integração de projetos. Em Caxias, apresenta-se o universo da inovação; em Porto Alegre, que tem mais ambientes, estamos mostrando que a OCA é hub de inovação, com outra área de atuação. Estamos explicando que o coworking é uma ferramenta da plataforma. Com quatro meses de operação, já temos quase 100% de ocupação. Por isso, iniciamos, em novembro, as obras em mais dois andares que estavam reservados. Projetamos para a metade de 2020 estar com todo o prédio ocupado. Também para o próximo ano pretendemos ter unidades em Joinville, porque tem similaridades com Caxias do Sul, e em São Paulo. Não havia interesse pela capital paulista, mas o modelo deu certo aqui, que fomos sondados para um projeto por lá, que ainda não pode ser divulgado.
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