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gestão

- Publicada em 18 de Novembro de 2019 às 01:11

Empresas buscam talentos onde quer que eles estejam

Trabalhador nômade ganha espaço pelo profissionalismo, independentemente do local que atua

Trabalhador nômade ganha espaço pelo profissionalismo, independentemente do local que atua


PILAR PALMER VIA PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Por que abrir mão de profissionais qualificados e engajados só porque eles resolveram viver novas experiências de vida longe da base da empresa? Até bem pouco tempo, a decisão pessoal de morar no litoral, no interior ou fora do Brasil representava a saída de muita gente boa das empresas.
Por que abrir mão de profissionais qualificados e engajados só porque eles resolveram viver novas experiências de vida longe da base da empresa? Até bem pouco tempo, a decisão pessoal de morar no litoral, no interior ou fora do Brasil representava a saída de muita gente boa das empresas.
Mas não deverá ser mais assim no futuro. A cultura do mercado de trabalho nômade se dissemina, ancorada na vontade das pessoas de terem mais flexibilidade e, por outro lado, na necessidade de as empresas reterem os seus talentos.
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Como dizer para os profissionais das novas gerações que eles precisam ficar oito horas fechados em um escritório se eles sentem que podem ser mais produtivos se puderem trabalhar em casa, em um café ou até mesmo estender as férias e realizar o seu trabalho da cidade que estão visitando? "O profissional de Tecnologia da Informação (TI) lidera a adoção de novas práticas de gestão, e o trabalho remoto já é algo esperado há bastante tempo por quem atua nesse mercado", explica a head de RH da 4all, Evelise Vincensi.
Pensar fora da caixa sempre foi um dos fortes da 4all, operação composta por um hub de seis unidades de negócios em diferentes verticais, como fintech e entretenimento. Conseguir conectar os seus colaboradores no propósito da empresa também. Liderada pelo cofundador José Renato Hopf, a GetNet tem atuado em grandes iniciativas de transformação digital e, agora, avança no seu modelo de contratação de pessoas, apostando no trabalho remoto.
O projeto começou com a adoção desse sistema para os colaboradores da empresa. Depois, evoluiu para a possibilidade de pessoas que trabalhavam na 4all, mas decidiram viver novas experiências em outras cidades, estados ou países, pudessem seguir como contratadas. Hoje, a 4all já tem profissionais morando em Portugal, na Espanha e nos Estados Unidos.
E, então, chegou no momento atual, em que vagas estão sendo oferecidas dentro desse novo conceito. "Tivemos o cuidado de começar dentro de casa, dando oportunidade para os nossos atuais colaboradores testarem e aprenderem com esse modelo. Então, feito isso, abrimos para o mercado", explica Evelise.
Profissionais da 4all já se encontram em Pelotas, Santa Maria e Torres, apenas para citar algumas cidades. "É um processo também de interiorização, pois há muitas coisas legais acontecendo na empresa e, muitas vezes, quem mora fora das capitais acaba não vivenciando", acrescenta.
A decisão de adotar o trabalho remoto foi precedida por muito estudo de como deveria ser o modelo ideal. Evelise e um outro gestor da 4all chegaram a experimentar essa rotina de trabalhar em casa por um tempo para, a partir disso, produzir um material de orientações e dicas para os profissionais.
Uma regra importante é que quem está fora do escritório precisa ser acessado a qualquer momento e precisa colaborar. Ou seja, não é opcional participar de uma reunião com o time só porque está em casa. "Sempre fomos flexíveis, mas tudo precisa ser combinado. A flexibilidade vai até onde tua atividade permite", comenta a gestora.
A ideia é que eles trabalhem remotamente quando já têm as suas atividades determinadas e sentem que serão mais produtivos e concentrados em casa do que no escritório com a interação. Parece que essa medida, junto com outras, foi bem recebida. Neste ano, a 4all foi reconhecida como a 30ª melhor empresa de Tecnologia de Informação (TI) do Brasil para se trabalhar, na categoria médio porte. A premiação está embasada na metodologia aplicada pelo programa Great Place To Work (GPTW).
Encontrar pessoas qualificadas em um cenário de constantes transformações tecnológicas é um desafio. Nos próximos três anos, 120 milhões de trabalhadores nas 10 maiores economias do mundo precisarão de recapacitação profissional como resultado do impacto da utilização de Inteligência Artificial e Automação Inteligente no mercado de trabalho. É o que aponta o mais recente estudo do Institute for Business Value (IBV) da IBM. No Brasil, 7,2 milhões de profissionais terão que ser treinados em novas habilidades.
Assim como as pessoas precisam se adequar às mudanças nas dinâmicas de trabalho, as empresas também se veem diante do desafio de conseguir atender às expectativas dos seus talentos para mantê-los.
A diretora de Recursos Humanos da IBM Brasil, Christiane Berlinck, comenta que a tecnologia tem possibilitado flexibilização nas formas de trabalho. "Muitas vezes, não importa por onde você está, o que interessa é o valor que você gera para sua organização", comenta.
Por outro lado, dependendo da área e do projeto que está sendo desenvolvido, faz sentido o profissional estar presencialmente na empresa. "Temos adotado as metodologias ágeis, que envolvem muito conceito de colaboração. Nesses casos, estar presente com a equipe faz diferença", explica.
Em outros caso, a presença física pode ser irrelevante. A executiva revela que a IBM tem muitos centros de excelência espalhados pelo mundo, e que é comum profissionais prestarem serviços para unidades que estão em diferentes países, remotamente. "Esse modelo mais flexível, mais fluido do trabalho, é algo que sempre aconteceu com mais frequência nas empresas com presença global", diz.

BriviaDez refaz processos para atender à tendência

Coelho diz que é preciso dar suporte processual para garantir o sucesso do trabalho remoto

Coelho diz que é preciso dar suporte processual para garantir o sucesso do trabalho remoto


COLETIVA.NET/DIVULGAÇÃO/JC
Foram dois anos de preparação até que a BriviaDez se sentisse pronta para implantar um novo e flexível sistema de contratação de talentos.
Não é tão simples assim mudar processos que, há tantos anos, são feitos da mesma forma. Mas era preciso, para garantir a sustentabilidade do negócio e desenvolver alternativas de valorização das pessoas que vão além das recompensas financeiras. "Nos instrumentalizamos para ter condições de trabalhar com colaboradores distribuídos, seja em um café, em casa, no aeroporto ou em outro país", analisa o CEO da BriviaDez, Márcio Coelho.
Os objetivos que levaram a empresa a fazer essa transformação eram claros para os gestores: o desafio de atender às expectativas por novas formas de trabalho, criando, assim, um cenário decisivo para a retenção dos seus talentos. "As novas gerações querem viver experiências diferentes de vida, como morar no litoral ou fora do Brasil, e viabilizar isso passa por conseguir se envolver com seus empregadores de forma diferente da tradicional. Queremos viabilizar isso", comenta.
Hoje, o profissional da BriviaDez pode estar morando na Europa, nos Estados Unidos ou esticando as férias, tanto faz. Tudo é possível desde que as dinâmicas de trabalho estejam organizadas para isso. A empresa tem de 150 a 160 pessoas, e todas se envolvem com trabalho remoto em alguma dimensão. Desse total, cerca de 10% atua 100% remoto, morando fora do País ou em estados em que a empresa não tem sede. Um dos profissionais, depois de anos atuando pela BriviaDez, decidiu se mudar para Portugal e, hoje, realiza suas tarefas de lá. Outra foi fazer intercâmbio na Austrália e vai ficar seis meses estudando e trabalhando de lá. E têm as pessoas que são recrutadas independentemente da base.
A preparação para isso começou com a etapa de planejamento das novas práticas e processos para garantir que, mesmo separados geograficamente, os colaboradores pudessem trabalhar em equipe, inclusive com fusos horários diferentes. "Tem ritos que são do time. Cada esquadrão pode definir seu horário, mas precisamos estabelecer momentos para pessoas se encontrarem", conta Coelho.
A BriviaDez oferece o suporte ferramental e processual de práticas de trabalho, e alguns direcionamentos precisam ser seguidos. Se a pessoa vai trabalhar de casa, não pode estar com qualquer roupa, pois vai precisar interagir com o time via câmera. Mesmo estando mais relaxado, o profissional precisar estar apresentável.
Outra questão importante, cita Coelho, é manter a sensação de participação das pessoas. Se um encontro é presencial, é possível enxergar expressões, como se movimentam, e isso ajuda no processo de comunicação. Ao fazer uma reunião por vídeo, a câmera precisa estar aberta, para todos se verem. Além disso, se a reunião é com alguém remoto, todos se comportam como se estivessem remotos, para envolver a pessoa. "Isso requer atenção sobre como vamos conversar. É preciso ter organização sobre o momento de cada um falar, para não dar muito ruído", analisa.
 

'Desejamos construir uma empresa que a gente queira trabalhar para sempre'

Goldschmidt defende que colaborador feliz tende a ser mais produtivo

Goldschmidt defende que colaborador feliz tende a ser mais produtivo


/LUIZA PRADO/JC
Vila Velha, Bauru, São Paulo, Pelotas, Caxias do Sul, Goiânia, Rio de Janeiro e Londres. Os colaboradores do Superplayer & Co, líder em soluções de música e de tecnologia para empresas, estão espalhados pelo Brasil. "É difícil encontrar mais de quatro ou cinco pessoas na sede da empresa, em Porto Alegre. Mesmo quem mora na Capital, muitas vezes, trabalha de casa ou de um café", comenta o cofounder e CEO da operação, Gustavo Goldschmidt. A estratégia de permitir que o seu time atuasse de forma remota e contratar pessoas já neste modelo começou há cerca de um ano, e foi muito bem pensada. A preparação envolveu, por exemplo, prover a infraestrutura necessária para a realização do trabalho, sistemas que permitam a comunicação e colaboração entre o time e orientação para a dinâmica diária, inclusive para evitar que as pessoas trabalhem em excesso por estarem em casa. O objetivo, com isso, é atrair e manter os melhores talentos.
Empresas e Negócios - Qual o contexto que levou o Superplayer a adotar o trabalho remoto como modelo de contratação?
Gustavo Goldschmidt - Há cerca de 12 meses, começamos a olhar a empresa de forma diferente. Tivemos uma etapa com crescimento super-rápido, muitos colaboradores, grande parte júnior, e estávamos focados em aumentar o número de usuários e a receita. Estamos quase completando 10 anos no mercado, paramos para pensar nisso e vimos que queremos construir uma empresa que a gente queira trabalhar para sempre. Mas o que faria isso possível? Ter bons relacionamentos, desafios, uma carga de trabalho que permita que se faça as coisas do dia a dia e tenha boa remuneração por isso. Começamos a ter menos pessoas para cuidar melhor de cada uma delas. E foi aí que surgiu o trabalho remoto, que, aliás, é um conceito diferente do home office. Trabalhar remotamente não é, necessariamente, trabalhar de casa, mas de onde a pessoa se sente mais confortável, como em um parque ou café.
E&N - Como essa estratégia ajuda a reter as pessoas?
Goldschmidt - Hoje em dia, temos que entender empresa como um produto para o colaborador. O nosso pacote para a atração de pessoas tem que ser melhor que a próxima oferta que ele poderá receber. Por isso, resolvemos nos posicionar no sentido de criar um ambiente propício para os profissionais poderem construir a sua felicidade. É muito comum vermos como exemplo de um bom ambiente de trabalho as startups, com sua galera jovem e espaços divertidos e informais, com escorregador no meio da sala e cerveja no final do dia de trabalho. Mas estamos com mais de 30 anos, construindo família, e pensamos: qual será o nosso pacote? A oferta do trabalho remoto veio em cima disso, de sermos uma empresa em que pessoas tenham equilíbrio, que possam trabalhar de onde quiserem. Até porque acreditamos que assim elas podem ser mais produtivas. Eficiência é algo importante para as corporações, mas também faz as pessoas felizes por elas sentirem que não estão perdendo tempo.
E&N - Como foi a preparação da infraestrutura para permitir esse trabalho remoto?
Goldschmidt - Foi um trabalho intenso e que envolveu a adoção de diversas práticas. Hoje, quando o profissional é contratado, pode optar por ter uma ajuda de custo para montar a sua estação de trabalho, se estiver fora de Porto Alegre, onde fica nossa sede. Inclusive, damos recomendação de mesas e cadeiras ergonômicas e da velocidade de internet mínima que é preciso. Outra opção é ele usar uma assinatura de serviço de coworking, com centenas desses espaços espalhados pelo Brasil podem ser usados. Também tivemos que cuidar da comunicação do time - usamos um sistema que é referência em trabalho remoto, com ferramentas de colaboração, compartilhamento de materiais, chat. Fazemos tudo ali dentro. Eu mesmo me senti mais parte do dia a dia do trabalho, pois, agora, consigo acompanhar e interagir por ali.
E&N - Algumas empresas optam por começar com o trabalho remoto parcial, mas vocês têm todos os profissionais atuando nesse modelo. O que levou a essa decisão?
Goldschmidt - É mais fácil implementar remoto 100% do que parcial. Se você faz por partes e mantém muita coisa acontecendo dentro de casa, a tendência é de que quem está remoto não participe tanto. É fundamental que quem está fora da sede nunca se sinta em desvantagem. Algumas empresas começam com trabalho remoto para reduzir salário, mas não acreditamos nesse modelo. Temos um padrão salarial, independentemente se a pessoa está na sede ou remota.
E&N - Muitas empresas têm receio por sentirem que podem perder o controle sobre o seu time. Como você vê isso?
Goldschmidt - Uma das preocupações que algumas empresas têm está relacionada com a necessidade de controle. Só que a verdade é que vivemos em uma era que isso é praticamente impossível. Temos que apostar na confiança. Quanto mais autonomia você dá para o colaborador, a tendência é que ele se sinta mais responsável.

Depoimentos

Ana Paula Dornelles Schulze

Ana Paula Dornelles Schulze


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Ana Paula Dornelles Schulze, UX Designer da 4all
Eu já trabalhava na 4all quando surgiu a oportunidade de me mudar para Madrid. Procurei meus gestores para comunicar o meu desligamento e fui surpreendida com a oferta de continuar na equipe, trabalhando remotamente. Como era um modelo novo de trabalho, fomos ajustando juntos as melhores práticas, e o time foi muito parceiro nisso. Para mim, tem sido uma grande oportunidade de me manter produtiva, motivada e em contato com pessoas familiares, já que, no início, a vida fora do País pode ser um pouco solitária. O trabalho remoto, apesar de exigir cuidados, oferece vantagens. São muitas horas economizadas em transporte, as refeições são mais fáceis e tenho a liberdade de trabalhar onde me sinto mais confortável, seja no meu escritório com meus animais, em um café quando quero ter ideias ou em uma biblioteca quando preciso de silêncio e foco. O maior ponto negativo é a falta do contato pessoal, e isso não tem como substituir, então é algo com o qual tento me habituar. Mas, no geral, tem sido muito positivo.
Pedro Malta, desenvolvedor do Superplayer
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Pedro Malta, desenvolvedor do Superplayer. Foto Superplayer/Divulgação/JC
Moro em Vila Velha (ES), um pouco longe da cidade, então trabalho de casa, mesmo. É um modelo excelente pra mim. Tenho um padrão de sono um pouco doido, costumo acordar muito cedo e, em geral, às 5h já estou 100% desperto. Em um trabalho presencial, iria ficar rolando na cama até começar a rotina de trabalho. Aqui, quando chega às 9h, geralmente já fiz muita coisa, sem interrupção alguma, o que é muito produtivo. Não perco tempo, não me canso e não me arrisco também com ônibus ou outro tipo de transporte. Minhas horas de trabalho são bem mais focadas. Por almoçar em casa, minha alimentação é mais balanceada e muito mais barata. Uma desvantagem é que, às vezes, quando dependemos de outro profissional para tocar nosso trabalho ou tirar uma dúvida, pode ser que demore um pouco mais que o normal. Mas as ferramentas e os padrões que usamos no Superplayer permitem o contato com o time todo com muita facilidade, boa comunicação e agilidade. A empresa é focada em fazer coisas novas, além de desenvolvermos produtos que envolvem música e tecnologia, que é um grande foco de interesse meu.