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- Publicada em 03 de Junho de 2019 às 03:00

Nuances luta pelos direitos LGBTI no Estado

Organização está completando 28 anos de atuação no Rio Grande do Sul

Organização está completando 28 anos de atuação no Rio Grande do Sul


/LUIZA PRADO/JC
Pedro Carrizo
O Brasil da maior Parada Livre do mundo, que acontece todo ano em São Paulo, também é o País líder no ranking de assassinatos à transexuais. Essas duas afirmações, conflitantes e, ao mesmo tempo, conectadas, pintam um Brasil hostil para quem assume ser o que é, contornado por lutas, afirmações e conquista de direitos. Porém, se hoje há centenas de grupos e movimentos organizados pelo Brasil, que lutam em defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, pessoas trans e intersex (LGBTI), nem sempre foi assim. No Rio Grande do Sul, quando a ONG Nuances foi fundada, em 1991, ser homossexual ainda era sinônimo de doença e de marginalidade.
O Brasil da maior Parada Livre do mundo, que acontece todo ano em São Paulo, também é o País líder no ranking de assassinatos à transexuais. Essas duas afirmações, conflitantes e, ao mesmo tempo, conectadas, pintam um Brasil hostil para quem assume ser o que é, contornado por lutas, afirmações e conquista de direitos. Porém, se hoje há centenas de grupos e movimentos organizados pelo Brasil, que lutam em defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, pessoas trans e intersex (LGBTI), nem sempre foi assim. No Rio Grande do Sul, quando a ONG Nuances foi fundada, em 1991, ser homossexual ainda era sinônimo de doença e de marginalidade.
Precursor na defesa da liberdade de expressão sexual, o Grupo Nuances completa 28 anos no Estado. Relembrando essas quase três décadas de trabalho, Célio Golin, militante e um dos fundadores do grupo, elenca as principais conquistas do Nuances, que passaram a valer como direito adquirido em nível nacional. Das primeiras Paradas Livres à equiparação de direitos entre casais heterossexuais e homossexuais junto ao INSS, "a grande conquista foi traduzir para uma discussão política a questão da LGBTIfobia, rompendo com a ideia de que essa era uma discussão sobre patologia", explica Golin, coordenador geral da ONG.
Hoje uma união homossexual tem o mesmo peso jurídico que uma união heterossexual, com direito a herança por morte do parceiro(a), acesso a plano de saúde, pensão alimentícia, entre outros direitos adquiridos.
Acompanhando as conquistas políticas, o Nuance também buscou romper preconceitos produzindo e disseminando conhecimento. Durante esses 28 anos, já foram mais 40 edições do Jornal Nuance, que faz a cobertura do movimento homossexual brasileiro, além de oito livros publicados, sendo a diversidade o tema central. A última obra, lançada ano passado, compila a atuação do grupo durante esses anos de ativismo, e recebeu o título: "A diversidade e a livre expressão sexual entre as ruas, as redes e as políticas públicas".
Para este ano, o Nuance está promovendo o "Seminário Nacional de Olho Bem Aberto", que acontece durante os dias 28 e 29 de junho, no Auditório da Faculdade de Economia da Ufrgs, e é aberto ao público. A ideia do primeiro dia do encontro é traçar um paralelo entre o passado e o futuro da luta por diversidade. No segundo dia, dois títulos guiarão o debate: "A construção dos direitos de cidadania dos LGBTQI no Brasil - tendências e perspectivas" e "Babadeiros e Babadeiras na política: Os rumos das lutas LGBTQI no Brasil", ambos painéis irão agrupar especialistas no tema e ativistas LGBTI. O seminário tem o apoio da Ufrgs e do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico.
"Hoje existem diversos grupos que militam a favor diversidade, mas quando a gente iniciou o movimento ainda era muito embrionário. Acredito que essa evolução na militância e luta por direitos seja um pouco de mérito nosso também", diz o coordenador-geral do Nuances enquanto explica que a palestras serão compostas por figuras nacionais do movimento LGBTI. Entre elas Mônica Benício, viúva de Marielle Franco e ativista; Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Lins Robalo, presidente do Grupo Girassol de São Borja, e muito outros.
Porém, mesmo que a ONG seja referência no Brasil e uma das pioneiras na defesa da população LGBTI, manter-se financeiramente sempre foi um desafio constante para o Grupo. Segundo Golin, sempre houve uma grande dificuldade de conseguir financiamentos, "mas nos últimos cinco anos as linhas de financiamento ficaram ainda mais escassas". Sendo que, ao mesmo tempo, "também cresce um discurso de criminalização dos movimentos sociais", completa coordenador geral da ONG.
Sem financiamento, o Nuance passa a organizar a "Feijoada Solidária do Nuances", com intuito de arrecadar fundos para a entidade, que atualmente se paga a duras penas. Para quem quiser participar do evento, a contribuição é dividida em três valores (R$ 100,00, R$ 50,00 e R$ 30,00), com opções de feijoada para carnívoros e vegetarianos. Prevista para acontecer uma vez por mês, a primeira edição do "Feijoada Solidária" foi ontem (02/06), no Clube da Cultura, localizado na Avenida Ramiro Barcelos, 1853, e para quem quiser participar da próxima deve acompanhar as redes sociais da ONG.
O Grupo Nuances tem inspirações na Rebelião de Stonewall, que aconteceu nos Estados Unidos e está completando 50 anos. A Rebelião foi marcada por uma série manifestações de membros da comunidade LGBTI contra a violência policial e a disparidade de direitos entre héteros e outros tipos de orientação sexual. Seja os 50 anos de Stonewall, ou os 28 de Nuances, a marca dessas lutas ainda vivem na inspiração de quem não se conforma, e nunca irá se conformar, com o preconceito.
 
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