Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 06 de Maio de 2019 às 03:00

Cresce o trabalho de subsistência no País

Atividades como a pesca têm se tornado alternativa de renda frente à crise

Atividades como a pesca têm se tornado alternativa de renda frente à crise


/ARIS MESSINIS/AFP PHOTO/JC
Em mais uma consequência da crise, aumentou o trabalho para subsistência no País. O Brasil já tem 13 milhões de pessoas que cultivam, caçam, pescam, criam animais, produzem carvão, cortam lenha e fabricam calçados, roupas, móveis e cerâmicas, de acordo com a pesquisa "Outras formas de trabalho", divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em mais uma consequência da crise, aumentou o trabalho para subsistência no País. O Brasil já tem 13 milhões de pessoas que cultivam, caçam, pescam, criam animais, produzem carvão, cortam lenha e fabricam calçados, roupas, móveis e cerâmicas, de acordo com a pesquisa "Outras formas de trabalho", divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este número aumentou 25% nos últimos três anos. Desde 2016, são mais 2,6 milhões de brasileiros recorrendo ao trabalho para o próprio consumo, segundo os dados do levantamento. Com isso, ao todo, 7,7% da população com 14 anos ou mais trabalham apenas para a subsistência.
Aposentada há seis anos, após trabalhar como porteira no Rio de Janeiro, Carmen Dolores, de 67 anos, e Valdivan Ferreira da Silva, de 58, fazem parte desse contingente. Levantaram sua própria casa em um terreno no bairro Incra, em Seropédica (RJ). Lá, plantam hortaliças e criam animais. Vivendo com um salário-mínimo, eles chegam a economizar mais de R$ 400,00 com o trabalho de subsistência. No mercado, só compram arroz, feijão, macarrão e óleo.
"Economizamos até com remédio. Gostamos muito de ter a nossa própria comida. Vivemos com pouco, mas com qualidade. Fazemos nosso queijo e comemos o frango que criamos", afirma Carmen, que aprendeu a cultivar e criar animais após se aposentar. A população mais velha é a que mais se dedica a esse tipo de trabalho. Entre quem tem 50 anos ou mais, são 11% os que produzem para o próprio consumo.
O aumento desse tipo de trabalho precário vem na esteira da crise no mercado de trabalho, explica o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Daniel Duque. "É o mesmo movimento do aumento do desalento, da informalidade, do trabalho por conta própria. Não estão encontrando uma forma de trabalhar numa atividade produtiva e estão fazendo tarefas mais caseiras. É um trabalho sem remuneração, aprendizagem e proteção social. É a subutilização da força de trabalho das pessoas e muito precarizada."
Segundo Duque, embora a economia tenha reagido ligeiramente, no mercado de trabalho não houve melhora. O desemprego atinge 13 milhões de trabalhadores, e o PIB per capita teve queda de mais de 8% nos quatro anos de recessão. As previsões de crescimento para este ano vem caindo sistematicamente. Agora, os analistas esperam que a economia cresça 1,71%. No início do ano, a expectativa era de 2,5%.
"Com a crise, muita gente voltou para casa dos pais, e a casa teve que aumentar um pouco. No interior, com a alta do gás de cozinha (aumentou 55% desde 2015, quando o Brasil entrou em recessão, contra inflação média de 27,5% no período), a pessoa que fica sem trabalho vai para o fogão a lenha", explica Maria Andréia Parente, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO