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Empresas & Negócios

- Publicada em 06 de Maio de 2019 às 03:00

Embrapa foca entrega de tecnologias ponta a ponta

'O efeito prático disso é que teremos de priorizar a agenda', diz o agrônomo, sobre a linha de atuação

'O efeito prático disso é que teremos de priorizar a agenda', diz o agrônomo, sobre a linha de atuação


FERNANDA MUNIZ JUNQUEIRA OTTONI/EMBRAPA/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
O engenheiro agrônomo gaúcho Alexandre Costa Varella já está de malas prontas. Varella vai coordenar, nos Estados Unidos, o Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior (Labex), um dos dois que a empresa pública de pesquisa agropecuária brasileira tem no mundo - o outro fica na Europa. Para assumir o posto, que terá interação direta com o órgão similar à Embrapa, o Agriculture Resarch Service (ARS), ligado ao Departamento de Agricultura dos EUA, o agrônomo e pesquisador, 48 anos, leva na bagagem os resultados de mais de oito anos à frente da Embrapa Pecuária Sul, situada em Bagé. Varella liderou na unidade uma safra de entregas de tecnologias. O que mais o credencia é o legado da unidade, afinado com o lema da Embrapa no novo governo, que é de desenvolver inovações que possam ser aplicadas no mercado, destaca Varella. A empresa fechou 2018 com lucro social de R$ 43,5 bilhões, que reflete os resultados da receita líquida de R$ 3,5 bilhões. De cada R$ 1,00 gasto, R$ 12,16 são devolvidos na forma de inovações à sociedade. 
O engenheiro agrônomo gaúcho Alexandre Costa Varella já está de malas prontas. Varella vai coordenar, nos Estados Unidos, o Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior (Labex), um dos dois que a empresa pública de pesquisa agropecuária brasileira tem no mundo - o outro fica na Europa. Para assumir o posto, que terá interação direta com o órgão similar à Embrapa, o Agriculture Resarch Service (ARS), ligado ao Departamento de Agricultura dos EUA, o agrônomo e pesquisador, 48 anos, leva na bagagem os resultados de mais de oito anos à frente da Embrapa Pecuária Sul, situada em Bagé. Varella liderou na unidade uma safra de entregas de tecnologias. O que mais o credencia é o legado da unidade, afinado com o lema da Embrapa no novo governo, que é de desenvolver inovações que possam ser aplicadas no mercado, destaca Varella. A empresa fechou 2018 com lucro social de R$ 43,5 bilhões, que reflete os resultados da receita líquida de R$ 3,5 bilhões. De cada R$ 1,00 gasto, R$ 12,16 são devolvidos na forma de inovações à sociedade. 
Empresas & Negócios - O que já está mudando na Embrapa com o novo governo?
Alexandre Varella - A empresa como um todo está modificando a forma como produz seus resultados. Antes atuávamos com um modelo de macroprocessos de produção, pelo qual ofertávamos tecnologia, mas que não necessariamente chegavam ao destino final, ao consumidor. Agora passamos a atuar de ponta a ponta,  desde o planejamento dos ativos tecnológicos, para garantir a adoção pelo mercado e avaliarmos os reais impactos aos clientes. O efeito prático disso é que teremos de priorizar a agenda. Quando as unidades forem definir o que produzir, respeitando, claro, o tempo da pesquisa, terá de ter convicção que será um ativo com possibilidade de ser adotado realmente. Muito do que desenvolvemos não se ajustavam ao mercado. A Embrapa e todo o sistema científico brasileiro praticamente triplicou a publicação de artigos científicos em dez anos, mas o número de tecnologias negociadas com o mercado e patentes não seguiram neste ritmo. Países como Estados Unidos e Europa fazem o contrário.
Empresas & Negócios - Quando vira a chave?
Varella - A partir de planejamentos de todas as unidades da Embrapa em 2019. Nesse estágio, temos de indicar os ativos tecnológicos e sociais, que não têm o interesse comercial, estão dentro do conceito de políticas públicas e que não serão descontinuados. Já os ativos tecnológicos incluem cultivares, linhagens de animais, equipamentos, por exemplo. A nova política exige que priorizemos mais, gastando mais energia nas etapas de finalização.
Empresas & Negócios - Vai ter contratações para reforçar áreas dentro dessa nova política?
Varella - Não há previsão de concursos públicos. A empresa está implantando o marco legal da ciência e tecnologia para fortalecer o processo a inovação. Pela nova legislação, consegue-se flexibilizar contratações, parcerias com a iniciativa privada e oferecer bolsas de inovação tecnológica para atrair pesquisadores das universidades que atuarão na aceleração dos projetos. A previsão é de que as vagas comecem a ser ofertadas até o segundo semestre deste ano. Vamos poder também contratar serviços terceirizados para apoiar ativos que estão sendo finalizados e são prioridade. Além disso, há muito potencial de parcerias com startups. 
Empresas & Negócios - Unidades que entregarem mais resultados terão mais recursos?
Varella - A partir de agora, não será a quantidade de ativos tecnológicos que importará, mas a qualidade pelos efeitos no mercado. Esta mudança irá fortalecer a Embrapa. Vamos estar mais conectados com a cadeia produtiva. As unidades serão avaliadas pelos seus ativos. Quem produzir mais com qualidade tende a ter mais benefícios orçamentários e mais estímulos aos funcionários, como cursos e capacitações.
Empresas & Negócios - A unidade de Bagé já está ajustada à nova cultura?
Varella - Já tínhamos chegado à conclusão de que precisava fazer a entrega de ponta a ponta. Hoje entregamos a cultivar, treinamos a rede de produtores de semente e ainda explicamos como deve ser usada a variedade nos diferentes sistemas de produção. Vendemos o pacote tecnológico completo! Com essa estratégia, conseguimos levar a cultivar do capim sudão a 500 mil hectares no Brasil em quatro anos. Para uma forrageira tropical, isso é bárbaro. Fizemos parceria com uma associação de produtores de semente, que nos dá dinheiro para desenvolver novas cultivares, e, em troca, cedemos os licenciamentos para a produção. É uma troca de benefícios.
Empresas & Negócios - Como será o modelo de atuação com o setor privado na nova lógica?
Varella - Será de cooperação técnica e financeira. A Embrapa está chamando de inovação aberta. As unidades serão incentivadas a fazer essa aproximação quando houver necessidade de complementação. Os contratos podem dar exclusividade ou não. Normalmente, não gostamos de dar essa condição, pois entendemos que tem de ser plural na oferta tecnológica. Exceção é quando a empresa investe desde o começo na pesquisa.
Empresas & Negócios - Ao buscar recursos no setor privado, há risco de que o orçamento público?
Varella - Não há perspectiva de aumento do orçamento nos próximos anos e nem de redução. A Embrapa está bem situada entre as estatais com entrega resultados. A instituição tem aprovação do orçamento de forma autônoma no Congresso. O que queremos é a possibilidade de aumentar os recursos por meio da captação via setor privado, quando for interessante. Estes recursos são administrados por uma fundação a ser contratada por meio de edital público. Hoje todo o recurso de fora captado pela gente vai para o Tesouro.
Empresas & Negócios - A Embrapa de Bagé buscava viabilizar a produção comercial de derivados de carne de ovelha. O modelo de negócio foi resolvido? 
Varella - Fizemos mudanças no edital, pois no processo anterior, em 2018 que não teve interessado, as empresas disseram que havia cobrança excessiva de taxas e royalties. O argumento era de que era preciso desenvolver o mercado. Hoje o consumidor ainda prefere a carne de cordeiro. Concordamos e adotamos taxas menores e uma agroindústria s habilitou e está produzindo, aproveitando a carcaça de animais, até  dos mais velhos, para elaborar presuntos e copas. Lançamos a marca em abril em Brasília, no evento dos 46 anos da Embrapa. Teremos um segundo edital, desta vez para elaborar patês e nuggets de carne de ovinos.  
Empresas & Negócios - Quais outras inovações a unidade gaúcha levou ao mercado? 
Varella -Uma delas é a seleção genômica para detectar a resistência genética ao carrapato em bovinos, tecnologia que era ofertada por meio da conexão Delta G e laboratório Gensys. Revisamos o acordo e agora produtores de todo o Brasil e do mundo poderão solicitar exames também em laboratórios da Embrapa. O carrapato, associado à tristeza parasitária que o inseto transmite, é o maior problema de sanidade de raças europeias no Sul. Outra inovação, que já está no marco, é a máquina Campo Limpo, para controle do capim-annoni.  
Empresas & Negócios - Quais os desafios que o senhor vai encarar no Labex?
Varella - Vamos atuar em cima dos 34 portfólios de pesquisas que nossas unidades já tocam e identificar lacunas. A ideia é poder gerar maior aproximação entre pesquisadores norte-americanos e os nossos para acelerar resultados. Fazemos também um trabalho de inteligência, com prospecção do que está acontecendo no agronegócio mundial, buscando identificar o que tem de mais avançado na área, o que é fundamental para a Embrapa para avaliarmos em que nível estamos e quais são as necessidades de maior capacitação para superar gargalos.  
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