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- Publicada em 08 de Abril de 2019 às 03:00

Suzano espera que reformas reativem investimentos

Schalka diz que governo deve passar por processo de aprendizagem em relação com Congresso

Schalka diz que governo deve passar por processo de aprendizagem em relação com Congresso


SERGIO ZACCHI/DIVULGAÇÃO/JC
À frente da Suzano, a maior produtora de celulose do mundo e uma das primeiras na fabricação de papel, Walter Schalka diz que o governo deve passar por um processo de aprendizagem na sua relação com o Congresso e acredita que a proposta de reforma da Previdência será aprovada. “Conseguimos gerar uma crise sem a oposição bater, uma coisa inacreditável. É preciso aprender rápido”, disse Schalka. Segundo ele, se uma reforma que não desfigure a proposta inicial do governo passar, o País deve receber um volume de investimentos muito grande.
À frente da Suzano, a maior produtora de celulose do mundo e uma das primeiras na fabricação de papel, Walter Schalka diz que o governo deve passar por um processo de aprendizagem na sua relação com o Congresso e acredita que a proposta de reforma da Previdência será aprovada. “Conseguimos gerar uma crise sem a oposição bater, uma coisa inacreditável. É preciso aprender rápido”, disse Schalka. Segundo ele, se uma reforma que não desfigure a proposta inicial do governo passar, o País deve receber um volume de investimentos muito grande.
Qual a importância da reforma da Previdência?
Walter Schalka – De zero a 10, ela é 10. Sem reforma da Previdência vamos perder o último ativo que sobra, que é o ativo da esperança de transformação que o investidor estrangeiro tem. O Brasil tem um déficit público que é absolutamente não administrável se não resolvermos a questão da Previdência. E resolver de uma forma tênue é absolutamente insuficiente. Todos os investidores estrangeiros estão olhando para o Brasil esperando o seguinte: vai ter reforma da Previdência ou não?
O senhor está confiante na aprovação?
Schalka – A reforma vai sair. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pode discutir publicamente com o presidente Bolsonaro, mas ele sabe da importância da Previdência para o Brasil e ele vai apoiar a reforma, zero de dúvida sobre isso. As lideranças dos principais partidos também apoiarão. O que estamos discutindo é quanto a proposta do governo será mexida. O que o Congresso vai querer buscar é uma maior equidade. Os servidores públicos federais, militares, sindicalistas vão brigar para tentar minorar a sua parte. Mas não podemos transformar a reforma da Previdência num Frankenstein.
A proposta do governo prevê uma economia de R$ 1,1 trilhão em 10 anos. Qual patamar seria o mínimo?
Schalka – Se sair 10% a 20% abaixo da proposta, já é um gol de placa. A reforma de Temer ia dar uma economia de cerca de R$ 400 bilhões. Se a proposta for desidratada, não vai gerar credibilidade, não vai adiantar nada. Aí não vem o investimento.
Se tivermos uma economia de cerca de R$ 500 bilhões, vai ser suficiente?
Schalka – Se não passar a reforma é o caos total. Significa a perda de governabilidade, não no aspecto político, mas no aspecto econômico. Não vamos precisar mais de um gestor, mas de um zelador. Uma reforma com economia entre R$ 500 bilhões e R$ 600 bilhões seria insuficiente e exigiria uma segunda reforma em algum momento. Nem sei se seria neste governo. Mas já é um passo muito importante.
O que deve acontecer com os investimentos em caso de aprovação sem grandes mudanças na proposta?
Schalka – O volume de recursos que serão investidos no País será muito grande. E, ao ter esse investimento privado, vamos gerar emprego. As duas outras fontes de crescimento de PIB têm limitações. O investimento do governo está em exaustão, assim como o consumo das famílias. Mas para ter investimento privado precisa ter credibilidade. Se o Brasil perder o momento dessa reforma da Previdência, vamos gerar mais problemas sociais.
Qual é a percepção dos investidores nesse começo de governo?
Schalka – O investidor de longo prazo entende que o Brasil é um país que não trabalha em linha reta e, obviamente, fica frustrado, mais uma vez, de ver que a gente tem uma grande possibilidade de fazer reformas e não está fazendo com a celeridade possível porque ficamos criando essas entropias no processo. Mas, em regra geral, acham que a reforma vai passar. Estão todos se preparando para fazer investimentos no Brasil. Estive na China há duas semanas, e os chineses estão dizendo a mesma coisa. O Brasil tem visibilidade no mundo, as pessoas sabem o que está acontecendo no Brasil e aguardam que o País tome as decisões necessárias.
Os problemas de articulação política do governo vistos até agora são uma questão pontual ou estrutural?
Schalka – É um problema de aprendizado. As pessoas que estão no governo nunca estiveram no Poder Executivo e nunca aprenderam a ter um relacionamento com o Congresso mais positivo. Esse é o processo de aprendizagem que eles vão ter que fazer. Se não fizerem e isso vier a comprometer a reforma da Previdência, será uma perda enorme para o Brasil. Conseguimos gerar uma crise sem a oposição bater, uma coisa inacreditável. É preciso aprender rápido.
Qual é o seu cenário para a tramitação?
Schalka – Devemos votar na Câmara ou no final do primeiro semestre ou no começo do segundo semestre. No Senado vai ser rápido. Quando chegar a hora de votar é que vamos ver se “vai ou não vai”. Caso o governo não aprenda a construir uma maioria sólida de 320, 340 deputados, porque precisamos de 308 deputados para votar, aí teremos um problema. Se a reforma da Previdência passar de uma forma adequada, tenho convicção de que outras reformas virão, já com apoio muito maior da população, porque a economia vai crescer e o emprego também.
Quais seriam essas outras reformas?
Schalka – O Brasil precisa fazer uma reforma do Estado, que é completamente ineficiente. Não falta verba para a educação ou para a saúde, falta é gestão. Temos que fazer também uma reforma fiscal. Há problemas sérios na política de subsídios. O Brasil dá R$ 300 bilhões em subsídios ao ano. Hoje tem R$ 60 bilhões em subsídios na Zona Franca de Manaus. Se acabasse com a Zona Franca de Manaus inteira e desse esse dinheiro para a população era melhor do que dar os subsídios. Conheço uma empresa que compra produtos na China, desmonta lá, embarca para o Brasil, remonta em Manaus e vende aqui. Qual o valor agregado disso para o País? Outro subsídio que tem de terminar é a forma como operamos o conceito do Simples. Sou a favor do Simples, mas não da forma como está.
Essa questão dos subsídios é muito delicada no Congresso. O governo vai ter condições de tocar nesse assunto?
Schalka – O governo tem que comer esse elefante em pedacinhos. A primeira coisa que tem que ser feita é a reforma da Previdência. Depois vamos atacando as outras.
O grande fiador da reforma é Paulo Guedes, o ministro da Economia. O senhor teme uma saída dele caso a reforma seja muito modificada?
Schalka – Não temo porque estou confiante na aprovação da reforma. Mas, caso a reforma não passe ou a proposta seja muito modificada, não tenho dúvida de que ele vai sair.
A volatilidade da bolsa e do câmbio vai aumentar diante da incerteza da reforma?
Schalka – O risco de termos uma maior volatilidade aumentou. Se a sinalização do Congresso fosse positiva neste momento, o dólar não estaria próximo de R$ 4,00. Por outro lado, se a proposta de reforma passar sem alteração, o dólar vai para um patamar muito mais baixo. Com a aprovação, o dólar cai mesmo antes dos investimentos estrangeiros entrarem porque o mercado se antecipa.
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