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- Publicada em 25 de Fevereiro de 2019 às 01:00

A construção do futuro passa pela união

Fundo patrimonial busca angariar recursos para a Escola de Engenharia da Ufrgs

Fundo patrimonial busca angariar recursos para a Escola de Engenharia da Ufrgs


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Eduardo Lesina
A educação superior brasileira passa por um momento de quedas de investimentos públicos nesta última década. Nos últimos cinco anos, 90% das universidades federais brasileiras tiveram perda real no orçamento, segundo o levantamento de 2017 do Ministério da Educação (MEC). A aprovação da PEC 241/55 em 2016, conhecida como PEC do Teto de Gastos e que delimitou um máximo para os investimentos públicos nas áreas de educação e saúde, também anuncia o declínio dos recursos financeiros na área da educação pública.
A educação superior brasileira passa por um momento de quedas de investimentos públicos nesta última década. Nos últimos cinco anos, 90% das universidades federais brasileiras tiveram perda real no orçamento, segundo o levantamento de 2017 do Ministério da Educação (MEC). A aprovação da PEC 241/55 em 2016, conhecida como PEC do Teto de Gastos e que delimitou um máximo para os investimentos públicos nas áreas de educação e saúde, também anuncia o declínio dos recursos financeiros na área da educação pública.
Na contramão dessa falta de apostas no Ensino Superior brasileiro, o Fundo Centenário, iniciativa que visa ser uma fonte de recursos perpétua para a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), surgiu como uma possibilidade incomum no Brasil, mas que recebe muita atenção em lugares como Europa e Estados Unidos.
Inspirados nos modelos de "endowment funds" - fundos patrimoniais que visam ao crescimento contínuo - de universidades estadunidenses como Harvard e Yale, um grupo de alunos e ex-alunos da Escola de Engenharia da Ufrgs formalizaram a criação do Fundo Centenário. Em Harvard, o modelo rende cerca de US$ 1,4 bilhão ao ano, mas, para um dos membros fundadores da iniciativa, Vitório Canozzi, é necessário entender como eles chegaram lá: "Harvard tem um fundo patrimonial de US$ 37 bilhões, porque é uma prática mais natural lá. Aqui, as estruturas de fundo são pequenas ainda", analisa. Entretanto, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) também apresenta seu próprio fundo, o primeiro para uma escola pública brasileira, há oito anos.
Para atingir os níveis de outras experiências como essa, um grande desafio é modificar a cultura de filantropia do povo brasileiro - atualmente, na 75ª posição do ranking que mede o nível de solidariedade World Giving Index 2017, realizado pela CAF (Charities Aid Foundation).
Buscando aproximar a sociedade e a comunidade acadêmica, o fundo une as 13 graduações e homenageia o histórico prédio centenário da universidade. A relação entre o fundo e o prédio ultrapassa as estruturas de ferro e concreto que o sustentam, e busca evidenciar a ideia de longevidade e perpetuidade, tanto do Fundo Centenário e sua relação com a universidade quanto da própria sociedade com as instituições de ensino e pesquisa. "Não é um projeto com perfil de imediatismo", explica Maurício Campos, membro do fundo.
Iniciado em 2017, o processo de criação surgiu entre os cinco membros fundadores, alunos interessados em replicar o plano de "endowment" - também pela proximidade entre a Escola de Engenharia da Ufrgs e a Politécnica da USP -, professores da universidade e profissionais relacionados ao tema, caso dos ex-alunos que buscam "retornar" ao ambiente acadêmico. Pensado como uma iniciativa para fomentar o pensamento a longo prazo e a aproximação da universidade com a sociedade, o Fundo Centenário busca utilizar os recursos para fortalecer a extensão, a inovação, os projetos de ensino e a pesquisa produzida na escola.
Na prática, o Fundo Centenário funcionará através de quatro etapas: captação, investimento, projetos e perpetuidade. A etapa inicial consiste nas doações feitas ao fundo, tanto de pessoa física quanto jurídica, através de três modalidades: uma grande contribuição (para quantias acima de R$ 5 mil); contribuições mensais e uma doação pontual de qualquer valor.
Após a captação dessas doações - que não podem ser sacadas -, o fundo investe esse capital em aplicações financeiras de baixo risco, gerando rendimentos e aumentando o saldo do fundo que vai ser destinado a projetos da Escola de Engenharia da Ufrgs. A gestão dos investimentos acontecerá através do Comitê de Investimentos, formado por três membros independentes e voluntários com notório saber em administração patrimonial.
Após o momento de investimento, parte do rendimento é utilizada para financiar os projetos vinculados à escola, que serão selecionados através de editais lançados periodicamente, mas ainda sem um ciclo definido. Na prática, qualquer membro da comunidade acadêmica pode inscrever projetos nos editais. Nessa relação, o capital adquirido na etapa anterior pode acabar sendo realocado em infraestrutura (em novos equipamentos, laboratórios e reformas estruturais), pesquisa em áreas da engenharia, projetos de alunos e de docentes.
Uma vez aprovado o projeto, os responsáveis têm o compromisso de apresentar as evoluções e os resultados periodicamente ao fundo. Além disso, parte do capital do Fundo Centenário será realocada para Bolsas de Permanência, em uma captação de recursos para auxiliar os estudantes em situação de vulnerabilidade social, com uma ajuda de custo nos gastos dentro da universidade.
"A perpetuidade do fundo se concentra no ciclo de investimento." Segundo os membros do projeto, a fase final é a qual sustenta esse mecanismo. "A repetição do ciclo e do reinvestimento é o que torna possível esse pensamento em longo prazo", explica Canozzi. O marco inicial do projeto acontecerá no dia 25 de março, em um evento celebrativo no Salão de Atos da Ufrgs.
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