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Empresas & Negócios

- Publicada em 14 de Janeiro de 2019 às 01:00

É o fim dos cartões de crédito?

Recentemente, a Mastercard fez um anúncio ousado: atualizou sua logomarca retirando seu nome e mantendo apenas os círculos vermelho e amarelo interligados. Essa iniciativa decorre de uma aposta muito interessante, isto é, a empresa acredita na descontinuidade da utilização de cartões físicos, sejam de débito ou de crédito, em um futuro próximo.
Recentemente, a Mastercard fez um anúncio ousado: atualizou sua logomarca retirando seu nome e mantendo apenas os círculos vermelho e amarelo interligados. Essa iniciativa decorre de uma aposta muito interessante, isto é, a empresa acredita na descontinuidade da utilização de cartões físicos, sejam de débito ou de crédito, em um futuro próximo.
Nesse cenário, estes modelos seriam substituídos por outros meios de pagamentos desmaterializados ou incorporados ao vestuário, como smartwatches, pulseiras e outros mecanismos capazes de transmitir dados para transferência de recursos de maneira muito mais moderna.
Considerando a enorme representatividade da Mastercard nesse setor, realmente é uma atitude de peso. Mas será que esse prognóstico retrata a realidade do mercado em geral? Isso facilitaria ou, ao contrário, dificultaria o acesso de algumas pessoas a outros meios de pagamento que não as cédulas?
Fazendo um rápido paralelo, recentemente observei que a maioria dos jovens dispensa o uso de relógios de pulso. E não são poucos aqueles que afastam o sonho do veículo próprio ou de casa própria em prol da praticidade de aplicativos de transporte e a possibilidade de não limitar sua capacidade de mudança. A palavra é "flexibilidade". Essa é uma tendência que não pode ser ignorada pelos prestadores de serviços de diversas áreas.
O setor financeiro, vanguardista em muitos aspectos, está atento a essa característica geracional. Justamente por esse motivo a Mastercard volta seus olhos para a assunção de novos papéis, revestindo-se das qualidades de uma finntech, preocupada em entregar a esse público o que ele pede.
Essa estratégia será vitoriosa? Isso dependerá de como serão tratados os clientes mais "clássicos". Também há de se pensar em grupos que apresentam um pouco mais de dificuldade em assimilar novas tecnologias para todos os aspectos da vida, preferindo "falar com o gerente" de verdade, olho no olho, e não por chat no aplicativo.
E quanto àqueles que não podem ou não conseguem concentrar suas atividades diárias em soluções "smart"? Ficarão excluídos do público-alvo nessa nova concepção? Recentemente estive ouvindo as queixas de três senhoras cujo plano de saúde só faz agendamento e validação de consultas por aplicativo, porém nenhuma delas tem "smartphone". E agora?
Esses grupos não são necessariamente resistentes, mas cultivaram seus valores e preferências. Para cativá-los, talvez ações de marketing não sejam suficientes. A vitória ou o fracasso das novas inciativas repousa tanto no olhar para o futuro, como no cuidado com os clientes "clássicos" e no atendimento daqueles que ainda não dominam as novas tecnologias, seja incluindo-os ou oferecendo alternativas de acordo com suas preferências.
As prestadoras de serviços nunca devem esquecer que vanguardismo é bom, mas cliente bem atendido é melhor ainda.
Professora de Direito Bancário e Empresarial da Universidade Presbiteriana Mackenzie
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