Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 14 de Janeiro de 2019 às 01:00

Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação chega para auxiliar o acesso à mídia

Integrantes da Alice: Abreu, Lucia e Cristina defendem acesso à informação

Integrantes da Alice: Abreu, Lucia e Cristina defendem acesso à informação


/MARCO QUINTANA/JC
Pedro Carrizo
A Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice) surgiu há 20 anos como ferramenta social de acesso à mídia. A ideia era potencializar a visibilidade dos que gritam e não são escutados. Daqueles que escrevem e não são lidos. Dos que são notícia, mesmo sem nunca terem sido impressos em papel jornal.
A Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice) surgiu há 20 anos como ferramenta social de acesso à mídia. A ideia era potencializar a visibilidade dos que gritam e não são escutados. Daqueles que escrevem e não são lidos. Dos que são notícia, mesmo sem nunca terem sido impressos em papel jornal.
Foi da Alice que nasceram iniciativas como o Boca de Rua, único periódico no mundo produzido exclusivamente pela população de rua. Também o Jornal Almanaque, de Bagé, que traz contos gauchescos escritos por mulheres na terceira idade; o Mariposa, livro que traz contos fictícios escritos por garotas de programa; e o Pombo Correio, coleção de cartas assinadas por presidiárias do regime semiaberto da Casa Albergue Feminino, em Porto Alegre.
Agora, após duas décadas de atuação, a Alice planeja o lançamento do livro "Incomuns mortais - Direito a palavra e muito mais", obra que conta sobre a metodologia utilizada na formação dos grupos e no desenvolvimento dos trabalhos originados na agência. "O livro conta a história da Alice a partir das estratégias que utilizamos nas relações com os grupos de trabalho. Nosso trabalho sempre foi de muita mediação", conta Cristina Pozzobon, fundadora da Agência Livre, acrescentando que é responsabilidade da entidade captar recursos financeiros para os projetos, mas a autonomia criativa é deles.
"A partir do momento que alguém escreve sobre sua realidade, a crítica e a autocrítica tornam-se inerentes. É muito difícil não refletir sobre todo o contexto urbano de Porto Alegre quando se trabalha no Boca. Praticamente impossível", esclarece a jornalista membro da agência, Lucia Helena Achutti.
Entre os projetos custeados pela entidade sem fins lucrativos, o Boca de Rua é o de maior duração. Já são 18 anos de circulação periódica em Porto Alegre. O impresso, publicado a cada três meses, é único produzido exclusivamente por moradores de rua, segundo o International Network Street Papers (INSP), organização internacional que estimula a venda de jornais de rua para gerar renda às populações mais pobres.
"Os integrantes do Boca participam de palestras em universidades e tornaram-se referência do universo de mídias alternativas. A organização é extremamente democrática: desde a eleição da pauta até a finalização", diz a fundadora da Alice. Além disso, os próprios participantes do jornal estipularam regras comportamentais em ambiente de trabalho e formas de como abordar a população na hora de vender o jornal. Cada participante do Boca de Rua ganha 40 exemplares por semana, que podem ser vendidos R$ 2,00.
Até 2017, o Boca de Rua recebia recursos provindos do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (Sindibancários), mas com o fim do imposto sindical, a partir da reforma trabalhista, o recurso acabou. O custo para cada edição do periódico é de R$ 4 mil.
"Se o Boca de Rua fosse digital talvez barateasse o custo, mas perderia muito impacto: a classe a quem ele representa não teria acesso, os que fazem o jornal perderiam renda, e a interação entre jornaleiro e leitor não existiria", diz Cristina, fundadora da Alice. Atualmente, o Boca sustenta-se através da rede de parceiros da Alice e dos recursos gerados no Sarau de Poesia, outra iniciativa de longa data da Agência Livre.
"Começamos a nos dar conta de como a comunicação tem um conceito amplo, que não se restringe ao informar, mas que engloba a arte como um todo. Neste sentido, começamos a realizar saraus mensais", diz o advogado e conselheiro da Alice, Roberto Abreu, responsável pela realização desses eventos. Segundo Abreu, os saraus têm duas importantes funções: dar visibilidade os projetos da Alice e aos projetos das entidades convidadas, além de gerar recursos para os participantes do evento. O Sarau e o Bazar acontecem juntos, uma vez por mês, e reúnem cartunistas, artesãos, poetas e artistas em geral no bar Divina Comédia.
E assim seguirá Alice em 2019. Com ações que estimulam as mídias alternativas entre populações sem representações midiática. Que fazem da comunicação um instrumento de potencialização da autoestima e do pensamento crítico. E que buscam, diariamente, a democratização do acesso à informação.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO