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Empresas & Negócios

- Publicada em 10 de Setembro de 2018 às 01:00

Consumo consciente em alta


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
Consumidores lixo zero, adeptos de um estilo de vida que preconiza a geração mínima de resíduos no dia a dia, estão se multiplicando com a ajuda das redes sociais. Em perfis com estética minimalista no Instagram ou vídeos no YouTube, mulheres - elas são maioria - compartilham ideias de como fazer o próprio cosmético ou engajar a família e a escola dos filhos na causa. A pressão das leis e dos consumidores tem sido tamanha que multinacionais estão buscando a ajuda de startups para solucionar o problema das embalagens e de seu descarte incorreto no ambiente. Ágeis para desenvolver inovações tecnológicas, essas empresas iniciantes prometem ajudar a desenhar um futuro com menos lixo e materiais mais ecológicos.

Consumidores lixo zero, adeptos de um estilo de vida que preconiza a geração mínima de resíduos no dia a dia, estão se multiplicando com a ajuda das redes sociais. Em perfis com estética minimalista no Instagram ou vídeos no YouTube, mulheres - elas são maioria - compartilham ideias de como fazer o próprio cosmético ou engajar a família e a escola dos filhos na causa. A pressão das leis e dos consumidores tem sido tamanha que multinacionais estão buscando a ajuda de startups para solucionar o problema das embalagens e de seu descarte incorreto no ambiente. Ágeis para desenvolver inovações tecnológicas, essas empresas iniciantes prometem ajudar a desenhar um futuro com menos lixo e materiais mais ecológicos.

No Canadá, a Loop Industries, startup de Montreal criada em 2015, vem ganhando destaque graças ao sistema inovador que desenvolveu. Diferentemente dos processos usuais de reciclagem mecânica, a Loop desconstrói o plástico em blocos construtivos básicos (monômeros), que são separados das impurezas por um processo químico.

Depois, os monômeros são recombinados para criar um novo PET, de qualidade idêntica à da resina virgem, que pode ser utilizado em embalagens de alimentos, bebidas e cosméticos - o que nem sempre é permitido quando se trata de materiais pós-consumo reciclados.

A tecnologia atraiu companhias que buscam desvincular suas imagens da poluição causada pelas embalagens. Em julho deste ano, o grupo de cosméticos L'Oréal fechou um acordo com a Loop para incorporar a resina pós-consumo nas embalagens dos produtos comercializados na Europa e nos EUA.

A Evian, marca de água mineral da Danone, também assinou com a startup para utilizar a resina PET reciclada em suas garrafas. O objetivo é usar apenas plástico reciclado até 2025. A marca de isotônicos Gatorade, da PepsiCo, implementará a tecnologia da startup em um programa de reciclagem de garrafas.

Uma das vantagens da técnica é que ela permite reinserir como matéria-prima na indústria até os plásticos que estão abandonados no ambiente, sujos e degradados pela ação de agentes externos.

"Muitos recicladores não coletam resíduos, porque eles podem contaminar o produto final. A tecnologia que desenvolvemos elimina esse problema", afirma Nelson Switzer, diretor de crescimento da Loop Industries.

Ele explica que as empresas estão buscando alternativas para produzir riqueza a partir do que seria descartado. "Essa é a espinha dorsal da economia circular: gerar valor econômico e ambiental a partir do que hoje é considerado lixo", diz Switzer.

No Brasil, o casamento entre grandes empresas e startups também tem sido bem-sucedido. A New Hope Ecotech, no mercado há três anos, criou um sistema de rastreabilidade que conecta as companhias que precisam fazer a logística reversa de suas embalagens com as cooperativas e os recicladores aptos a coletar os materiais recicláveis.

Os fabricantes reportam à startup a quantidade de embalagens que é colocada no mercado, e a New Hope Ecotech comunica cooperativas e recicladores cadastrados em sua base de parceiros o total que deverá ser reciclado. Um software mapeia o fluxo de resíduos.

Na etapa seguinte, a startup emite um certificado de compensação ambiental. Com o selo, batizado de Eureciclo, as empresas podem comprovar suas ações de logística reversa junto ao governo e ao Ministério Público, que vêm aumentando a fiscalização.

"Foi mais pela dor do que pelo amor, mas o fato é que a cobrança sobre as empresas fez aumentar a demanda pela nossa tecnologia, que traz segurança jurídica ao processo", afirma Thiago Pinto, 33 anos, um dos fundadores da New Hope Ecotech.

Hoje, cerca de 400 empresas e associações setoriais utilizam o selo. A startup não divulga faturamento, mas a expectativa é que sua receita quadruplique neste ano graças ao aumento da demanda.

A Wise, de Itatiba (a 85 quilômetros de São Paulo), nasceu com a ideia de desenvolver e dar escala comercial à chamada madeira plástica, material de alta resistência fabricado com plástico reciclado que substitui a madeira em aplicações como dormentes de ferrovia.

Por ser um mercado limitado, a empresa passou a produzir também resinas a partir do plástico pós-consumo para substituição do material virgem. Chega a utilizar plásticos recolhidos em mutirões de limpeza de praias e mares, e também recolhe materiais por meio de centrais de triagem em aterros sanitários.

Os clientes estão nos setores de eletroeletrônicos, automotivo e de bens de consumo - entre eles, a Unilever, que utiliza as resinas da Wise na produção de embalagens de marcas como Omo e Seda.

"A demanda pelo uso da resina reciclada é crescente, o consumidor quer ver material reciclado nos produtos que consome", diz Bruno Igel, diretor-geral da Wise.

A dificuldade é fazer com que os plásticos que estão no ambiente sejam reinseridos no processo produtivo, já que não há incentivos fiscais. A resina de plástico reciclado paga o mesmo imposto que a resina virgem.

Os materiais pouco valorizados pelas cooperativas são alvo da Boomera, startup que se especializou em soluções para resíduos difíceis de reciclar. A empresa, criada em 2011 pelo engenheiro de materiais Guilherme Brammer, patenteou tecnologias para transformar materiais como cápsulas de café expresso e BOPP, um tipo de plástico revestido com alumínio, e opera um projeto-piloto de reciclagem de fraldas descartáveis. O salto foi dado quando Brammer procurou grandes empresas para propor que trabalhassem em soluções para esses resíduos.

Para o BOPP, por exemplo, a startup engajou cooperativas na coleta do material pagando um valor acima do mercado e desenvolveu uma resina, que passou a ser utilizada pela PepsiCo na fabricação de displays de divulgação de produtos. Com a Dolce Gusto, marca de café em cápsulas da Nestlé, desenvolveu outro tipo de resina a partir das cápsulas trituradas, que pode ser utilizada para confecção de novos produtos relacionados com o universo do café, como porta-cápsulas.

da Folhapress
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