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Responsabilidade Social

- Publicada em 09 de Julho de 2018 às 01:00

O aplicativo Proteja Brasil recebe denúncia de casos de Violência Infantil

ONG depende também de doações para manter o atendimento prestado

ONG depende também de doações para manter o atendimento prestado


/CLAITON DORNELLES /JC
Caso tenha conhecimento de qualquer caso de violência infantil, pegue o telefone e disque 100; acesse o aplicativo Proteja Brasil, disponível nas plataformas Android e IOS, e faça uma denúncia anônima; vá ao Conselho Tutelar mais próximo e relate o ocorrido. Após o final de um desses três processos, você terá feito a sua parte. Porém, esse é apenas o primeiro passo na caminhada em busca da recuperação da vítima. Na região metropolitana de Porto Alegre, o SOS - Casas de Acolhida percorre esse caminho com as crianças e adolescentes há 24 anos, minimizando o trauma através de acompanhamento psicológico e da inclusão social.
Caso tenha conhecimento de qualquer caso de violência infantil, pegue o telefone e disque 100; acesse o aplicativo Proteja Brasil, disponível nas plataformas Android e IOS, e faça uma denúncia anônima; vá ao Conselho Tutelar mais próximo e relate o ocorrido. Após o final de um desses três processos, você terá feito a sua parte. Porém, esse é apenas o primeiro passo na caminhada em busca da recuperação da vítima. Na região metropolitana de Porto Alegre, o SOS - Casas de Acolhida percorre esse caminho com as crianças e adolescentes há 24 anos, minimizando o trauma através de acompanhamento psicológico e da inclusão social.
“Nossa função é fazer com que a criança restabeleça a confiança com o adulto, desenvolvendo seus potenciais e sua autoestima. Na prática, isso acontece com muito cuidado e atenção. É o único jeito de superar o trauma”, diz a supervisora das três unidades de acolhimento da ong, Sônia Bagatini. As crianças e adolescentes chegam nas casas de acolhimento através de denúncia e ficam lá até decisão do juiz, que pode ser a adoção ou a volta ao convívio família, que é normalmente o local onde a violência acontece.
“Quanto mais precoce for a intervenção, as chances deles fortalecerem vínculos positivos e não reproduzirem os abusos são maiores. As crianças e adolescentes seguem o ciclo vicioso da violência sofrida em casa, por isso é importante ser rápido”, diz Bagatini. Porém, as estratégias de minimização do trauma e de inclusão social variam conforme a faixa etária e o grau de vulnerabilidade da vítima.
A Casa Lar em Canoas é direcionada para jovens de 12 a 18 anos e estimula a independência de cada acolhido. Como a partir dessa idade é muito difícil que eles sejam adotados, a inserção no mercado de trabalho e aos serviços públicos básicos é essencial para autonomia dos adolescentes. Eles acessam a Lei de Aprendizagem e o Projeto Pescar, que lhes fornecem as primeiras experiências e retribuições por sua força de trabalho. “Temos muitos casos positivos nesses 25 anos, jovens que conquistaram independência, fizeram bons estágios em boas empresas e constituíram famílias saudáveis”, diz Bagatini. Quando o jovem completa a maioridade, ele deve sair da Casa Lar.
Já nas residências de acolhimento temporário, tanto em Canoas, destinada às crianças de 0 a 10 anos, quanto em Porto Alegre, para menores entre 0 e 6 anos, o acompanhamento psicológico é diferente e mais complexo. De acordo com a psicóloga da casa de Porto Alegre, Taís Cesca, a Ong recebe muitos bebês cujos pais eram usuários de crack e, que nesses casos, o trabalho é para desintoxicar o recém-nascido.
“Nos últimos dez anos o crack se tornou o maior causador de acolhimento de crianças”, diz Cesca acrescentando que os bebês que tiveram contato com a droga durante a gestação apresentam muito choro e rigidez do corpo. “Esses são sintomas da crise de abstinência, a avaliação é muito interpretativa, mas existem padrões. Já para as crianças acima dos 2 anos, as consultas se desenvolvem com desenhos e artifícios lúdicos. ”
Para a psicóloga, o crack entrou nas famílias mais pobres com um poder avassalador e por questões sociais implícitas as comunidades mais pobres da grande Porto Alegre, por isso considera que luta contra a violência infantil é caso de saúde e de políticas públicas. “Geralmente as mães que chegam aqui também não tiveram cuidado quando eram crianças. É um ciclo que se repete, uma questão transgeracional”, diz Cesca. Por isso a adoção, mesmo que seja muito importante para a criança e adolescente, não deve ser vista pelo Estado como política pública. “Trabalhar com as famílias nas comunidades, investir nos Conselhos Tutelares e nos centros de atendimento social são políticas públicas. Adoção não acaba com a violência infantil, mas dá um novo lar para quem sofreu a violência”, conclui.

Toda ajuda é importante

Estratégias para minimizar o trauma variam de acordo com a idade

Estratégias para minimizar o trauma variam de acordo com a idade


/CLAITON DORNELLES /JC
Caso tenha conhecimento de qualquer caso de violência infantil, pegue o telefone e disque 100; acesse o aplicativo Proteja Brasil, disponível nas plataformas Android e IOS, e faça uma denúncia anônima; vá ao Conselho Tutelar mais próximo e relate o ocorrido. Após o final de um desses três processos, você terá feito a sua parte. Porém, esse é apenas o primeiro passo na caminhada em busca da recuperação da vítima. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, o SOS - Casas de Acolhida percorre esse caminho com as crianças e adolescentes há 24 anos, minimizando o trauma através de acompanhamento psicológico e da inclusão social.
"Nossa função é fazer com que a criança restabeleça a confiança com o adulto, desenvolvendo seus potenciais e sua autoestima. Na prática, isso acontece com muito cuidado e atenção. É o único jeito de superar o trauma", diz a supervisora das três unidades de acolhimento da ONG, Sônia Bagatini. As crianças e adolescentes chegam nas casas de acolhimento através de denúncia e ficam lá até decisão do juiz, que pode ser a adoção ou a volta ao convívio família, que é normalmente o local onde a violência acontece.
"Quanto mais precoce for a intervenção, as chances deles fortalecerem vínculos positivos e não reproduzirem os abusos são maiores. As crianças e adolescentes seguem o ciclo vicioso da violência sofrida em casa, por isso é importante ser rápido", diz Sônia. Porém, as estratégias de minimização do trauma e de inclusão social variam conforme a faixa etária e o grau de vulnerabilidade da vítima.
A Casa Lar em Canoas é direcionada para jovens de 12 a 18 anos e estimula a independência de cada acolhido. Como a partir dessa idade é muito difícil que eles sejam adotados, a inserção no mercado de trabalho e aos serviços públicos básicos é essencial para autonomia dos adolescentes. Eles acessam a Lei de Aprendizagem e o Projeto Pescar, que lhes fornecem as primeiras experiências e retribuições por sua força de trabalho. "Temos muitos casos positivos nesses 25 anos, jovens que conquistaram independência, fizeram bons estágios em boas empresas e constituíram famílias saudáveis", diz Sônia. Quando o jovem completa a maioridade, ele deve sair da Casa Lar.
Já nas residências de acolhimento temporário, tanto em Canoas, destinada às crianças de 0 a 10 anos, quanto em Porto Alegre, para menores entre 0 e 6 anos, o acompanhamento psicológico é diferente e mais complexo. De acordo com a psicóloga da casa de Porto Alegre, Taís Cesca, a ONG recebe muitos bebês cujos pais eram usuários de crack e, que nesses casos, o trabalho é para desintoxicar o recém-nascido.
"Nos últimos 10 anos o crack se tornou o maior causador de acolhimento de crianças", diz Taís acrescentando que os bebês que tiveram contato com a droga durante a gestação apresentam muito choro e rigidez do corpo. "Esses são sintomas da crise de abstinência, a avaliação é muito interpretativa, mas existem padrões. Já para as crianças acima dos 2 anos, as consultas se desenvolvem com desenhos e artifícios lúdicos."
Para a psicóloga, o crack entrou nas famílias mais pobres com um poder avassalador e por questões sociais implícitas as comunidades mais pobres da grande Porto Alegre, por isso considera que luta contra a violência infantil é caso de saúde e de políticas públicas. "Geralmente as mães que chegam aqui também não tiveram cuidado quando eram crianças. É um ciclo que se repete, uma questão transgeracional", diz a psicóloga. Por isso a adoção, mesmo que seja muito importante para a criança e adolescente, não deve ser vista pelo Estado como política pública. "Trabalhar com as famílias nas comunidades, investir nos Conselhos Tutelares e nos centros de atendimento social são políticas públicas. Adoção não acaba com a violência infantil, mas dá um novo lar para quem sofreu a violência", conclui.