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Pecuária

- Publicada em 31 de Maio de 2021 às 11:39

Fundoleite deve ajudar a aumentar produtividade e exportações lácteas

Apoio técnico aos produtores é fundamental para a retomada do setor, que vem encolhendo no RS

Apoio técnico aos produtores é fundamental para a retomada do setor, que vem encolhendo no RS


JM ALVARENGA/GADOLANDO/JC
O Dia Mundial do Leite, criado em 2001 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), vai ter um sabor especial neste 1 de junho no Rio Grande do Sul. O Estado comemora a retomada do Fundoleite, projeto de fomento ao setor que estava parado desde 2016.
O Dia Mundial do Leite, criado em 2001 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), vai ter um sabor especial neste 1 de junho no Rio Grande do Sul. O Estado comemora a retomada do Fundoleite, projeto de fomento ao setor que estava parado desde 2016.
Na renovação do programa, cujo decreto foi assinado na semana passada e que ainda precisa ser publicado no Diário Oficial, o ponto mais celebrado por algumas entidade foi a obrigatoriedade de destinação de 70% dos recursos para assistência técnica aos produtores de leite. Divergências sobre a destinação dos recursos, usados anteriormente em excesso para questões burocráticas, foram algumas das razões da interrupção dos trabalhos.
Agora, com a renovação e o novo modelo, os valores devem chegar na base da produção com mais força. Para isso, as indústrias e entidades encaminharão projetos a serem aprovados pelo conselho mirando a qualificação de pecuaristas, melhorias no manejo, certificações de qualidade e outras ações.
Darlan Palharini, secretário executivo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS) acredita que uma das primeiras ações deve ser voltada à certificação de propriedades livres de tuberculose e brucelose. Ainda que muitas fabricantes e cooperativas já realizem ações nesta área, as empresas menores têm mais dificuldades de realizar esse investimento
A certificação via Fundo de Desenvolvimento de Defesa Sanitária Animal (Fundesa), por exemplo, não cobre os custos de veterinário, segundo Palharini, mas pelo Fundoleite poderá ser atribuído um valor ao deslocamento comprovado do profissional até a propriedade. Para médias e pequenas empresas o representante do Sindilat avalia que essa será uma tendência.
Com essas ações de controle de tuberculose e brucelose, tanto o laticínio quanto o próprio produtor tem ganhos ao reduzir perdas por adotar ações mais eficientes, aumentando a produtividade. Em muitos casos, explica Palharini, o deslocamento do veterinário e o antídoto para combater essas doenças podem custar em torno de R$ 500.
“Para o produtor de pequeno porte é um custo representativo, assim como no laticínio menor. E mesmo para um laticínio grande, dependendo da quantidade de produtores parceiros, é uma despesa elevada, já que o número de criadores pode ser bastante pulverizado, e em muitos pontos de captação” acrescenta Palharini.
Para o produtor, há um bônus que as empresas pagam para quem tem essa certificação, mas o principal ganho é a melhora da produtividade com o novo manejo. Para Palharini, em uma propriedade onde se tire uma média de 20 litros por animal, a captação pode dar um salto significativo, para 25 a 30 litros, após um ano de implantação das mudanças.

Injeção de recursos incentivará investimentos

A volta da injeção de recursos no setor leiteiro, via Fundoleite, de acordo com o Sindilat, mudará de forma significativa a atividade no Estado em até dois anos. Outro projeto que também deve ganhar corpo com os recursos é para implantação de sistema de água quente para lavar o resfriador e ordenhadeira, diz Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat
“Apenas a propriedade tendo água quente para lavar o resfriador e a ordenhadeira já diminui muito a contagem bacteriana desse leite. São valores que podem não ser tão alto, mas quando falamos em produtores de pequeno porte, é um limitador”, acrescenta o representante do Sindilat.
Vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Eugênio Zanetti acredita que os recursos que chegarão agora ao produtor na forma de assistência técnica são fundamentais para a recuperação da atividade. Em 2013, quando foi criado o Fundoleite, a produção gaúcha era de 4,51 bilhões de litros/ano, valor que atingiu seu pico em 2014 (4,68 bilhões) e caiu para 4,27 bilhões de litros em 2019. A atividade gera renda para mais de 100 mil famílias em 457 dos 497 municípios gaúchos.
“O produtor precisa cada vez mais de assistência técnica. As margens estão apertadas e não se consegue agregar muito valor e aumentar o preço, então é preciso diminuir custos. E uma forma é estimular o produtor a ter mais animais a pasto no lugar da ração, cujo valor subiu muito” diz Zanetti, indicando que esta é uma necessidade que pode ser amenizada com apoio do Fundoleite.
Mais competitivo no mercado, em termos de certificação, qualidade e produtividade, acrescenta o vice-presidente da Fetag, o setor leiteiro se aproxima do objetivo de aumentar as exportações. Isso porque na maior parte dos mercados externos a certificação de qualidade é fundamental para abrir portas.
Em compasse de espera, porém, ainda está a de definição de quem será a entidade administrado do fundo (que tem R$ 20 milhões em recursos parados em depósitos judiciais) e recebe cerca de R$ 4 milhões anualmente em arrecadação feita por empresas.
“Ainda não sabemos quem vai ser o gestor, que antigamente era o Instituto Gaúcho do Leite (IGL). Acreditamos que possa passar a ser o Instituto Brasileiro do Leite. Esperamos que no segundo semestre as coisas comecem a ser regulamentadas e efetivamente andem”, finaliza Zanetti.