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Agronegócios

- Publicada em 19 de Março de 2021 às 12:02

Alta dos grãos eleva custos de produção e frigoríficos reduzem abates em 2021

Preço do milho e da soja, insumos básicos para alimentação das aves, afeta a cadeia produtiva

Preço do milho e da soja, insumos básicos para alimentação das aves, afeta a cadeia produtiva


ASGAV/DIVULGAÇÃO/JC
Com dificuldades para manter os níveis de produção destinados ao mercado interno, especialmente, devido a alta elevada nos preços da soja e do milho, frigoríficos do Estado vêm reduzindo os abates de aves e suínos. Com valorizações que chegaram a superar os 100% nos insumos básicos para ração, que representa até próximo de 60% dos custos de criação, diferentes plantas indústrias estão reduzindo o ritmo para equilibrar as contas.
Com dificuldades para manter os níveis de produção destinados ao mercado interno, especialmente, devido a alta elevada nos preços da soja e do milho, frigoríficos do Estado vêm reduzindo os abates de aves e suínos. Com valorizações que chegaram a superar os 100% nos insumos básicos para ração, que representa até próximo de 60% dos custos de criação, diferentes plantas indústrias estão reduzindo o ritmo para equilibrar as contas.
Os reflexos virão com elevação dos preços aos consumidores e já causam interrupções em linhas de abate e demissões no setor, de acordo José Eduardo dos Santos, presidente da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs). Segundo levantamento da Asgav, caso se intensifiquem as reduções de produção por parte das indústrias, de em média 15%, resultará numa diminuição de cerca de 10,3 milhões de aves a serem abatidas, o que significa que o equivalente a 21,2 milhões de Kg de aves que deixarão de estar disponíveis para o consumidor.
A retração nos abates de aves em janeiro em relação a dezembro, de acordo com a Asgav, foi de -13,12%. Em relação a janeiro do ano passado foi de quase 14% (caindo de 72,9 milhões para 63,9 milhões de cabeças). Em fevereiro, sobre janeiro, nova queda, de 4,93%; e redução de de 11,3% ante o mesmo mês do ano passado (60,2 milhões em 2021 e 67,9 milhões em 2020).
Santos pondera que simplesmente repassar todo o custo da alta do milho e da soja aos preços que vãos aos supermercados é complexo e que a indústria está no limite do que podia absorver. De acordo com executivo, há a limitação do que se pode transmitir, especialmente com a queda na renda, o desemprego e o fim do auxílio emergencial.
Mesmo com a elevação de cerca de 14% no preço da carne de frango ao consumidor entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, de acordo com levantamento do Iepe/Ufrgs, ainda há um descompasso em relação ao valor do milho e da soja no período. Nestes mesmos 12 meses o milho se valorizou 75% e a soja 93%, segundo levantamento da Emater.
“Estamos alertando desde o final do ano passado que haveria a necessidade de redução. Em novembro já se tinha perspectiva de cortes de cerca de 10%, cada empresa conforme suas necessidades. Algumas resolveram esperar, na expectativa de que o mercado melhorasse, o que não ocorreu”, diz Santos.
O executivo ressalta ainda que em dezembro foi solicitado ao Ministério da Agricultura que se tivesse um plano de contingenciamento para o setor e que se intensificaram os pedidos desde então. Uma das alternativas é poder importar milho dos Estados Unidos, de onde há limitações por ser grão transgênico, o que ainda não é autorizado no Brasil.
“Pedimos também linhas de crédito para armazenagem. A ministra Tereza Cristina sinalizou que tentaria buscar soluções junto a CTNBio e ao ministério da Ciência e Tecnologia e com o ministro Paulo Guedes formas de sermos atendidos em alguns destes pleitos, o que pode ser anunciado no final de março”, antecipa Santos.
Entre as empresas que diminuíram os abates, comenta o executivo, estão a Cooperativa Languiru e Vibra, que realizou ajustes temporários e desligamentos na unidade de Soledade. O frigorífico contava com 270 colaboradores na cidade, onde começou a investir em 2020, mas devido à retração do mercado e à atualização do mix de produtos tiveram que demitir 170. Em nota, a empresa destaca que ofertou a possibilidade de realocação aos colaboradores em outras unidades e que está implantando medidas para minimizar os impactos no quadro de funcionários da unidade.
Também em comunicado, a empresa afirma que segue investindo na cidade, inclusive com a modernização da atual estrutura, na ampliação do frigorífico e na construção de uma nova fábrica de ração, com expectativa de retomar a operação a pleno o mais breve possível.

Suinocultores podem ter dificuldade de manter o plantel com abates reduzidos

Custo de produção de suínos tem até 60% dos gastos vinculados à alimentação

Custo de produção de suínos tem até 60% dos gastos vinculados à alimentação


Fernando Dias/Seapdr/JC
Com um ciclo mais longo de criação de aves, que pode ser interrompida e reposto em 45 dias, a suinocultura precisa de até um ano para ofertar animais para abate na condição ideal, de acordo com Mauro Gobbi, vice-presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs).
Com isso, se o produtor reduzir agora a criação e o mercado voltar a normalizar, haverá dificuldades para, em pouco tempo, retomar o fornecimento à indústria. Mas enquanto não manda os suínos para os frigoríficos, os gastos com alimentação seguem os mesmos, alerta o produtor de Rondinha, no norte do Estado.
No momento, diz Gobbi, a oferta de milho no Rio Grande do Sul, apesar dos custos elevados, ainda está normal, mas nos próximos meses será necessário trazer o grão de fora do Estado. Com todo o custo de frete que isso exige e até diferenciação no pagamento de impostos.
“Estamos negociando com o governo do Estado algumas medidas que possam mitigar essa elevação de custos, até mesmo como forma de não aumentar a inflação dos alimentos, um dos maiores problemas para famílias de baixa renda hoje”, ressalta Gobbi.
No horizonte, porém, duas perspectivas positivas já despontam: o aumentos nas exportações, com o recebimento do certificado de zona livre de aftosa sem vacinação, em maio, e aumento da oferta de grãos no mercado interno com boa safra e possível redução nos embarques de soja para China.
De acordo com Asgav, um possível ressurgimento da peste suína africana poderá levar queda expressiva na demanda pelos grãos para rações de suínos. (Reuters). Aliado a isso, a safra brasileira de grãos 2020/2021 deve crescer em torno de 6%, sobre a safra anterior e o milho, tem projeção de uma produção recorde e poderá atingir 108,1 milhões de toneladas, volume em torno de 5,4% superior a safra anterior.
“Caso confirme este cenário para safras recorde de milho e soja, e mais os efeitos da redução da produção de aves que vem sendo adotada por indústrias e cooperativas do setor, logo teremos um cenário mais equilibrado na cotação destes grãos no Brasil”, avalia o presidente da Asgav/Sipargs, José Eduardo Santos.