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Balanço

- Publicada em 01 de Dezembro de 2020 às 16:40

CNA prevê alta de 9% no PIB da agropecuária em 2020

Milho pode influenciar a oferta interna da produção brasileira

Milho pode influenciar a oferta interna da produção brasileira


ALEXANDRO AULER/JC
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima crescimento de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio em 2021 e de 4,2% para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP, índice de frequência anual, calculado com base na produção agrícola municipal e nos preços recebidos pelos produtores). Segundo a CNA, 102,9 mil postos de trabalho foram gerados no setor, que deverá fechar 2020 com crescimento de 9% no PIB e de 17,4% no VBP.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima crescimento de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio em 2021 e de 4,2% para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP, índice de frequência anual, calculado com base na produção agrícola municipal e nos preços recebidos pelos produtores). Segundo a CNA, 102,9 mil postos de trabalho foram gerados no setor, que deverá fechar 2020 com crescimento de 9% no PIB e de 17,4% no VBP.
A entidade, que apresentou nesta terça-feira, por meio virtual, balanço e perspectiva do setor para 2020 e 2021, a previsão é de "equilíbrio da oferta e da demanda com uma produção maior para a maioria dos alimentos em 2021". Do ponto de vista da oferta, a CNA diz que, entre os fatores que podem influir no ritmo da produção nos próximos meses, estão a intensidade do La Niña (que pode afetar especialmente a Região Sul do Brasil), os investimentos feitos este ano na produção e a relação entre câmbio e custos de produção, que devem subir em 2021 por causa de insumos como fertilizantes cotados em dólar.
O preço do milho, que é usado como ração para boa parte do gado brasileiro, também pode influenciar a oferta interna da produção brasileira. "Já a demanda dependerá do crescimento da economia brasileira e mundial e da volta da normalidade social com reabertura de bares e restaurantes ao redor do mundo", complementa a entidade.
Na avaliação da CNA, o aumento do custo de produção, em especial o relativo a insumos como fertilizantes, herbicidas e ração, contribuiu para o aumento do preço dos alimentos. "Além disso, a alta nos preços internacionais dos alimentos, que foi de 10,9% de maio a outubro, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e a desvalorização da taxa de câmbio (46,5%) também favoreceram o aumento dos preços no Brasil."
A pandemia resultou em um "cenário bastante caótico", disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi. Permitiu, no entanto, que a CNA implementasse uma série de medidas de apoio ao produtor - algumas com a colaboração do governo federal - para manter a produção de alimentos como atividade essencial, criar novos canais de comercialização visando à manutenção da renda e a redução de custos para o produtor, e garantir o fluxo logístico de abastecimento em todo o país.
"A agropecuária brasileira é um mosaico de produtos. Cada um eles tem sua importância no campo social, no dos empregos e na manutenção da economia do interior. Vimos que políticas públicas bem fundamentadas garantiram a segurança alimentar este ano", disse Lucchi, referindo-se a medidas como o auxílio emergencial que, segundo a CNA, "possibilitou a recuperação da demanda interna e sustentou o poder de compra dos mais vulneráveis, como os trabalhadores informais, garantindo com que tivessem acesso aos alimentos mesmo com uma perda expressiva de renda".
A superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, afirmou que as perspectivas no cenário externo são de crescimento. "Temos de explorar bem nossas parcerias e investir no pequeno e médio produtor para buscarmos o mercado internacional." Até outubro deste ano, as exportações brasileiras somaram US$ 85,5 bilhões, o que equivale a um crescimento de 5,7% em relação a 2019. Os cinco principais destinos foram China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Juntos, esses países representaram 63% das exportações do agro brasileiro em 2020.
Em 2020, aumentaram as exportações para China (19,4%), Indonésia (53,6%), Tailândia (43,9%), Turquia (41,8%) e Venezuela (190,3%). Alguns produtos tiveram destaque no mercado asiático - caso das ceras de abelha (Coreia do Sul), amendoim em grão (Vietnã), pimenta-do-reino (Bangladesh) e gelatinas (Índia).
O agronegócio brasileiro conseguiu abrir mercado para 100 produtos em 30 países diferentes, com destaque para Guatemala (maçãs), Marrocos (material genético avícola), Egito (carne de aves e feijão), Catar (material genético bovino), Índia (gergelim), Coreia do Sul (camarão), Tailândia (carne bovina e lácteos) e Austrália (queijo).

Brasil não pode ter 'ideologia e bandeira' em comércio com outros países, diz entidade

O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, disse que o Brasil não pode ter "ideologia nem bandeira" no comércio exterior. "Exportamos para mais de 170 países. Não são os Estados Unidos que vão determinar o que produzimos ou para quem vamos vender", afirmou.
Martins foi questionado sobre a visão do setor dos recentes embates do entorno de Bolsonaro com a China. Na semana passada, a embaixada da China em Brasília reagiu à acusação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Bolsonaro, de que o país praticaria espionagem por meio de sua rede de tecnologia 5G.
"Ele não é o presidente da República, os filhos do presidente são apenas deputado e senador", afirmou Martins. "O presidente é o Jair Bolsonaro, é ele que quando fala temos que ouvir", completou. Martins disse que seu relacionamento no governo é com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que disse ter "constantemente contornado rompantes".
Ele ressaltou ter uma "relação profissional" com o presidente Jair Bolsonaro. "A CNA tem que se portar com profissionalismo, é a representante dos produtores rurais de todas as ideologias", completou. Martins disse que conversou com o embaixador da China no início da pandemia, com quem disse ter relação de "amizade pessoal" para garantir que não haveria problemas de abastecimento. "A CNA procura sempre se afastar de ideologia. Somos produtores rurais e precisamos exportar o que produzimos, o consumo interno não é suficiente. É mercado, quem paga melhor, quem quer vender produto", completou.
A superintendente de Relações Internacionais da confederação, Lígia Dutra, defendeu o pragmatismo nas relações comerciais e disse que o produtor brasileiro é hoje um grande parceiro do comprador chinês. "Claro que existem tensões geopolíticas, que não são exclusivas do Brasil. Por isso é preciso fortalecer negociações multilaterais e a Organização Mundial do Comércio (OMC), que é onde podemos questionar se as políticas feitas pela China estão ou não de acordo (com as regras de comércio). Temos que usar esses caminhos", completou.