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- Publicada em 05 de Junho de 2018 às 17:17

Brasil tem taxa de homicídio 30 vezes maior do que Europa, aponta Atlas da Violência

Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta

Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta


JOÃO MATTOS/JC
Em 2016, pela primeira vez na história, o número de homicídios no Brasil superou a casa dos 60 mil em um ano. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de 62.517 assassinatos cometidos no país em 2016 coloca o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o da Europa. Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta. Ou seja, um total de 153 mortes por dia.
Em 2016, pela primeira vez na história, o número de homicídios no Brasil superou a casa dos 60 mil em um ano. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de 62.517 assassinatos cometidos no país em 2016 coloca o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o da Europa. Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta. Ou seja, um total de 153 mortes por dia.
Os homicídios, segundo dito pelo Ipea no relatório do ano passado, equivalem à queda de um Boieng 737 lotado diariamente. Representam quase 10% do total das mortes no país, eles atingem principalmente os homens jovens: 56,5% dos óbitos dos brasileiros entre 15 e 19 anos foram causados por morte violenta.
O número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são pretas ou pardas. O impacto das armas de fogo também chega a níveis elevados no país, que tem medições sobre mortes causadas por disparos desde 1980. Se, naquela época, a proporção dos homicídios causados por elas girava na casa dos 40%, desde 2003 o número se mantém em 71,6%.
Apesar dos números alarmantes em nível nacional, a disparidade entre as Unidades da Federação chama mais atenção ainda. Basta comparar a redução da taxa de homicídios na última década em estados como São Paulo (-46,7%), Espírito Santo (-37,2%) e Rio de Janeiro (-23,4%) com o crescimento de outros como Rio Grande do Norte (256,9%), Acre (93,2%), Rio Grande do Sul (58,8%) e Maranhão (121,0%).
As diferenças se dão também em níveis regionais. Em 2016, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes chegou a quase 45 nos estados do Nordeste e Norte. No Sudeste, por outro lado, o valor ficava na casa dos 20, um pouco abaixo dos 25 alcançados pelos estados do Sul.
As reduções, porém, não significam que a situação em todos os estados seja de declínio constante. Basta analisar o caso do Rio de Janeiro, que entre 2015 e 2016 viu crescer em 18,8% a taxa dos homicídios. Ou do Ceará, que, apesar de ter aumentado em 86,3% nos últimos 10 anos, conseguiu uma diminuição percentual 13,1% na taxa de homicidos durante o último ano analisado.
Dentre os afetados pela crescente no número de homicídios no Brasil, um grupo de destaca: o dos jovens. Representando 53,7% das vítimas totais no país (ou seja, 33.590 óbitos), eles ainda são majoritariamente homens. Mais especificamente, 94,6% deles são homens.
O caso é histórico, com os jovens entre 15 e 29 anos sendo a principal fatia da população afetada pelos assassinatos violentos, o que não significa que o número não tem sofrido aumentos no período analisado pelo Atlas da Violência.
Na década entre 2006 e 2016, o Brasil assistiu a um aumento de 23,3% nos assassinatos aos seus jovens. O acréscimo aconteceu também entre 2015 e 2016, quando foi de 7,4%. E, no caso de alguns estados, a mudança foi ainda mais intensa. O Acre, por exemplo, viu sua taxa de homicídios crescer em 80% de 2015 para 2016.
Os números também impactam o número de mortes gerais desses grupos. Os jovens entre 15 e 19 anos morrem 49,1% das vezes por conta de homicídios, e os entre 20 a 24 morrem 46%. São dados em um patamar diferente de grupos como os brasileiros entre 45 e 49, que morrem 5,5% das vezes por assassinatos.
De 1980 até 2016, quase um milhão de brasileiros perdeu a vida por conta de armas de fogo. As 910 mil pessoas mortas por perfuração causada por disparos são, segundo o Atlas da Violência, vítimas de uma questão "central" do país.
Com um total de 71,1% de homicídios cometidos com uso de armas de fogo (taxa que cresceu por décadas até 2003, ano da criação do estatuto do desarmamento), o Brasil deixou de ocupar um patamar próximo ao dos vizinhos Chile (37,3%) e Uruguai (46,5%) e hoje se aproxima à El Salvador (76,9%) e Honduras (83,4%). Na Europa, a média é 19,3%.
A relação entre o número de armas de fogo e as mortes violentas, segundo o relatório, é clara. Para ele, sem a atual legislação que impõe restrições às armas, "a taxa de homicídios seria ainda maior que a observada". Isso porque as cidades que mais tiveram aumentos nos homicídios totais também foram que sofreram com maior crescimento de óbitos causados por disparos.
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