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Paralisação

- Publicada em 05 de Junho de 2018 às 19:37

Perdas com suínos, frutas aves e leite é de R$ 4,28 bilhões

Produtores de frangos e suínos amargam rombo de R$ 3 bilhões

Produtores de frangos e suínos amargam rombo de R$ 3 bilhões


/HECTOR GUERRERO/AFP/JC
A greve dos caminhoneiros causou perdas iniciais diretas de R$ 4,28 bilhões nos setores de leite, frutas, aves e suínos, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As informações foram coletadas com associações de produtores e com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A greve dos caminhoneiros causou perdas iniciais diretas de R$ 4,28 bilhões nos setores de leite, frutas, aves e suínos, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As informações foram coletadas com associações de produtores e com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O prejuízo pode ser ainda maior, uma vez que foram retirados do cálculo os dados de difícil verificação, como os impactos futuros e indiretos. "Se você somar as perdas iniciais diretas, chega a um valor de R$ 4,28 bilhões, ou seja, uma análise conservadora", ressaltou José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. "A CNA disse que houve descarte de 289 milhões de litros de leite, tomamos o valor médio e estimamos a perda de R$ 360 milhões para o segmento", explicou.
Segundo o Ipea, a atividade agropecuária foi uma das mais afetadas pelos 11 dias de greve. Produtores de animais tiveram que reduzir o rebanho por falta de ração, enquanto hortaliças e frutas acabaram descartadas porque não conseguiram chegar aos centros de distribuição, destaca o estudo.
Os produtores de aves e suínos tiveram prejuízos diretos de R$ 3 bilhões, considerando perdas com a comercialização no mercado doméstico e exportações, animais mortos e custos logísticos. O setor deixou de exportar 120 mil toneladas de carne de aves e suínos, uma perda de US$ 350 milhões para a balança comercial brasileira no período.
Entre os produtores de leite, a coleta foi completamente interrompida nas maiores empresas de laticínio durante cinco dias, o que levou os produtores a diminuírem a oferta de alimento às vacas. De acordo com o Ipea, a produção média de leite por vaca levará de um a dois meses para ser normalizada, mas o processo industrial de fabricação de derivados lácteos pode ser comprometido por um tempo maior.
"Além de se restabelecer o fornecimento de matéria-prima, leite, há a necessidade de retomada do fluxo de abastecimento de produtos para higienização de máquinas e equipamentos, embalagens e transporte de produtos acabados até o mercado consumidor. A estimativa de algumas indústrias do setor é que esse processo demore um mês para acontecer, o que deverá afetar diretamente os preços do leite e derivados no mercado doméstico", ressalta a nota do Ipea.
As perdas na produção de frutas e hortaliças foram estimadas em R$ 920 milhões, considerando as mercadorias descartadas nas estradas e no campo, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). As culturas mais afetadas foram as de mamão, manga, uva, goiaba e acerola.
Durante a paralisação, os produtores de carne bovina tiveram que segurar o gado no pasto por conta da interrupção do abate nos frigoríficos. O setor deixou de exportar 40 mil toneladas de gado durante a greve, o equivalente a US$ 170 milhões, diz o Ipea. "A capacidade de repassar todos os custos para as demais etapas da cadeia dependerá da estrutura de mercado e governança de cada uma delas, já que possuem mecanismos de transmissão diferenciados. O que se observou durante a greve é que, em quase todos os segmentos, o produtor assumiu o prejuízo. Serão necessários mais alguns dias ou semanas para dimensionar os impactos reais diretos, como o fornecimento de insumos, e indiretos, como os problemas fitossanitários. Também será confirmado nos próximos dias se houve algum processo de desorganização da cadeia produtiva", concluíram os pesquisadores do Ipea responsáveis pela nota técnica.
 

Medida prevê redução para 7% da dependência externa, afirma Temer

O presidente Michel Temer defendeu que o despacho que autoriza a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa em 10% até o final de 2028 também deve diminuir o preço dos combustíveis para os consumidores nos próximos anos. A medida prevê, segundo o presidente, redução de 11,5% para 7% da dependência externa de combustíveis.
"O Brasil estará menos exposto à variação internacional do preço do petróleo e às flutuações cambiais. Portanto, quem sabe em um futuro não tão distante, muito próximo, nós consigamos evitar acontecimentos como esses que se verificaram na semana passada", declarou Temer.
Segundo Temer, quem ganha é o consumidor, que terá "preços mais baixos e maior poder de escolha". "Ganha toda sociedade, com mais segurança energética e mais opções", continuou o presidente.
Temer discursou durante cerimônia de aprovação das metas compulsórias anuais do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de redução de emissões de carbono no âmbito da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Com a resolução, cada setor de combustíveis terá de cumprir metas individuais de redução de emissões a partir de 2019.

'A Venezuela começou assim', dizem as distribuidoras de combustíveis

As distribuidoras de combustíveis dizem desconhecer base legal para o controle de preços nos postos e criticaram declarações sobre o uso de força policial para garantir que o repasse dos descontos prometido pelo governo chegue de forma integral às bombas. "A Venezuela começou assim", disse Leonardo Gadotti, presidente da Plural, entidade que representa o setor de distribuição, em entrevista nesta terça-feira, criticando a ameaça de uso de força e o tabelamento de preços.
Gadotti disse que as distribuidoras já estão repassando os descontos recebidos, mas que a comunicação do governo "não é coerente" ao prometer o repasse de R$ 0,46 neste momento, já que a mistura vendida nos postos tem 10% de biodiesel, que não tem desconto. Assim, disse ele, o repasse dos descontos ao preço final chegaria, no máximo, a R$ 0,41. "Os R$ 0,46 que foram divulgados não chegam às bombas por si só", disse o executivo. "Não é um discurso coerente e está colocando a população contra o negócio de distribuição de combustíveis", completou.
Segundo Gadotti, para chegar ao valor prometido pelo governo, é preciso que os estados reduzam o ICMS, que é cobrado sobre um preço de referência calculado pelas secretarias de Fazenda a cada 15 dias. Até o momento, apenas São Paulo e Espírito Santo reduziram o preço de referência. Assim, os consumidores paulistas já podem ter desconto de R$ 0,46. Os capixabas terão R$ 0,47, diz a Plural. No restante, o repasse fica, no máximo, em R$ 0,41 por litro.
As empresas do setor alertam ainda para risco de alta nos custos de distribuição, com o estabelecimento de uma tabela de fretes. O transporte é feito por transportadoras contratadas, que terão menor custo com diesel, mas poderão cobrar o frete tabelado. Gadotti defendeu a política de preços da Petrobras, alegando que manter os valores alinhados às cotações internacionais é essencial para atrair investimentos e garantir previsibilidade para os investidores.

Agência Nacional do Petróleo fará consulta pública para discutir periodicidade de reajustes

A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) anunciou que vai abrir consulta pública para discutir a periodicidade dos reajustes de combustíveis no País. A ideia é estabelecer um prazo mínimo para repasses das variações no mercado internacional.
Em entrevista para anunciar a medida, o diretor-geral da ANP, Decio Oddone, negou que o órgão regulador esteja intervindo nas políticas comerciais das empresas e defendeu a mudança como ato regulatório necessário em um mercado "imperfeito".
"Não temos um mercado perfeito no Brasil. Temos um mercado de refino em que a Petrobras é monopolista, e o volume de importações não é suficiente para precificar os produtos", argumentou ele, reforçando que a medida atende a anseio da sociedade.
Oddone disse que ainda não há um modelo definido, mas que a ANP pode vir a regular os reajustes tanto nas refinarias quanto nas distribuidoras de combustíveis. Por lei, os preços dos combustíveis no Brasil são livres desde 2002.
Desde julho de 2017, a Petrobras vem promovendo reajustes diários, política que passou a ser questionada após a escalada das cotações internacionais do petróleo, que pressionaram os preços internos dos combustíveis. A consulta pública receberá contribuições da sociedade até o dia 2 de julho, e a expectativa é que uma resolução com a periodicidade mínima de reajustes seja publicada entre 40 e 60 dias.