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Economia

- Publicada em 04 de Junho de 2018 às 23:03

Redes sociais ajudaram a criar clima tenso na greve

Pase chama atenção para a quantidade de grupos formados no período

Pase chama atenção para a quantidade de grupos formados no período


JONATHAN HECKLER/ARQUIVO/JC
Patricia Knebel
As redes sociais estiveram no centro de cada um dos 11 dias da paralisação dos caminhoneiros e, quando o assunto foi a disseminação de informações falsas e verdadeiras, o WhatsApp reinou absoluto. Se por um lado os líderes do movimento usaram essa ferramenta para mobilizar os seus pares e a própria população; e as pessoas para transmitir aos seus amigos e parentes informações relevantes dos postos de gasolina com produto disponível e tempo de espera, outros optaram pela disseminação do caos.
As redes sociais estiveram no centro de cada um dos 11 dias da paralisação dos caminhoneiros e, quando o assunto foi a disseminação de informações falsas e verdadeiras, o WhatsApp reinou absoluto. Se por um lado os líderes do movimento usaram essa ferramenta para mobilizar os seus pares e a própria população; e as pessoas para transmitir aos seus amigos e parentes informações relevantes dos postos de gasolina com produto disponível e tempo de espera, outros optaram pela disseminação do caos.
Áudios circularam orientando a população a estocar alimentos e a se preparar para uma verdadeira guerra. O mais recente foi o boato de que a greve recomeçaria ontem, o que levou o próprio governo federal a usar as suas redes sociais para alertar a população sobre as notícias falsas. "Os comentários mais extremados são aqueles que se disseminam mais rapidamente", analisa Kaike Nanne, diretor executivo da Bites, empresa que monitora a opinião pública digital.
Para o jornalista e professor da Famecos/Pucrs especializado em comunicação digital, André Pase, o que vivenciamos foi uma espécie de "A revolta do WhatsApp". "Foi via essa ferramenta que se construiu o caminho para criar um clima de intranquilidade da população. Isso mostra não só velocidade das redes, mas uma espécie de fluxo de comunicação paralela. E não sabemos até que ponto isso não vai ser preview do que vai acontecer nas eleições", alerta.
De fato, quando estão usando essa ferramenta, os indivíduos parecem não pensar muito antes de passar uma mensagem adiante. Eles recebem algo de um amigo ou de um grupo e logo compartilham. "Muitas vezes não fazemos a menor ideia da origem e intuito de um determinado grupo, mas a presença de pessoas conhecidas parece que chancela para o que está sendo dito ali", observa Pase.
Um fator que contribui para compartilhamentos mais contundentes, e nem sempre devidamente checados, é o próprio estado de ânimo da população. "As pessoas estão aquecidas, indignadas e, cada vez, exigindo soluções imediatas", observa.
O especialista chama atenção para outra questão importante: a quantidade de grupos formados nesse período, e o que pode estar por trás disso. "Na medida em que uma pessoa entra em um grupo, ela divulga o seu número de telefone, passa a criar rotas de discussão de conteúdos sobre os quais está ansiosa por receber mais informações e gera cadastro para muitas empresas. Mas, temos que pensar que o WhatsApp é uma caixa preta e precisamos ter cuidado sobre o que circula ali", observa.
Nanne, gestor da Bites, comenta que o ser humano não é 100% bom e nem mau. Alguns usam as redes sociais para fazer mobilizações em favor da democracia, como na Ucrânia, outros tentam lucrar produzindo fake news. Ele destaca que é natural que, em momentos de vácuo de informações oficiais, proliferem boatos e fake news. "Durante a paralisação houve disseminação de boatos e alarmes falsos? Sim, e bastante. Mas houve sobretudo a troca de informações relevantes, com muita gente ajudando parentes, amigos e colegas de trabalho", avalia.
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