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Internacional

- Publicada em 23 de Maio de 2018 às 08:23

Funcionários públicos são ameaçados por não terem votado na Venezuela

Apenas metade da população foi às urnas decidir sobre manutenção ou não do chavismo no domingo

Apenas metade da população foi às urnas decidir sobre manutenção ou não do chavismo no domingo


JUAN BARRETO / AFP/JC
Agência Estado
Associações de trabalhadores ligadas à oposição venezuelana denunciaram nesta terça-feira (22) ameaças de punição do governo a funcionários públicos que não participaram da votação que levou Nicolás Maduro à reeleição, um processo não reconhecido pela maior parte da comunidade internacional. Líderes opositores impedidos pela Justiça de concorrer chamaram a população a não participar. Maduro obteve 68% dos votos e a abstenção ficou em 52%.
Associações de trabalhadores ligadas à oposição venezuelana denunciaram nesta terça-feira (22) ameaças de punição do governo a funcionários públicos que não participaram da votação que levou Nicolás Maduro à reeleição, um processo não reconhecido pela maior parte da comunidade internacional. Líderes opositores impedidos pela Justiça de concorrer chamaram a população a não participar. Maduro obteve 68% dos votos e a abstenção ficou em 52%.
Segundo Marlene Sifontes, da Frente Autônoma de Defesa do Emprego, Salário e Sindicato, o governo pretende cruzar os dados sobre participação para promover demissões, transferências, aposentadorias forçadas e suspensão de gratificações e de promoções. O governo pretendia alcançar uma participação maior, razão pela qual governadores chavistas convocaram, em áudios vazados, os militares a usarem "toda a máquina" do Estado para levar eleitores às urnas.
São frequentes na Venezuela relatos de pressão para que o funcionalismo, estimado em 2,3 milhões de pessoas, vote a favor do governo. Isso ocorreu na semana passada, antes da votação. Uma funcionária pública de 71 anos, que ganha o equivalente a US$ 3 por mês, criticava o governo em um restaurante português do centro de Caracas. Questionada se votaria contra Maduro, disse que não o faria por temor a retaliações. "Estou perto de me aposentar e tenho medo de não conseguir minha pensão se votar contra Maduro."
Outro funcionário público, este de uma empresa da área de pesca, disse nesta terça-feira (22) que as recomendações para que os empregados votassem eram claras. "Ofereceram até transporte para nos levar, mas eu não fui votar", afirmou o homem, que não passa à iniciativa privada por falta de opção. Ele disse que não recebeu ameaças depois da votação."Eu deixei o trabalho em uma estatal porque o controle político era insustentável. Sabiam que eu era opositor e a pressão para votar no governo era escancarada. Os chefes perguntavam diretamente se a apoiaríamos o governo", disse Roberto Lodeiro, de 39 anos, um ex-contador estatal do setor petroquímico que preferiu virar motorista.
De acordo com a sindicalista Marlene Sifontes, pelo menos 880 mil trabalhadores deixaram o setor público desde 2017. Procurado pela reportagem, o governo venezuelano indicou que daria uma resposta às acusações, mas não o fez. O séquito de Maduro compareceu em massa nesta terça à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão que regula a eleição, onde o chavista recebeu das mãos da diretora Tibisay Lucena um certificado de que venceu a disputa eleitoral de Domingo.
Com o documento em mãos, Maduro fez um discurso inflamado em que anunciou a expulsão do diplomata americano mais graduado na Venezuela em retaliação à nova leva de sanções contra o chavismo. Acusando o encarregado de negócios Todd Robinson de estar envolvido em uma "conspiração militar", Maduro deu 48 horas para que ele e Brian Naranjo, outro diplomata americano, saiam da Venezuela. "Nem com conspirações nem com sanções vocês segurarão a Venezuela", disse.
O Departamento de Estado dos EUA rejeitou nesta terça as alegações contra os diplomatas expulsos. Desde 2010, quando Patrick Dudd deixou Caracas, a embaixada americana na Venezuela tem sido chefiada por encarregados de negócios, que ficam incumbidos de conduzir os trabalhos enquanto não é designado um novo embaixador. 
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