Mais de um ano depois do prazo inicialmente previsto, a oferta de recarga de créditos do cartão TRI por meio de cartão de crédito e débito ainda está longe da realidade de quem usa transporte coletivo em Porto Alegre. A medida, defendida pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) como uma forma de facilitar a vida do usuário e diminuir o risco de assaltos nos ônibus da Capital, depende de uma definição por parte da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), encarregada de fornecer o aplicativo necessário para as aquisições.
A criação do mecanismo foi determinada pelo Decreto nº 19.654, assinado em janeiro de 2017 pela prefeitura. Inicialmente, as concessionárias teriam 60 dias para disponibilizar "plataforma eletrônica para aquisição e recarga de créditos de passe antecipado, vale-transporte e passagem escolar, que disponibilize o pagamento em cartões de débito ou crédito". O prazo, porém, estourou há tempos, e as previsões posteriores de entrega também foram ficando para trás. Hoje, tanto a EPTC quanto a ATP evitam falar em prazos para que a tecnologia esteja ao alcance dos porto-alegrenses.
Em resposta por escrito, a ATP afirma que tem buscado no mercado uma operadora de cartão que aceite trabalhar com a taxa de administração prevista no decreto, de meia tarifa a cada aquisição de créditos. "Apesar da dificuldade, atualmente, estamos em tratativa e negociação com uma operadora", diz o texto. "A expectativa da ATP é que o lançamento dessa facilidade ocorra em breve e que, junto a ele, venham outras novidades resultantes do investimento em tecnologia que vem sendo feito pelas empresas de ônibus." Na nota, as concessionárias reforçam os investimentos feitos em melhorias como o sistema de reconhecimento facial e a instalação de câmeras de segurança, que teriam custado às empresas mais de R$ 4,5 milhões até o momento.
Atualmente, é possível recarregar o TRI pela internet, mas o pagamento só pode ser feito via boleto. Após quitar o documento, o usuário pode esperar até quatro dias úteis para que os créditos estejam à disposição. Admitindo que o processo é pouco prático, a EPTC anunciou, no ano passado, estudos para facilitar a compra via web, visando, especialmente, aos estudantes que usam o transporte coletivo. No entanto, a questão não avançou de forma decisiva desde então, e não há previsão para mudanças nessa modalidade de compra. O diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti, não atendeu às ligações da reportagem até o fechamento desta edição.