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Comércio

- Publicada em 17 de Maio de 2018 às 08:12

Recuperação econômica do setor do comércio acontece a passos lentos


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Último elo da cadeia a ilustrar os vaivéns do cenário nacional, o comércio depende de todo o resto para ter desempenho positivo: empregabilidade, inflação baixa, juros adequados, crescimento. Quando a crise assolou a economia brasileira, os diversos setores do comércio foram pegos em cheio. Agora, com a discreta recuperação em alguns índices, os empresários tentam retomar o ritmo - o que, na maioria dos casos, ainda não se concretizou.
Último elo da cadeia a ilustrar os vaivéns do cenário nacional, o comércio depende de todo o resto para ter desempenho positivo: empregabilidade, inflação baixa, juros adequados, crescimento. Quando a crise assolou a economia brasileira, os diversos setores do comércio foram pegos em cheio. Agora, com a discreta recuperação em alguns índices, os empresários tentam retomar o ritmo - o que, na maioria dos casos, ainda não se concretizou.
Uma retomada mais rápida e contundente era a expectativa dos representantes das entidades empresariais. No entanto, de acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) , Luiz Carlos Bohn, a reação está aquém do esperado, devido ao profundo estrago na economia feito pela crise. A boa notícia é que, apesar da demora, os índices positivos ainda devem aparecer. "Calculamos que o PIB irá crescer até 3% no País, 2,8% no Rio Grande do Sul, e a inflação se manterá em até 3,5%. Caso isso se confirme, é um bom sinal. Mas precisamos estar atentos e cobrar a redução real nos juros, que ainda não aconteceu, para incentivar o consumo", sentencia Bohn.
De acordo com o IBGE, o setor fechou 2017 em crescimento de 13,3%, número comemorado, mas que ainda não é o suficiente para recuperar as perdas, que no acumulado de 2015 e 2016 chegaram a somar 21,6%, ainda de acordo com o IBGE. "Mesmo insuficiente para recuperar o que se perdeu, esse crescimento animou os comerciantes de todos os ramos. Muita gente já está sentindo as vendas crescerem em 2018", afirma o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL), Vitor Augusto Koch.
Alguns setores têm demonstrado desempenho animador no primeiro trimestre. O balanço do IBGE mostra que as vendas ampliadas de veículos e materiais de construção, por exemplo, registraram índices positivos nos três primeiros meses, em comparação ao mesmo período de 2017: foram 9% em janeiro; 10% em fevereiro e 10% em março. Os supermercados também apresentaram desempenho animador. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o resultado do primeiro trimestre foi 2,28% maior do que o mesmo período de 2017 - número comemorado pelo setor, que já vinha testemunhando a volta dos compradores às gondolas desde o ano passado. São os brasileiros que já conseguiram recuperar o emprego e sentem-se encorajados a investir em qualidade de vida.
A comemoração, no entanto, vem junto com mais preocupação, segundo Koch. Números nacionais divulgados pelo IBGE demonstram que o volume vendido pelo varejo está 8,5% abaixo do pico registrado em outubro de 2014. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas estão 15,1% inferiores ao ponto máximo alcançado em agosto de 2012. O desempenho fraco da indústria e dos serviços, que ainda amargam índices negativos, causa apreensão. "Mas ainda assim acreditamos na retomada, pois os índices positivos começam a aparecer. O bom desempenho do agronegócio, por exemplo, já refletiu em ganhos para todo o comércio", salienta Koch.
Além da economia acanhada, outros fatores preocupam os representantes do comércio. A crise na segurança pública, sentida especialmente nas cidades maiores, como Porto Alegre, tem gerado custos extra para os empresários, o que rouba a lucratividade do negócio. Os sucessivos aumentos nos combustíveis e a energia elétrica mais cara também sangram as empresas.

Setor do varejo farmacêutico apresenta desempenho acima da média

Em meio a tantas incertezas, há um setor que resiste à crise com fôlego de atleta. Basta olhar em volta, nas ruas das cidades, para perceber que há cada vez mais farmácias - reflexo da demanda por medicamentos e produtos de higiene e bem-estar, que nunca deixa de existir. De acordo com levantamento do IBGE, o setor acumula uma alta de 4,4% ao longo dos últimos 12 meses.
Exemplo disso é a rede gaúcha Panvel, que vem passando ao largo da crise nos últimos anos. Segundo o presidente do grupo Dimed/Panvel, Julio Mottin Neto, foram registradas taxas de crescimento de 16% e 13% em 2016 e 2017, e a expectativa para 2018 é crescer pelo menos 10%. Os pontos de venda são a principal arma do grupo para manter o bom desempenho. "Procuramos desenvolver lojas inteligentes e relevantes para o consumidor, que prestem a ele um serviço de qualidade, com tecnologia e integração. Também cuidamos para não praticar a canibalização, mantendo uma distância de pelos menos 500 metros entre as unidades", revela Mottin. A rede tem hoje 411 pontos de venda no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e está começando a entrar no mercado de São Paulo. "O comércio farma costuma ser o último a sofrer com as crises. Mas trabalhamos proativamente no sentido de ser relevantes para o nosso consumidor, para não depender apenas do cenário econômico". Em 1989, a rede lançou sua marca própria de produtos, que hoje representa 18% do faturamento com higiene e beleza. "Com a nossa marca, que hoje é a preferida de muita gente, fidelizamos os clientes", completa Mottin.