Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Tesouro Nacional

- Publicada em 30 de Maio de 2018 às 16:47

Tesouro registra em abril maior emissão mensal de títulos em três anos

A coordenadora de operações da dívida pública, Márcia Tapajós, destacou nesta quarta-feira (30) que o montante de títulos emitidos em abril foi expressivo. Foram emitidos R$ 92,15 bilhões em papéis. "Esse é o maior volume de emissões desde abril de 2015, para qualquer mês", destacou Márcia. Ainda assim, os resgates alcançaram R$ 99,19 bilhões no mês, resultando em um resgate líquido de R$ 7,04 bilhões em abril.
A coordenadora de operações da dívida pública, Márcia Tapajós, destacou nesta quarta-feira (30) que o montante de títulos emitidos em abril foi expressivo. Foram emitidos R$ 92,15 bilhões em papéis. "Esse é o maior volume de emissões desde abril de 2015, para qualquer mês", destacou Márcia. Ainda assim, os resgates alcançaram R$ 99,19 bilhões no mês, resultando em um resgate líquido de R$ 7,04 bilhões em abril.
Márcia citou que o Tesouro continuou em abril o programa de recompra de títulos externos. "Fizemos isso em março e no mês passado. Aproveitamos a oportunidade com maior volatilidade no mercado para recomprar títulos no mercado externo", completou.
Márcia disse que a estratégia do Tesouro Nacional continua sendo a de emitir mais títulos prefixados que flutuantes, conforme o previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF) deste ano. "Houve incremento nas emissões de títulos indexados à Selic em abril, mas nosso carro-chefe continua sendo os papéis prefixados. Não houve mudança de estratégia", enfatizou.
A parcela de títulos prefixados na dívida pública federal caiu de 35,39% em março para 34,44% em abril. Já os papéis atrelados à Selic também aumentaram a fatia, de 31,29% para 32,03% no mês.
O subsecretário da dívida pública, José Franco Morais, anunciou a continuidade do programa de leilões extraordinários de recompra de Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F), iniciado na última segunda-feira, 28. Os leilões extraordinários serão feitos nos dias 1, 4 e 5 de junho. Os leilões tradicionais de 7 de junho serão cancelados.
"Está havendo um movimento global de reprecificação de ativos que se iniciou com a reversão da política monetária norte-americana e continuou com outras questões geopolíticas, como as recentes notícias sobre a formação do novo governo na Itália", afirmou. "Isso gerou bastante volatilidade que acabou impactando todos os emergentes. O Brasil não está imune a isso", completou.
Ele enfatizou que o Tesouro Nacional tem as ferramentas necessárias para atuar em momentos de volatilidade, e os leilões de recompra de NTN-F é um deles. "Temos um colchão de liquidez de R$ 575 bilhões que nos permite atuar. O Tesouro está usando essa reserva de liquidez", explicou.

Rombo na regra de ouro pode se perpetuar por quatro anos

O Tesouro Nacional projeta rombo na regra de ouro por pelo menos quatro anos consecutivos. Nota divulgada nesta quarta-feira, 30, pelo órgão informa que, em 2018, este rombo deve chegar a R$ 181,9 bilhões. Em meio às dificuldades fiscais do governo, o rombo continuaria nos anos seguintes, atingindo R$ 260,2 bilhões em 2019, R$ 307,3 bilhões em 2020 e R$ 228,4 bilhões em 2021. Não há estimativas para os anos posteriores.
A chamada regra de ouro busca evitar o uso de recursos provenientes de dívidas para o pagamento de despesas correntes do governo. A regra será cumprida se o total das operações de crédito realizadas for igual ou inferior ao das despesas de capital.
 
No ano passado, a regra somente foi cumprida porque o Tesouro recebeu recursos extraordinários que reduziram a necessidade de receitas de operações de crédito. Houve o pagamento, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de R$ 50 bilhões ao Tesouro, referente a empréstimos feitos em anos anteriores.
 
No caso de 2018, conforme o Tesouro, a projeção de rombo de R$ 181,9 bilhões já contempla uma parcela de R$ 30 bilhões devolvida pelo BNDES em abril deste ano, além da utilização de recursos do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Para cumprir a regra de ouro este ano, o Tesouro precisará adotar medidas adicionais. "A principal delas, já acordada, é uma devolução de mais R$ 100 bilhões pelo BNDES ainda este ano", informou o órgão na nota.
Outras medidas previstas são a extinção do Fundo Soberano (R$ 27,0 bilhões) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND, de R$ 16,0 bilhões), o cancelamento de restos a pagar (R$ 20,0 bilhões) e ações para otimizar fontes de recursos e alocação do superávit financeiro de 2017 (R$ 18,9 bilhões). Dessa forma, seria possível zerar o rombo de R$ 181,9 bilhões, o que permitiria cumprir a regra.
 
Para 2019, 2020 e 2021, no entanto, "os desafios para o cumprimento da regra de ouro permanecem", alertou o Tesouro. "Parte desse cenário desafiador pode ser explicado pela própria expectativa de déficits primários nos próximos anos. Uma previsão de resultado primário negativo afeta a previsão de emissão de dívida para a cobertura desse déficit", acrescentou o órgão.
 
Ao avaliar o cenário para os próximos exercícios, o Tesouro defendeu que "é necessária uma série de medidas que reduzam a rigidez orçamentária e otimizem a utilização das fontes de recursos, aliadas a uma reestruturação fiscal que reduza despesas correntes e/ou aumente receitas". "Assim, seria possível reduzir a necessidade de utilização de receitas de operação de crédito acima do montante das despesas de capital", acrescentou o Tesouro.
O órgão lembrou, por outro lado, que o espaço para redução imediata de despesas correntes é reduzido hoje, em função da atual rigidez orçamentária. "92% das despesas são de natureza obrigatória e, de outro lado, o aumento de receitas teria o custo de uma carga tributária maior", pontuou o Tesouro.
 
"Outro aspecto a ser considerado, conforme disposto no próprio texto constitucional, é que o governo pode solicitar, em caso de necessidade, a abertura de créditos suplementares ou especiais, com finalidade precisa, para utilizar receitas de operações de crédito que ultrapassem o montante das despesas de capital em determinadas rubricas. Esses créditos, no entanto, devem ser aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta", registrou o Tesouro na nota.
 
Para o órgão, a regra de ouro tem hoje um aspecto meramente punitivo, que implica crime de responsabilidade, "e não indica medidas que direcionem o ajuste fiscal necessário, aspecto que pode ter repercussões adversas sobre o sistema econômico, a exemplo de impactos negativos sobre o crescimento econômico, que podem tornar ainda mais difícil o ajuste para restabelecer o cumprimento da norma". Para o Tesouro, aperfeiçoamentos "poderiam permitir ajustes que levariam ao cumprimento da regra nos próximos anos".