O Gabinete de Crise, formado pelo governo do Estado, contabilizou 181 acompanhamentos de escoltas de caminhões desde domingo até a tarde de ontem. Porto Alegre e Região Metropolitana concentram as principais operações para comboios de transportes, sobretudo para combustível, ração animal e alimentos perecíveis.
Até o começo da noite de segunda-feira, já estavam funcionando 72 postos com combustível em Porto Alegre; 14, na Região Metropolitana; e 88, no Interior. Os números atualizados foram apresentados no Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI) pelo vice-governador José Paulo Cairoli. Segundo o governo, piquetes montados em Canoas (onde fica instalada a maioria das distribuidoras de combustíveis do Rio Grande do Sul, ao lado da Refinaria Alberto Pasqualini - Refap) não interferem nas operações de escoltas. "É hora de manter a tranquilidade, e que ninguém seja impedido de fazer as ações de interesse de todos", ressalta o governador José Ivo Sartori.
Ontem, novamente, foi possível observar enormes filas para abastecer em postos que tinham combustíveis em Porto Alegre. O presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal'Aqua, ressalta que os abastecimentos que estão sendo feitos ainda são pontuais, com prioridade para atender a frotas de veículos ligadas a áreas essenciais, como segurança e saúde. O excedente após o abastecimento dos carros com prioridade é o combustível comercializado para os consumidores em geral.
O presidente do Sulpetro afirma que os caminhoneiros ainda estão sendo constrangidos pelos grevistas a não participarem dos carregamentos. O dirigente comenta que muitas pessoas ficam ao redor das bases das distribuidoras pressionando esses profissionais a não dirigirem os veículos. Para atenuar a situação, o governo do Estado disponibilizou alguns motoristas para fazer o transporte dos combustíveis das distribuidoras até os postos.
Dal'Aqua reforça que os postos não têm como suportar os prejuízos por muito mais tempo. Em média, o dirigente diz que o impacto é de cerca de R$ 5 mil por estabelecimento ao dia, e são cerca de 2,8 mil revendedores no Estado. Em Porto Alegre, são 280 postos, e a intenção do Gabinete de Crise, conforme o presidente do Sulpetro, era atender, ontem, a pelo menos 50 estabelecimentos no município com algum tipo de carga. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura da Capital, no final da tarde de ontem, cerca de 30 postos da cidade tinham recebido combustíveis em seus tanques, e a perspectiva era de que esses estabelecimentos iniciassem, hoje pela amanhã, o abastecimento de veículos.
O presidente do Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Rio Grande do Sul (Sindisul), Roberto Tonietto, confirma que, apesar de ter aumentado o número de escoltas feitas, ainda está muito complicado para os caminhões saírem das bases das distribuidoras. "Temos produtos nas bases, mas o problema é o deslocamento até os postos", detalha.
Para Tonietto, a Brigada Militar está fazendo o possível, mas não tem como normalizar o abastecimento dessa forma. Sobre os reflexos da greve dos petroleiros - programada para começar amanhã e ter duração de 72 horas, que abrangerá a Refap -, o presidente do Sindisul adianta que os desdobramentos na cadeia dos combustíveis dependerá da intensidade da paralisação. Se for interrompido o bombeio da refinaria para as distribuidoras, o estoque dessas companhias é suficiente para aguentar por 48 horas. Nesse caso, mesmo se a greve dos caminhoneiros terminar, é possível haver novamente falta de combustível.