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Empresas & Negócios

- Publicada em 21 de Maio de 2018 às 08:54

Fake news sem freio

Inverdades têm 70% de chance de serem republicadas do que as verdades

Inverdades têm 70% de chance de serem republicadas do que as verdades


FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Patricia Knebel
Não interessa se é verdade ou mentira; se corroborar com algum argumento que a pessoa defende, é passível de ser disseminado pelas redes sociais. Está aí o raciocínio padrão de indivíduos e empresas que ajudaram a tornar as fake news um problema mundial. Hoje, as notícias falsas já viajam com mais rapidez pelo mundo da internet do que as verdadeiras. Mais precisamente, as inverdades têm 70% mais chances de serem republicadas do que as verdades, revela um estudo recente realizado por três pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, com base na análise do Twitter.
Não interessa se é verdade ou mentira; se corroborar com algum argumento que a pessoa defende, é passível de ser disseminado pelas redes sociais. Está aí o raciocínio padrão de indivíduos e empresas que ajudaram a tornar as fake news um problema mundial. Hoje, as notícias falsas já viajam com mais rapidez pelo mundo da internet do que as verdadeiras. Mais precisamente, as inverdades têm 70% mais chances de serem republicadas do que as verdades, revela um estudo recente realizado por três pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, com base na análise do Twitter.
"As falsas informações se espalham significativamente mais rapidamente, profundamente e amplamente do que a verdade em todas as categorias de informação", apontam os pesquisadores Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral. Segundo eles, embora o estudo tenha sido feito no Twitter, as descobertas não são específicas dessa rede social e, portanto, podem se aplicar a outras plataformas de comunicação baseadas na internet, nas quais os usuários podem compartilhar notícias com outras pessoas, como o Facebook.
Dados do Gartner corroboram para esse cenário. De acordo com o instituto de pesquisa e consultoria em tecnologia, até 2022, a maioria das pessoas em economias maduras consumirá mais informações falsas do que verdadeiras. Mais do que isso, a perspectiva é que a criação dessa realidade falsa vai superar a capacidade da tecnologia de detectá-la, fomentando a desconfiança digital. Cada vez mais, vídeos, documentos ou sons surgem como representações convincentemente realistas de coisas que nunca ocorreram ou não existiram exatamente como são divulgados.
E são os humanos, e não os robôs (bots), os principais responsáveis pela fabricação de mentiras, distorções, exageros ou omissão de elementos que seriam importantes para o entendimento de determinado contexto. Notícias com essas características, ao entrarem em contato com as redes sociais, tomam proporções assustadoras. "A grande questão é que as pessoas não buscam saber se algo é verdadeiro ou falso. O compartilhamento desses conteúdos pode ser feito por mero descuido, mas, mesmo assim, tem potencial de causar grandes impactos", analisa André Gradvohl, professor da Faculdade de Tecnologia e Computação da Unicamp e membro do IEEE, maior organização mundial técnico-profissional dedicada a avanços tecnológicos para benefício da humanidade.
Desde 2016, devido ao resultado das eleições nos Estados Unidos (veículos de mídia internacionais revelaram que a escalada de Donald Trump rumo à presidência recebeu o reforço de grupos que faziam circular informações falsas para defender o candidato), a preocupação com esse tema aumentou. Mas isso não é algo recente. "A disseminação proposital de inverdades e de desinformação, apesar de ter adquirido muita velocidade na internet, não é um fenômeno novo", analisa Sergio Amadeu, um dos representantes da comunidade científica e tecnológica no Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
A própria grande mídia, comenta ele, já cometeu e disseminou notícias inverídicas. A mais conhecida no Brasil é o caso da Escola Base, em 1994, em que os donos de um colégio de classe média alta de São Paulo e algumas outras pessoas foram acusados de abusar sexualmente de crianças. Todos foram massacrados pela mídia e, tempos depois, descobriu-se que eram inocentes. O mesmo já aconteceu no mundo. "Um caso internacional de fake news muito conhecido foi o argumento falso que se criou para motivar a invasão do Iraque, que era busca de armas químicas. Depois se confirmou que, de fato, foi uma decisão motivada pela Agência de Inteligência Norte-Americana", cita.
Mas o que explica essa ânsia pelo compartilhamento das fake news? Para os pesquisadores do MIT, isso acontece porque as notícias falsas, geralmente, são mais interessantes do que as verdadeiras. Elas possuem um tom de algo recente e, portanto, são mais propensas a ser compartilhadas. Sem falar na sensação que a pessoa que está disseminando tem de que ela é, pelo menos naquele momento, uma fonte para os outros de algum determinado assunto.
O professor do curso de Filosofia da Escola de Humanidades da Pucrs Agemir Bavaresco comenta que as opiniões expressas a partir dos desejos, afetos e razões são uma expressão das contradições que perpassam toda a sociedade. Elas revelam tanto os ideais de justiça e comportamento ético, como os que disseminam as falsas ideias e que são dominados pelas contingências da sociedade. "É uma tendência as pessoas defenderem seus interesses imediatos. Sempre convivemos com teorias verdadeiras e falsas, mas o mais grave agora é que essas opiniões falsas são produzidas sistematicamente por meios digitais para expressar opiniões e grupos de interesses", analisa.
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