É inegável o apoio da população gaúcha à instituição Corpo de Bombeiros, por seu histórico e sua relevância. Mas uma pergunta se impõe: a quem interessa a remoção da estrutura dos Bombeiros para o Centro Estadual de Treinamento Esportivo, o Cete? Certamente, não à população local, que utiliza o complexo como área de lazer, esporte e convívio. O projeto prevê seis prédios do Corpo de Bombeiros no estacionamento do Cete. Com as edificações, não haverá mais vagas aos frequentadores.

O atual portão de acesso dos usuários passará a ser controlado pelos Bombeiros - o público em geral terá de usar uma entrada lateral, atualmente desativada, na Saldanha Marinho. Além de ocupar boa parte da estrutura do complexo, parece inviável conciliar as atividades dos Bombeiros em uma área de lazer e convívio social. Como coordenador da Frente Parlamentar de Fiscalização da Alienação dos Bens Públicos, apoiamos a Associação de Moradores e Amigos do Menino Deus, que é contra o projeto.

Vamos promover, por meio da Assembleia, audiência pública para que os moradores possam discutir o tema. O patrimônio público é da população. O governo Sartori tentou leiloar a atual área dos Bombeiros. Quem ganha com isso? O Estado possui muitos imóveis, grande parte deles sem função. Querem instalar os Bombeiros em uma área útil e que é utilizada pela população. O objetivo da frente é fiscalizar, publicizar e garantir a utilização dos imóveis do RS, como terrenos, prédios e benfeitorias - de acordo com o interesse público. Há 55 anos, o Cete é um dos espaços mais tradicionais a práticas esportivas de Porto Alegre. A campeã mundial Daiane dos Santos fez aulas de ginástica artística no local. A estrutura também é usufruída por alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Mané Garrincha, na mesma área. Pelos seus ginásios e espaços passam diariamente milhares de pessoas. A instalação dos Bombeiros representa riscos de impacto urbano para o entorno do local e impacto social, com possíveis prejuízos à comunidade. O Cete é da população.