A crise da Stemac, que fabrica geradores elétricos e entrou esta semana com pedido de recuperação judicial devido a uma dívida de R$ 700 milhões, teve dois novos prolongamentos nessa quinta-feira. A Justiça do Trabalho em Porto Alegre bloqueou R$ 2,2 milhões de contas bancárias da empresa para pagamento de débitos trabalhistas. Em Goiás, o juiz da 3ª Vara Cível de Itumbiara, José de Bessa Carvalho Filho, que recebeu o pedido de recuperação, decidiu enviar o processo para a comarca da capital gaúcha.
A decisão sobre a recuperação foi tomada por Carvalho Filho, um dia após a Stemac, que tem origem no Rio Grande do Sul, protocolar o pleito no município goiano. No despacho, o magistrado acolheu o entendimento protocolado pelo escritório porto-alegrense Woida, Magnago, Skrebsky, Colla & Advogados Associados, que representa o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre (Stimepa). Em petição ao juiz, as advogadas Juliane Durão e Fernanda Livi argumentaram que, ao ser efetivado em Goiás, o processo poderia inviabilizar o acesso aos credores. A Stemac pode recorrer da decisão que, para ser oficializada, ainda precisa ser publicada no Diário Oficial de Goiás.
A ação na área do Trabalho foi movida pelo Sindicato dos Metalúrgicos na quarta-feira. O valor bloqueado é referente a uma dívida com 260 trabalhadores que foram demitidos em 2016 e ainda não receberam a totalidade dos valores das rescisões. De acordo com o diretor do Stimepa, Alfredo Gonçalves, os metalúrgicos aceitaram a proposta inicial da quitação em oito parcelas, mas, ao longo do ano passado, a empresa teria parado de realizar os pagamentos. "Há pouco tempo, houve outra audiência na Justiça do Trabalho na qual a empresa se comprometeu a cumprir o acordo, mas ainda não honrou seus compromissos", aponta Gonçalves.
Segundo o diretor, os mais de 400 trabalhadores ainda ligados à Stemac no Estado têm enfrentado dificuldades para receber os salários, que estão sendo pagos em parcelas semanais. "A empresa passou a atrasar salários e a não depositar o FGTS desde setembro de 2017", afirma o dirigente sindical. Procurada, a Stemac disse, em nota, que ficou surpresa com o bloqueio nas contas e afirmou que deve recorrer.
"Estão sendo adotadas pela empresa todas as medidas judicias cabíveis no caso", afirmou a diretoria. "A partir do status de recuperação judicial, todos os pagamentos deverão obedecer a uma ordem do juízo da recuperação judicial", completa a Stemac. A empresa reconhece as pendências trabalhistas, mas diz que o valor devido ainda não foi quitado em razão das dificuldades financeiras da companhia, as mesmas que levaram ao pedido de recuperação judicial. Sobre a transferência da tramitação da recuperação judicial de Goiás para o Rio Grande do Sul, a empresa não havia se manifestado até o fechamento desta matéria.