A agência que regula as telecomunicações na Rússia, a Roskomnadzor, divulgou nesta sexta-feira (6) que apresentou um pedido na justiça de Moscou solicitando o bloqueio do serviço de mensagens instantâneas Telegram, por sua recusa em oferecer suas chaves de criptografia.
A Roskomnadzor emitiu um aviso para o Telegram no dia 20 de março, ameaçando bloquear o serviço de mensagens em um prazo de 15 dias, se não fossem entregues as chaves que permitiriam o acesso aos dados dos usuários do sistema.
O advogado da Telegram, Pavel Chikov, disse que a defesa está se organizando para apresentar sua defesa em juízo.
O Kremlin considera o Telegram como um serviço útil e o utiliza inclusive para comunicações com jornalistas, disse em uma coletiva de imprensa o porta-voz da presidência, Dmitry Peskov. "Mas a lei é a lei. Se não for respeitada, buscaremos uma alternativa que satisfaça melhor nossas necessidades", disse Peskov.
A disputa entre Telegram e o governo cresceu depois que o Serviço Federal de Segurança russo emitiu uma ordem em 2016 demandando a todos os provedores de internet que entregassem as chaves usadas para cifrar a comunicação entre seus usuários, com o objetivo de combater o terrorismo.
Em junho de 2017, a Roskomnadzor ameaçou bloquear o Telegram, que está registrado no Reino Unido, caso se se recusasse a se registrar na Rússia, seguindo a legislação do país. O Telegram aceitou fazer o registro, mas se recusou a oferecer os códigos de criptografia, porque revelariam os dados privados dos usuários.
Em outubro do ano passado, um tribunal de Moscou multou a empresa em 800 mil rublos (cerca de US$ 13,8 mil). O Telegram apelou para instâncias superiores na justiça, mas perdeu a causa.
Fundada pelo empresário russo Pavel Durov, mas sediada na Alemanha, o Telegram conta com cerca de 200 milhões de usuários ao redor do mundo.