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Infraestrutura

- Publicada em 02 de Abril de 2018 às 22:08

Leilão de energia não anima empreendedores

Em todo o País, foram cadastrados 1.672 projetos, somando 48.713 MW de capacidade instalada

Em todo o País, foram cadastrados 1.672 projetos, somando 48.713 MW de capacidade instalada


/YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
Normalmente, os leilões de energia promovidos pelo governo federal criam enormes expectativas entre os empreendedores do setor elétrico. No entanto o certame A-4 (quatro anos para a entrega da geração), marcado para amanhã, não está animando os investidores, devido à tendência de que o volume de energia a ser contratado não seja expressivo, especialmente no caso de projetos eólicos gaúchos.
Normalmente, os leilões de energia promovidos pelo governo federal criam enormes expectativas entre os empreendedores do setor elétrico. No entanto o certame A-4 (quatro anos para a entrega da geração), marcado para amanhã, não está animando os investidores, devido à tendência de que o volume de energia a ser contratado não seja expressivo, especialmente no caso de projetos eólicos gaúchos.
No total do País, foram cadastrados 1.672 projetos para participar do evento, somando 48.713 MW de capacidade instalada (suficiente para atender a mais de 10 estados como o Rio Grande do Sul). No caso de complexos a serem desenvolvidos no território gaúcho, foram inscritos no leilão 102 empreendimentos eólicos (2.789 MW), uma hidrelétrica (35 MW), 10 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs - 103 MW) e uma Central Geradora Hidráulica (CGH - 5 MW). Apesar do número elevado de cadastrados, o presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Ricardo Pigatto, adianta que a perspectiva é de que este leilão contrate uma demanda pequena, de 500 MW a 600 MW.
O empresário acrescenta que dificilmente algum parque eólico gaúcho sairá vencedor desse certame. Entretanto, para as PCHs, Pigatto espera que pelo menos 10% da demanda contratada de energia no leilão seja proveniente dessa fonte e enfatiza que os projetos no Estado nessa área são muito competitivos. Os novos empreendimentos eólicos no Rio Grande do Sul ainda estão sendo impactados pelo atraso de uma série de obras a serem feitas no sistema de transmissão. Mas as PCHs não são tão afetadas pela questão por representarem um volume menor de energia e estarem localizadas mais próximas aos centros de carga. As obras no segmento de transmissão que estão defasadas estavam sob o guarda-chuva da Eletrosul e, recentemente, passaram para a responsabilidade da chinesa Shanghai Electric, que ainda conta com a participação minoritária da estatal brasileira na iniciativa.
O presidente do Sindicato das Empresas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Guilherme Sari, diz que se aguarda a formalização do novo cronograma das obras de transmissão. O dirigente admite que a participação dos complexos eólicos no leilão A-4 está comprometida devido a essa situação. Se todos os 2.789 MW eólicos a serem instalados no Estado e inscritos no certame saíssem do papel, significariam um aporte de R$ 17 bilhões.
A secretária estadual de Minas e Energia, Susana Kakuta, detalha que os chineses precisam constituir uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para conduzir as obras necessárias na rede de transmissão de energia e afirma que a questão está bem avançada. "A Shanghai Electric é uma companhia muito consistente, que imaginamos levará tudo a cabo", frisa. Sobre o leilão de amanhã, a secretária também acredita que o certame não deverá apresentar muita movimentação.

Inscrições provam viabilidade de projetos eólicos

Conforme o presidente do Sindieólica-RS, Guilherme Sari, muitos projetos gaúchos cadastraram-se para a disputa de amanhã como uma forma de estar "na vitrine", mostrando ao mercado e ao governo federal que podem participar de uma disputa dessa natureza. O dirigente não descarta a possibilidade de que um ou outro projeto melhor localizado quanto aos pontos de conexão para a transmissão de energia possa ter um bom resultado. Contudo Sari reforça que esses eventuais sucessos seriam exceções.
Além da questão da transmissão, os projetos gaúchos, se quiserem sair vencedores, precisarão superar a forte concorrência dos empreendimentos desenvolvidos no Nordeste. Sari e o presidente da Abragel, Ricardo Pigatto, defendem a possibilidade da realização de leilões de energia regionais como uma forma de viabilizar mais iniciativas no Rio Grande do Sul. Os dois também estão mais entusiasmados com o leilão A-6 (seis anos para fornecer a energia), que deverá ocorrer até agosto. O mandatário do Sindieólica-RS destaca que as restrições devido aos limites do setor de transmissão não deverão ser um empecilho nesse certame, que tem prazos mais dilatados para entregar a eletricidade. Já o presidente da Abragel espera que sejam contratados de 3 mil a 4 mil MW nesse próximo evento. O governo federal prevê ainda para o quarto trimestre a realização de dois leilões de energia existente (A-1 e A-2), com entrega para 2019 e 2020, respectivamente.