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Empresas & Negócios

- Publicada em 30 de Abril de 2018 às 14:14

Hotel Urbano quer cruzar fronteiras

'Buscamos inspirar pessoas a colocar a viagem como sonho de consumo prioritário', diz Mendes

'Buscamos inspirar pessoas a colocar a viagem como sonho de consumo prioritário', diz Mendes


HOTEL URBANO/DIVULGAÇÃO/JC
Patricia Knebel
Foram exatos 296 dias que João Ricardo Mendes, fundador e CEO do Hotel Urbano, ficou afastado da empresa que criou em janeiro de 2011, junto com o seu irmão, José Eduardo. A saída ocorreu em função de uma relação para lá de conturbada que acabou se estabelecendo com o fundo de investimento Insight Venture Partners. Com o tempo, e com os aportes internacionais realizados, o fundo de Nova Iorque (EUA) se utilizou de uma cláusula que permitiu comprar as ações dos irmãos e assumir a operação - sem que eles concordassem com isso. Restou a eles o conselho de acionistas e, enfim, a saída da empresa em novembro de 2015. Foram meses de luta e, em 2016, Mendes recebeu a notícia que há tempos esperava: o fundo de investimento norte-americano aceitou vender a sua parte no negócio, embora ainda tenha o direito a receber uma quantia caso o HU seja vendido. Era o sinal verde para a retomada, aliás, em alto estilo.
Foram exatos 296 dias que João Ricardo Mendes, fundador e CEO do Hotel Urbano, ficou afastado da empresa que criou em janeiro de 2011, junto com o seu irmão, José Eduardo. A saída ocorreu em função de uma relação para lá de conturbada que acabou se estabelecendo com o fundo de investimento Insight Venture Partners. Com o tempo, e com os aportes internacionais realizados, o fundo de Nova Iorque (EUA) se utilizou de uma cláusula que permitiu comprar as ações dos irmãos e assumir a operação - sem que eles concordassem com isso. Restou a eles o conselho de acionistas e, enfim, a saída da empresa em novembro de 2015. Foram meses de luta e, em 2016, Mendes recebeu a notícia que há tempos esperava: o fundo de investimento norte-americano aceitou vender a sua parte no negócio, embora ainda tenha o direito a receber uma quantia caso o HU seja vendido. Era o sinal verde para a retomada, aliás, em alto estilo.
"Registramos o melhor resultado da nossa história em 2017, com crescimento de 70% frente ao ano anterior. Superamos o faturamento de 2016 em menos de oito meses e apuramos lucro, algo extremamente raro entre as empresas pontocom brasileiras", comemora o CEO. É um novo início para uma história que começou há alguns bons anos, quando João Ricardo Mendes decidiu largar a faculdade de Direito para empreender na então nascente internet brasileira. Com foco em oferecer a melhor experiência não apenas de compra on-line, mas de viagem aos clientes, criou o HU. Hoje, a empresa está estabilizada, apesar de ainda manter o DNA de uma startup. O ritmo de trabalho também está menos acelerado. "Hoje, trabalho um pouco menos do que no passado, mas, mesmo com as coisas andando bem e o estresse menor, desligar ainda é um problema. Minha cabeça simplesmente não para. Estou aprendendo a meditar, às vezes pratico pesca submarina e também ando de skate", comenta.
Empresas & Negócios - Como foi a retomada no dia a dia do Hotel Urbano?
João Ricardo Mendes - Quando reassumimos a operação do HU, no último trimestre de 2016, escutamos, de muitas pessoas, que turismo on-line na América Latina não era um modelo sustentável, que todas as empresas perdiam dinheiro. A melhor resposta é entregar resultado. Apesar do cenário macroeconômico desafiador, registramos o melhor ano da nossa história em 2017, com crescimento de 70% frente ao ano anterior. Isso não veio por acaso. Desde a nossa volta, tivemos um foco muito forte em pessoas - acredito que mais de 50% do tempo de todo o time de management é treinando e motivando pessoas. Criamos uma equipe que entrega e trabalha feliz. Hoje, fica claro que não é o resultado que traz felicidade, mas a felicidade que traz resultado.
Empresas & Negócios - É o melhor momento?
Mendes - Um dos nossos principais objetivos desde a nossa volta era tornar a operação economicamente sustentável enquanto cresce, um negócio escalável. Nos últimos 18 meses, chegamos à rentabilidade pelo caminho do crescimento, ao invés do encolhimento, pela execução e, principalmente, pelo foco total em pessoas. Nossa eficiência é exponencialmente maior do que em qualquer momento da história da empresa. Não sei se o certo é falar melhor momento, pois vivemos ótimos momentos durante as fases que passamos. No início, foi a loucura de uma startup que crescia três dígitos ao mês, muita correria, energético e noites sem dormir. Estamos em uma fase mais estabilizada, ainda temos o DNA de uma startup, mas em uma rotina mais estruturada, com foco no crescimento sustentável. A que eu atribuo isso? Muitas coisas, mas, principalmente, a erros. Erramos "pra caramba" e vamos errar cada vez mais. Costumo dizer que nossos erros serão sempre do tamanho de nosso crescimento. No HU, não penalizamos o erro. Se fizéssemos isso, iriamos criar uma cultura de medo de tentar, de inovar, que é o oposto do que queremos aqui.
Empresas & Negócios - O que esperar do cenário de negócios para este ano no Brasil?
Mendes - Empresas de tecnologia tendem a crescer independentemente de crises macroeconômicas e do setor. Não medimos o cenário macro do Brasil para definir meta, por exemplo. Se a economia do Brasil ajudar, melhor; caso contrário, nada muda. Temos 380 mil hotéis no HU, dos quais 7 mil no Brasil. Só no Brasil, existem mais de 45 mil opções de hospedagem. Temos muito orgulho do impacto econômico e social que geramos em diversas cidades e destinos pelo Brasil. Temos muito espaço para crescer aqui. Mas, falando na pessoa física, como brasileiro, aí, sim, esse cenário me preocupa. Não sei ainda em quem vou votar, mas sei que estou fugindo dos radicais. O Brasil não precisa de discursos agressivos. Tem que eleger alguém com a cabeça boa, que sabe montar equipe e que venha com um espírito de construir, e não ficar falando do que deu errado.
Empresas & Negócios - Como estão os planos do HU para o mercado internacional?
Mendes - Temos alguns drivers fortes para nosso crescimento de médio e longo prazos, e um deles é a internacionalização de nossa operação, que já está sendo preparada. Hoje, o HU vende para 140 milhões de pessoas, mas podemos vender para 5 bilhões. Até pouco tempo atrás, nossa margem de contribuição por venda era negativa, ou seja, se expandíssemos a operação para outros países, nosso prejuízo também aumentava. Agora, não. Passamos sete anos montando uma máquina que processa táticas de maneira eficiente, que gera resultado. Agora, é calibrar sempre mais e testar novos mercados como uma nova hipótese a ser validada, como tratamos qualquer teste aqui.
Empresas & Negócios - Como o HU tem procurado se diferenciar, já que, a cada dia, aparecem novos players explorando esse segmento?
Mendes - O principal diferencial é sermos uma empresa de pessoas que usa tecnologia. Mesmo com todo o foco em inovação, temos um atendimento personalizado. Podemos vender 100 milhões de diárias por mês, mas vamos sempre tratar o cliente como uma pessoa, não um número. Acreditamos que a vida de quem viaja é mais rica em todos os sentidos. Por isso, buscamos inspirar cada vez mais pessoas a colocar a viagem como um sonho de consumo prioritário.
Empresas & Negócios - Como a internet pode melhorar a experiência de viagem das pessoas?
Mendes - Qualquer pessoa de qualquer lugar com acesso à internet pode, hoje, planejar e comprar sua viagem de forma prática, econômica e segura. Não temos dúvida que um dos papéis principais do HU está no poder transformador do turismo na vida das pessoas. Seja democratizando o turismo e permitindo que um número cada vez maior de pessoas faça a sua primeira viagem de avião, a sua primeira viagem internacional, ou simplesmente aproveitando melhor seu tempo livre, melhorando sua qualidade de vida. Somos líder no mercado on-line de hospedagem no Brasil, mas, apesar de tudo que já construímos, temos plena consciência de que estamos apenas arranhando a superfície de um mercado imenso. Um dos nossos focos nessa questão tecnológica é tornar toda a experiência de reservar e viajar mais simples e fácil. Inovamos simplificando, enquanto outras empresas inovam complicando. Para mim, tecnologia é fazer mais com menos.
Empresas & Negócios - Quais são as tecnologias emergentes que a empresa está olhando com mais atenção para apoiar os negócios?
Mendes - Muitas empresas falam de smartphone como algo novo, mas pensar o mobile já é uma realidade há muito tempo para o nosso time de tecnologia. Estamos dando uma atenção especial para Semântica. Evoluindo nesse campo, conseguiremos ser mais eficientes em atendimento ao cliente, sortimento de produtos e busca. Hoje, as pessoas buscam por "hotel em Porto Seguro", mas acredito que, em um futuro próximo, buscarão por "hotel em Porto Seguro ou perto que aceite cachorro e tenha uma boa pizza de calabresa". Digitando ou falando algumas palavras a mais, você tem um resultado muito mais assertivo e poupa seu tempo - que é, hoje, o ativo mais valioso de todos.
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